Para Marcos Teixeira “estamos longe do que é a Universidade do Porto ideal”. O representante dos estudantes da UP, no discurso apresentado na Sessão Solene dos 107 anos da instituição, comemorados esta quinta-feira, salientou alguns problemas das infraestruturas da universidade.

O jovem relatou “queixas recorrentes” dos alunos relativamente a “chuva nos corredores” e “nas salas de aula”. E acrescentou: “Não podemos aceitar que a segurança dos que todos os dias, como eu, aprendem, esteja comprometida”.

Sebastião Feyo de Azevedo, reitor da Universidade do Porto, concordou com a urgência em acabar com estas situações apontadas por Marcos Teixeira. No discurso de encerramento, o reitor dirigiu-se ao estudante nas palavras: “Nós estamos a fazer um conjunto de investimentos para resolver um conjunto de problemas que você mencionou, e bem”.

“A disparidade entre as IES não se resolve com cortes de vagas nas instituições com maior procura para que se aumente a procura nas instituições menos atrativas”

O estudante da UP salientou ainda a idade avançada do corpo docente que não coincide com “uma universidade que se destaca a nível europeu”. Para o representante dos estudantes é importante que os alunos sejam verdadeiramente valorizados e respeitados como “agentes-chave da construção estratégica do rumo da universidade”.

Também a disparidade na qualidade de ensino nas Instituições de Ensino Superior (IES) em Portugal, a integração dos “que ainda hoje ficam de fora do ensino superior” e o fim do “subfinanciamento crónico e asfixiante” são alguns pontos que o representante dos estudantes mencionou como “urgências” a resolver.

Marcos Teixeira realçou também que “a disparidade entre as IES não se resolve com cortes de vagas nas instituições com maior procura para que se aumente a procura nas instituições menos atrativas”, numa referência à medida recentemente anunciada pelo governo.

Da mesma forma, sublinhou que o acesso ao ensino superior “não se resolve com meias medidas de ação social, com empréstimos ou com atrasos nos processos de atribuição de bolsas de estudo” e que “o subfinanciamento das instituições de ensino superior não se resolve com acordos não honrados”.

Estudantes premiados

Durante a Sessão Solene foram atribuídos vários prémios, uns a professores e outros a estudantes. O Prémio Incentivo, para os melhores estudantes do primeiro ano, e o Prémio Cidadania Ativa, que distingue os estudantes que participam em atividades extracurriculares, levaram à cerimónia vários alunos.

Filipe Sousa recebeu o Prémio Cidadania Ativa na vertente do empreendedorismo. Ao JPN explicou que este prémio significa o “reconhecimento de um caminho” ainda a percorrer. O estudante sente que o prémio não contribui “assim tanto” para os objetivos que tem, mas que, ainda assim, não deixa de ser um “reconhecimento incrível”.

Já Aléxis Sousa, presidente da Associação Cura+, recebeu o Prémio Cidadania Ativa na vertente humanitária. O estudante encara o prémio como um reconhecimento do trabalho feito pela associação e, também, “um incentivo aos nossos voluntários e às pessoas que nos seguem”.

José Abreu, aluno da Faculdade de Economia do Porto, foi um dos premiados do Incentivo. O aluno da UP admitiu que tomou conhecimento da existência deste prémio “muito pouco tempo antes de fechar o primeiro ano”. Por esse motivo, admite que não trabalhou para ele, mas que o encara como um motivo do qual se pode orgulhar agora e futuramente.

Objetivos do reitor para a academia

Em declarações ao JPN, Sebastião Feyo de Azevedo começou por realçar o crescimento da UP: “Acho que temos o direito de estar satisfeitos com a dimensão que alcançamos”. No entanto, reconhece que os membros da instituição têm a “obrigação de estar insatisfeitos” porque é desejável melhorar.

Para o reitor da Universidade do Porto, os objetivos passam por transformar “os modelos académicos de ensino e preparar a academia para ser mais agressiva na inovação, para ser sempre – sempre, sempre – uma academia internacional”.

Ainda dentro do tema da internacionalização, o responsável pela UP salientou o facto de terem apresentado candidatura ao cargo de reitor “quatro candidatos estrangeiros”. “É uma coisa extraordinária e um indicador muito importante”, sublinhou o reitor.

A UP pelos olhos do ministro dos Negócios Estrangeiros

“A Universidade do Porto é a minha alma mater“, começou por dizer Augusto Santos Silva, orador convidado da Sessão Solene, quando questionado sobre de que forma olhava para os 107 anos da UP.

Para o atual ministro dos Negócios Estrangeiros, olhar a Universidade do Porto significa ver uma instituição que está, agora, “muito melhor” do que quando havia iniciado os estudos e quando se tornou docente da casa: “Agora o que eu acho é que sobretudo nos últimos 25 anos, desde o reitorado do Dr. Alberto Amaral, que a universidade tem dado um salto qualitativo e deixou de ter medo de se comparar internacionalmente, de apostar na ligação ao meio”.

Oradores e convidados presentes

A Sessão Solene contou, ainda, com a presença de outros oradores nas intervenções de abertura, nomeadamente Artur Santos Silva (presidente do Conselho Geral da Universidade do Porto), Miguel Cadilhe (presidente do Conselho de Curadores da UP), e Miguel Magalhães (representante dos trabalhadores).

Da cerimónia fez também parte uma plateia composta pelos líderes das principais instituições da cidade e da região e pelo corpo de professores doutorados da Universidade do Porto.

Nesta sessão foram também proclamados professores eméritos da Universidade do Porto Cândido Agra, Manuel Sobrinho Simões, Marianne Lacomblez e Raul Vidal.

Artigo editado por Sara Beatriz Monteiro e Filipa Silva