Os edifícios devolutos do Porto têm agora a oportunidade de ganhar uma nova vida. Ao longo do mês de março um grupo de arquitetos encheu a fachada de edifícios devolutos da cidade com autocolantes para que os portuenses os pudessem preencher com ideias e desejos para esses edifícios.

A iniciativa foi criada pelo coletivo Oitoo, um grupo de jovens que se juntaram com o objetivo de “dar voz e convidar os residentes a expressar as suas ideias sobre como melhorar o seu bairro, desafiando as barreiras à participação pública”, contou Maria Pais de Sousa, uma das arquitetas, ao JPN.

Mas a ideia não é nova. Os arquitetos inspiraram-se na artista Candy Chang que, em 2010, preencheu a cidade de Nova Orleães com o projeto participativo de arte pública “I wish this was…”. No Porto, durante um ano e meio, André Bateira, Laura Lupini, João Machado, Diogo Morais, Maria Pais de Sousa e Nuno Rodrigues mapearam vários espaços desocupados da cidade.

“Eu queria que isto fosse…” é o que está escrito nas centenas de autocolantes que coloriram, de uma forma diferente, as fachadas dos edifícios e são muitas as ideias que se leem naquele que é um projeto para “provocar novas visões sobre o uso futuro de espaços vazios da cidade”, afirma Maria Pais de Sousa.

Um “centro cultural”, um “lar social”, um “parque infantil” ou até mesmo um “posto da polícia” são algumas das expectativas dos portuenses. Mas “espaço verde” e “jardim” são as palavras que se destacam entre as vontades da população.

Locais esquecidos, subaproveitados, paredes que se transformam numa extensa lista de desejos, onde se lê a “voz” dos habitantes sobre aquilo que está em falta na cidade.

Este ciclo de intervenções foi composto por quatro ações que decorreram em locais distintos da cidade do Porto – Rua dos Bragas, Rua de Cedofeita, Rua da Constituição e Rua Álvaro de Castelões.

Ao JPN, Maria Pais de Sousa revelou que o grupo pretende passar a ideia e torná-la viral, para que seja possível seguir com a prática de forma “espontânea e casual”.