Depois de um manifesto lançado há uma semana, cerca de 30 alunos da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto (FBAUP) muniram-se de baldes e uma faixa e decidiram avançar com uma manifestação silenciosa à porta da reitoria da Universidade do Porto, esta terça-feira. O objetivo é chamar a atenção para a falta de segurança e para a necessidade de obras na faculdade.

Ao JPN, Bárbara Correia, aluna da FBAUP, explica que a necessidade desta manifestação surgiu depois de os alunos já terem tentado “chegar à fala com alguém”, através de “métodos ditos convencionais”, mas as respostas serem sempre as mesmas: “ou dizem que as condições na faculdade são suficientes ou dizem que há falta de verbas”.

 

“Houve inundações, houve trabalhos estragados, e foi uma espécie de gota de água para alunos”

 

A aluna de Belas Artes acrescenta ainda que, há duas semanas, devido à chuva intensa: “houve inundações, houve trabalhos estragados, e foi uma espécie de gota de água para os alunos”. Para Bárbara Correia, o objetivo deste movimento não passa por conseguir falar com alguém, mas sim chamar a atenção e fazer com que a reitoria tome conhecimento do manifesto.

Manifesto apresentado pelos alunos, onde estão mencionados todos os problemas da FBAUP. Helena Azevedo

Já João Freitas, aluno do curso de Pintura, espera que seja possível falar com alguém da reitoria. O estudante reclama pelo facto de os alunos da FBAUP, “tal como qualquer outro estudante da UP”, pagarem “o mesmo valor de propinas”, mas terem “más condições” de trabalho.

O aluno realça ainda que, mesmo que esta contestação surta efeito, será apenas para os novos alunos da FBAUP: “mesmo que agora comecem a haver obras, nós, que já lá estamos, não vamos usufruir dessas novas instalações”.

“Nós convidamos a que vejam o estado da nossa faculdade e o perigo físico que corremos porque lidamos com máquinas muito perigosas e a falta de técnicos. Tudo associado, torna-se muito grave”

Sancha Castro, também aluna da FBAUP, deu alguns exemplos em que as “más condições” da faculdade afetaram os alunos. “Na semana passada, por exemplo, houve uma ficha de eletricidade que explodiu e uma aluna ficou sem ouvir durante algum tempo”, contou. A estudante adiantou ainda que, devido à falta de um técnico de cerâmica, “houve dois incêndios num só ano letivo”.

Para a aluna de Belas Artes, é necessário “mais financiamento” para a faculdade e, por isso, apela à reitoria e ao Governo: “nós convidamos a que vejam o estado da nossa faculdade e o perigo físico que corremos porque lidamos com máquinas muito perigosas e a falta de técnicos. Tudo associado, torna-se muito grave”.

Baldes que remetem para a água da chuva que entra nas instalações da FBAUP. Helena Azevedo

Pouco depois de terem dado início à manifestação, os alunos da FBAUP foram informados de que Sebastião Feyo de Azevedo, Reitor da UP, não estava na reitoria. Ainda assim, todos os estudantes se mantiveram no recinto, até porque lhes foi adiantado que o Reitor mostrou interesse em marcar uma reunião.

A manifestação silenciosa teve início às 12h00 e prolonga-se até às 18h00. No local estavam mais de 30 estudantes, mas o protesto continua aberto a mais pessoas da FBAUP que queiram aparecer durante a tarde.

Ao jornal “Público”, o diretor da FBAUP, José Carlos Paiva, referiu, há duas semanas, que “as obras de reabilitação no edifício já estavam talhadas”, mas a data de arranque ainda é desconhecida. A faculdade candidatou o projeto de obras a um concurso da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N), mas o financiamento não foi aprovado.

A Universidade do Porto e a FBAUP deverão trabalhar agora no sentido de arranjar orçamento “para a realização do projeto de reabilitação já feito e licenciado”. Apesar de haver dois planos de obras para a faculdade, são precisos dois milhões de euros para apenas um deles.