A coleção Magnetic juntou cores e materiais aparentemente antagónicos no desfile que iniciou com a atuação ao vivo de Tomás Adrião, vencedor da última edição do The Voice, no segundo dia do Portugal Fashion no Porto.

Felpas e sweats contrastam com longas saias clássicas, num mix inesperado. Também vestidos elegantes são usados com calçado tipicamente português, as chancas, conferindo “modernidade”. “Em vez de levar para trás o modelo, não. O modelo levou a chanca ainda mais para a frente”, sublinha o designer.

Há uma intenção da marca em elevar a tradição nacional, dando-lhe um toque de modernidade. Inspirado nas joias portuguesas, Francisco Rosas criou golas em tecido que podem ser combinadas com t-shirts ou vestidos, imprimindo versatilidade à peça.

Francisco Flores apostou na combinação de diferentes materiais e cores para a coleção Magnet.

Francisco Rosas apostou na combinação de diferentes materiais e cores para a coleção Magnet. Foto: Inês Aparício

As influências da música tipicamente portuguesa, o fado, surgem também na coleção através de xailes confecionados num “material normalmente usado em peças de homem”. A fusão de géneros traduziu-se ainda no uso de saias compridas por modelos masculinos.

Esta coleção de uma tradição modernizada e aparentes oposições é também uma ode à portugalidade. Há uma valorização do artesanato, da madeira das chancas e do próprio calçado da zona do Minho.

“A madeira das chancas que está a desaparecer. E as chancas vão desaparecer se as florestas continuarem a arder, o pinho não vai chegar para tudo o que é necessário, por isso é preciso preservar as nossas florestas, assim como a tradição deste calçado que são as chancas, os tamancos, os socos, tudo isto da zona do Minho”, nota o criador.

Numa homenagem ao rio Tejo, Francisco Rosas criou um vestido que espelha “um bocadinho a maneira como tratamos a natureza cá em Portugal, em que os rios, com a seca, ficaram todos poluídos”. Três peixes surgem numa pequena área do decote, com o fundo branco, contrastando com o estampado abstrato pintado a branco e preto da peça que representa a contaminação da água.

Meam pretende consciencializar, através dos coordenados, para a defesa da natureza, da poluição e da tradição.

Artigo editado por Sara Beatriz Monteiro