Em entrevista à Rádio Renascença, Joaquim Evangelista, presidente do Sindicato de Jogadores Profissionais de Futebol, afirmou que não descarta a possibilidade de os atletas avançarem para uma greve geral se os ataques pessoais aos jogadores não acabarem. No entanto, Joaquim Evangelista disse ao JPN que “o Sindicato e os jogadores não ponderam para já essa medida”.

Fábio Pacheco (cometeu um erro na goleada sofrida pelos insulares na Luz) e, mais recentemente, Tiago Silva (expulso diante do Benfica) e Vágner (guarda-redes do Boavista, envolvido diretamente no segundo golo do FC Porto, no dérbi da Invicta) são os nomes que vêm à baila quando se fala na instabilidade que se vive no futebol em Portugal recentemente.

Apesar disso, Joaquim Evangelista crê que os “jogadores têm demonstrado que são uma classe responsável” e os “ataques que têm sido feitos aos atletas são inadmissíveis e põem em causa o seu profissionalismo e caráter”.

O presidente do Sindicato criticou os dirigentes desportivos que trazem este tipo de casos para público: ” [É preferível] que o façam internamente, instaurem processos disciplinares aos jogadores e eles podem defender-se. É necessário ter em conta o clima que se vive no futebol português que não é da responsabilidade dos jogadores e para o qual eles não querem ser arrastados”.

“Não há ninguém inocente. A maior responsabilidade é dos dirigentes, temos dado um mau exemplo”

Na opinião de Evangelista, a solução para a paz no futebol português passa por um “entendimento entre Governo, Federação, Liga e clubes que devem estabelecer um compromisso para que os jogadores sejam protegidos. No final de contas, são os atletas os geradores de riqueza e o atrativo principal do desporto”.

Se há a possibilidade de haver uma greve geral é porque os dirigentes não estão a ter o papel correto, na opinião do presidente do Sindicato. Evangelista culpa os dirigentes, os clubes, a Liga, a Federação e o Governo pelo “clima de suspeição, guerrilha e violência que se vive”, mas também a “comunicação social que dá eco”.

“Não há ninguém inocente. A maior responsabilidade é dos dirigentes, temos dado um mau exemplo”, atirou o presidente do Sindicato que acredita que este problema também se vive noutros campeonatos.

Evangelista reiterou que duvida que algo possa ser feito ainda este ano: “Não adianta uma greve agora. O clima não vai melhorar ate ao fim da época numa altura de decisão do campeão e das equipas que descem”.

“Vive-se um clima muito negativo, perverso, indesejável e que não beneficia ninguém”

Para o dirigente desportivo, “os jogadores e o Sindicato estão a fazer o seu papel corretamente”. O Sindicato ajuda os atletas com “a promoção da educação integrada, com a aposta na educação financeira, com o incentivo à conclusão do 12º ano, com programas saúde mental, etc…”

Apesar do “clima muito negativo, perverso, indesejável e que não beneficia ninguém”, Joaquim Evangelista acredita que o futuro pode ser mais risonho se “os jogadores forem respeitados e se derem ao respeito” e se “os diferentes agentes responsáveis atacarem os problemas com tempo e em diálogo”.

De momento, a situação “ultrapassou as questões de natureza pessoal” e o dever do presidente do Sindicato é “proteger a classe que representa”, frisou.

Em jeito de conclusão, Evangelista referiu que o “futuro do futebol português passa pelo compromisso de todos” e que “não há ninguém melhor que ninguém, o conjunto dos dirigentes é que constrói o futebol”.

Artigo editado por Sara Beatriz Monteiro