No encerramento da 29ª jornada da Liga NOS, o Moreirense conseguiu, esta segunda-feira, uma importante vitória (1-0) na luta pela manutenção agudizando a crise do Boavista, que já soma seis derrotas consecutivas fora do Estádio do Bessa.
Jhonatan defende penálti
Após um primeiro quarto de hora morno por parte de ambas as equipas, como que se estudando mutuamente, um mau alívio de Vágner esteve na génese de um livre perigoso, à entrada da área, a favorecer os cónegos. Na marcação, Tozé levou perigo e permitiu ao guardião boavisteiro a primeira grande defesa da noite.
Na sequência de um pontapé de canto a favor dos homens da casa, rechaçado pela defensiva do Boavista, Renato Santos transportou a bola em velocidade pela linha lateral. O esférico foi cruzado para a área e Fábio Espinho, tentando corresponder, foi importunado por Sagna. Artur Soares Dias apontou para a marca de grande penalidade: suspense no Joaquim Almeida Freitas, dissipado pelo vídeoárbitro que confirmou o castigo máximo. Na conversão, o remate de David Simão foi travado por Jhonatan.
O jogo estava partido e propício a rápidas transições ofensivas. Porém, a boa organização defensiva de ambas as equipas impedia sobressaltos de maior. Tozé, o principal agitador dos verde e brancos, voltou a perder no duelo individual perante Vágner que, com nova intervenção de qualidade, impediu-o de ser feliz. Havia espaço para jogar e uma combinação entre Bilel e Tozé descobriu Arsénio solto na área, em boa posição, mas o português rematou por cima da baliza.
Boavista e Moreirense procuravam explorar a profundidade, mas o pouco discernimento evidenciado superou a vontade dos jogadores em alterar o rumo dos acontecimentos. Ao intervalo, o nulo no marcador traduzia o equilíbrio entre os dois conjuntos e castigava a ineficácia generalizada.
Reatar ‘à bomba’ e saber sofrer
No início do segundo tempo, Ângelo Neto deu um pontapé no marasmo de ideias a que se assistia. À entrada da área, executou um remate indefensável e abriu o ativo à passagem dos 52 minutos (1-0).
A resposta do Boavista surgiu pela cabeça de Fábio Espinho, ao encontro de um cruzamento de Mateus. A bola rondou a baliza de Jhonatan. Minutos depois, os mesmos intervenientes cruzaram-se: Fábio Espinho, isolado na área do Moreirense, permitiu a aproximação de Jhonatan, que lhe dissipou qualquer intenção num mergulho a seus pés.
O Moreirense, em vantagem no marcador, ia cerrando fileiras na sua retaguarda, aliciando os avanços da pantera. A entrada em cena do criativo Rochinha era uma manifestação de intenções ao cerco que se preparava à baliza dos cónegos. Estes, por sua vez, iam povoando e fortalecendo a zona intermediária na salvaguarda de três preciosos pontos para o seu objetivo de manutenção entre o convívio dos grandes na próxima época desportiva.
Desprovido de racionalidade, o último fôlego boavisteiro, sôfrego por inverter a tendência negativa fora de portas, não surtiu efeitos práticos. Os três pontos ficam em casa. No jogo do xadrez é preciso paciência. Os verde e brancos tiveram-na, souberam sofrer e ganharam a partida.
“Preocupante era não ganhar há três meses. Temos feito bons jogos, hoje foi um deles”
Jorge Simão, técnico do Boavista, deu voz ao inconformismo no final da partida: “É uma derrota difícil de aceitar, porque acho que demos muito mais ao jogo do que aquilo que levámos dele”. Apesar de considerar que o Moreirense “acaba por ter mérito no golo que faz” sublinhou que a sua equipa teve “oportunidades claríssimas, em que parecia que a bola já estava lá dentro”.
Mostrou preocupação com a série negativa de seis derrotas fora de casa: “uma situação que temos analisado e ponderado”, garantiu Jorge Simão. No entanto, relativiza a situação, argumentando com a qualidade de jogo que, no seu ponto de vista, a sua equipa tem revelado: “temos feito bons jogos, hoje foi um deles”.
“Objetivo cumprido, três pontos conquistados”
Na conferência de imprensa, e por sua parte, Petit mostrou-se naturalmente satisfeito pelo “objetivo cumprido” e pelos “três pontos conquistados”. Sobre o Boavista, reconheceu ser um “adversário difícil”, salientando que esta vitória “foi um passo importante” na luta pela manutenção. Enalteceu a sua equipa, a qual considerou ter estado “bem em termos defensivos”. O Moreirense “sofreu mas conseguiu o objetivo”.
Não deixou de se mostrar cauteloso relativamente à manutenção, recordando que “vão haver muitos confrontos diretos ainda”, pelo que a equipa tem que “trabalhar semana a semana, jogo a jogo”.
Na classificação, o Boavista manteve-se na sétima posição, agora na companhia do Desportivo de Chaves, com 37 pontos. É, aliás, contra os flavienses que a equipa de Jorge Simão vai jogar no próximo sábado. O Moreirense está no 14º lugar com 28 pontos.
Artigo editado por Filipa Silva