O Boavista entrou a perder, recuperou e voltou a deixar-se empatar. Este sábado, assistiu-se a um jogo de loucos no Bessa entre duas equipas que jogaram um futebol positivo, sempre à procura dos três pontos. Do lado da pantera, golos de Renato Santos (2) e Carraça. Na equipa do Desportivo de Chaves, golo de Davidson, Eustáquio e Platiny. Resultado final: 3-3.
No encontro, a contar para a jornada 30 do campeonato, houve lugar a uma revolução no onze inicial do Boavista em relação ao jogo da última jornada: saiu Rossi, Henrique, Tiago Mesquita, Idris, Leonardo Ruiz e Vitor Bruno. Entraram Sparagna, Robson, Yusupha, Rochinha, Mateus e Carraça. Na equipa de Luís Castro, apenas uma alteração: regresso de Djavan ao onze, para o lugar de Perdigão.
Pantera adormecida? António Filipe dá uma ajuda
O Boavista entrou adormecido na partida e o Chaves não esperou que a Pantera saísse do covil para fazer dano. O meio-campo a dois do Boavista (devido à ausência de Idris) não conseguiu dar resposta à pressão constante dos flavienses, que não demoraram muito a adiantar-se no marcador.
À passagem do quarto de hora, Davidson aproveitou a complacência da defesa boavisteira, puxou pelo pé direito e colocou a bola no canto oposto, sem hipóteses para Vágner. Estava feito o 1-0 para os visitantes.
A Pantera acordou e finalmente mostrou a qualidade que tem apresentado ao longo do campeonato (maioritariamente em casa) e retomou o controlo da partida. Rochinha e Renato Santos ameaçaram primeiro, e Carraça restabeleceu mesmo o empate ao minuto 23.
O lateral direito rematou forte de fora de área e António Filipe deixou a bola fugir. O guarda-redes português deixou uma péssima imagem, ao não conseguir evitar um remate que, apesar de forte, não era assim tão complicado.
Inspirado pelo golo, o Boavista embalou para uma excelente primeira parte, e aos 34 minutos esteve perto de se lançar na frente do marcador. A bola sobrou para Mateus à entrada da área depois de um ressalto, mas o angolano rematou contra António Filipe. Com a baliza escancarada, era obrigatório fazer melhor, mas faltou concentração e eficácia na cara do guarda-redes.
Ainda antes do intervalo, tempo para a reviravolta no marcador. Fábio Espinho levou a bola até à linha, cruzou rasteiro, Renato Santos chegou em esforço, e colocou a bola no fundo das redes. O Boavista regressou aos balneários na frente do marcador, algo inesperado tendo em conta os quinze minutos iniciais.
Um herói chamado Renato Santos e dois deuses de nome Eustáquio e Platiny
O Boavista ia mantendo a vitória controlada ao longo da segunda parte, dono da iniciativa de jogo e das melhores oportunidades. Do outro lado, Matheus Pereira e Davidson iam ameaçando quando conseguiam, maioritariamente em jogadas rápidas de contra-ataque.
Numa dessas transições ofensivas, o Chaves podia ter reposto a igualdade no marcador, a bola sobrou para Davidson à entrada da área, mas rematou contra o capitão de equipa Pedro Tiba, perto da linha de golo.
Quem não marca, sofre. Renato Santos voltou a receber a bola numa jogada que quebrou a defesa flaviense, deixou para trás o central adversário e colocou a bola no fundo das redes de António Filipe.
Com 3-1 no marcador, e os três pontos aparentemente garantidos, o Boavista cometeu um erro gravíssimo: voltou a adormecer e pagou a pena capital. Stephen Eustáquio, saído do banco, num remate fora de área reduziu aos 78 minutos e embalou a equipa do Chaves para 10 minutos de enlouquecer.
Talvez pela falta de experiência da equipa de Jorge Simão, ou pela ausência de Idris, patrão do meio-campo boavisteiro, o Chaves chegou mesmo ao empate. Aos 88 minutos, numa jogada de tiki-taka perfeito, Bressan rematou, Vágner defendeu para a frente e Platiny não perdoou. Empate no marcador e euforia no banco e plateia flavienses.
Em semana de remontadas nas competições europeias, o Chaves esteve perto de dizer presente e fazer a reviravolta no resultado. Três golos e um ponto para cada equipa no “mata-mata” da luta pelo sétimo lugar. As duas equipa mantêm-se em igualdade pontual, agora com 38 pontos.
Um bom jogo de futebol, muitas vezes raro no campeonato português: duas equipas a praticar futebol positivo, constantemente à procura do golo.
O Boavista volta a entrar em campo no próximo fim de semana, onde vai a Alvalade defrontar o Sporting. Já o Chaves regressa a Trás-os-montes, onde vai medir forças com o Portimonense.
“Queremos tocar mais vezes violino do que tocar bombo“
Em conferência de imprensa depois da partida, Jorge Simão, técnico do Boavista elogiou a primeira parte da equipa e deixou um apelo: “Espero que os últimos dez minutos da partida não sirvam para descrever aquilo que foi a história do jogo: uma primeira parte fantástica, dos melhores momentos que já tive à frente desta equipa. 2-1 foi mesmo muito curto para o que fizemos.”
“Sofremos dois golos nos últimos dez minutos, estávamos numa fase em que achávamos que já tínhamos fechado a loja, ou seja, o resultado estava feito. Tivemos esse controlo mas deixámos que eles criassem oportunidades”, adicionou.
O treinador português elogiou a qualidade do jogo, e voltou a reiterar a exibição positiva dos axadrezados: “Jogou-se futebol, bom futebol, de duas boas equipas. Vou usar uma expressão que costumamos usar na nossa equipa: queremos tocar violino e não tocar bombo. Mas há fases do jogo em que temos de tocar bombo”.
“Serve como um momento de aprendizagem e crescimento para os próximos jogos, mas quero elogiar o talento e qualidade dos meus jogadores, que, volto a dizer, não teve correspondência no resultado”, disse ainda aos jornalistas.
“Aceito melhor o empate do que o Jorge Simão”
Luís Castro, técnico do Desportivo de Chaves, acredita que o empate é justo e referiu que sempre acreditou no empate, senão “não atirava a equipa para a frente” como fez. “Troquei o Djavan pelo Perdigão e o Tiba pelo Platiny. Fomos de 4-3-3 para 4-4-2, é natural que nos fossemos desequilibrando aqui ou ali, mas conseguimos o empate”, analisou.
Sobre a entrada forte do Chaves, o técnico flaviense acredita que a equipa perdeu “o foco e o que fazer em campo depois do golo”. “Entrámos bem na partida, variámos bem o jogo pelos três corredores, mas depois fomos perdendo o foco, mérito também do Boavista que pegou no jogo.”
“Foi um bom espetáculo para quem viu o jogo, gostámos mais de ganhar o jogo, mas aceitamos o resultado. Não sabe a vitória porque não temos os três pontos, mas devo aceitar melhor o resultado do que o Jorge Simão”, rematou o técnico do Chaves.
Artigo editado por Filipa Silva