As cidades de Porto e Gaia vão ter uma sétima ponte a ligá-las sobre o rio Douro. A nova travessia vai ligar a a zona do Areinho, em Oliveira do Douro, à Avenida Gustavo Eiffel, na marginal do Porto. Terá cerca de 250 metros de comprimento e será a segunda ligação à cota baixa da cidade. O anúncio decorreu, esta quinta-feira, no Laboratório Edgar Cardoso, em Vila Nova de Gaia.
A ponte, que vai ficar localizada entre as pontes de São João e do Freixo, vai adotar o nome do antigo Bispo do Porto, D. António Francisco dos Santos, falecido a 11 de setembro, devido a um ataque cardíaco.
A travessia terá ligação para trânsito rodoviário e transportes públicos e estará também aberta à circulação de peões e ciclistas. As duas autarquias dizem que é cedo para estimar o valor do investimento, mas indicam que este deve rondar os 12 milhões de euros que será pago, em partes iguais, pelos dois municípios sem participações externas. A construção terá uma duração entre três a quatro anos.
O presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, referiu, depois da apresentação do projeto, que serão necessários “alguns estudos geológicos”, mas que a “definição do posicionamento da ponte está claramente definida”.
Para a construção da ponte serão necessários dois concursos públicos, um para a conceção do projeto e outro de caráter internacional que diz respeito à obra. Rui Moreira espera “ter condições para lançar o concurso público para a conceção ainda este ano”.
Com a construção da nova ponte, as autarquias pretendem aliviar o trânsito e tornar a ponte Luiz I numa ponte pedonal, com a passagem do elétrico e com presença de “veículos de emergência”.
Questionados sobre um eventual pedido de empréstimo, o presidente da Câmara de Gaia respondeu que, em condições normais, tal não será necessário: “se evoluirmos do ponto de vista financeiro como evoluímos teremos condições de tesouraria para garantirmos o financiamento e o pagamento sem recurso à banca”.
O problema das ligações à cota baixa há muito que era falado. Gaia e Porto só têm uma ligação desse género, através do tabuleiro inferior da ponte Luiz I. Rui Moreira relembra que, no passado, os municípios pensaram resolver o problema através do alargamento do piso inferior da Luiz I, mas o projeto apresentado foi “rejeitado pelas autoridades competentes na área do património”.
Acrescenta ainda que era necessário arranjar uma solução para a ponte Luiz I pelo facto de as duas cidades “conviverem quase como um centro histórico”. “Nós temos um centro histórico, não temos dois. Portanto temos de tirar [da ponte Luiz I] a sobrecarga que tem neste momento”, declarou aos jornalistas.
Com a construção da nova ponte, as autarquias pretendem aliviar o trânsito e tornar a ponte Luiz I numa ponte pedonal, com a passagem do elétrico e com presença de “veículos de emergência”.
“É de facto mais do que uma ponte, é um redesenho das cidades e é uma forma de voltarmos a ter incluídos territórios que ao longo do tempo têm sofrido alguma estigmatizarão”, referiu Eduardo Vítor Rodrigues.
A nova estrutura vai exigir uma transformação em ambas as margens. Do lado de Vila Nova de Gaia, o presidente da Câmara do município, pretende que seja um “potencial forte, de ligação, nomeadamente, ao IC23 e à VL9”, aliviando a pressão que a ponte do Infante tem neste momento.
Do lado do Porto, já não será necessário tanta reforma rodóviária, mas sim “um redesenho da circulação”. “O facto de deixar de haver trânsito na ponte Luiz I vai exigir também da nossa parte um certo redesenho. A amarração do lado do Porto é mais fácil porque temos uma via que no fundo confronta com o rio”, explicou.
Os presidentes das câmaras do Porto e de Gaia referiram que estas duas partes das cidades têm vindo a identificar-se como prioritárias e afirmam que estão a dar um sinal de que lhes pretendem dar “outra dimensão social e humana”.
“É de facto mais do que uma ponte, é um redesenho das cidades e é uma forma de voltarmos a ter incluídos territórios que ao longo do tempo têm sofrido alguma estigmatizarão”, referiu Eduardo Vítor Rodrigues.
Questionado ainda sobre o aproveitamento da ponte Maria Pia, atualmente desativada, Rui Moreira notou que os dois concelhos “têm vindo a trabalhar em soluções para o tabuleiro”. “O que estamos a pensar é que possa ser utilizável pelas pessoas que queiram atravessar de forma pedonal e estamos também a ver até que ponto é possível criar ciclovias, sendo que os dois projetos são conjugáveis”, concluiu, sem adiantar novas datas para o projeto.
Artigo atualizado pela última vez às 17h10 de 12 de abril.
Artigo editado por Filipa Silva