O FC Porto recuperou, este domingo, a liderança do campeonato depois de bater o Benfica, na Luz, por 1-0. Após dois desaires nas duas últimas partidas fora de casa para o Liga NOS, os dragões foram à capital conquistar três pontos somando agora 76, mais dois do que os encarnados. É preciso recuar à época 2012/2013, ano do tricampeonato portista, para encontrar o FC Porto no comando à 30ª jornada.
A equipa comandada por Sérgio Conceição entrou em campo com uma novidade: Moussa Marega, recuperado da lesão que havia sofrido frente ao Sporting para a Taça de Portugal, regressava aos relvados e à titularidade. Do lado do Benfica, o onze não sofreu alterações face ao jogo com o Vitória de Setúbal, com Jiménez a colmatar a ausência de Jonas.
Com mais de 60 mil adeptos nas bancadas, a partida iniciou numa marcha lenta, sem fulgurantes lances de perigo, nem espetáculo, características que marcaram a maioria dos 90 minutos. Num encontro intenso e equilibrado, o Benfica conseguiu um controlo estável da primeira parte, na qual teve as melhores ocasiões de golo. Nos segundos 45 minutos, os dragões reagiram e criaram mais perigo.
Quando o empate se afigurava como o resultado mais provável, o capitão mexicano do FC Porto teimou em contrariar a corrente do jogo e, num disparo decisivo, balançou as redes de Bruno Varela, no único tento certeiro do “clássico” português.
Ascendente benfiquista travado por Casillas
Até aos 15 minutos de jogo, não se registou qualquer remate. As equipas ainda se estudavam em campo e, cautelosamente, trocavam a bola, sem grandes riscos e lances de perigo. Contudo, aos 20 minutos, Rafa assusta a baliza portista. Do lado direito do ataque e de ângulo apertado, o avançado benfiquista remata tenso. Embora Casillas tivesse o lance controlado, a bola ainda beija o poste, antes de sair pela linha final.
Ainda os adeptos encarnados suspiravam, quando Franco Cervi disparou pelo flanco esquerdo do Benfica. Deixou Ricardo Pereira para trás e rematou forte, para defesa apertada do guardião espanhol do FC Porto.
Na altura em que o Benfica se mostrava mais pressionante, a formação azul e branca contrariou a maré e colocou em Tiquinho o primeiro lance de perigo portista, aos 24 minutos. Marega solta Tiquinho no lado esquerdo da área dos encarnados, mas o avançado brasileiro rematou ao lado do poste esquerdo de Bruno Varela.
Os dragões apresentavam grandes dificuldades em criar perigo e tomar as rédeas do jogo. Tal refletiu-se no cartão amarelo com que Sérgio Oliveira foi admoestado, após travar Rafa em falta. O jogador benfiquista já se preparava para acelerar no contra-ataque das águias.
Nos últimos minutos da primeira parte do encontro, ambas as equipas testaram o ritmo cardíaco dos adeptos. Aos 44 minutos, numa perda de bola de Brahimi no meio-campo portista, as águias organizam um contra-ataque rápido que deixa Pizzi isolado em frente a Casillas. O mexicano remata tenso, para defesa em mergulho e digna de fotografia de Iker Casillas.
A bola mal teve tempo de respirar. Os portistas encetaram imediatamente um ataque organizado. Ricardo Pereira recebeu a bola na ala direita do campo e centrou tenso para Marega. O maliano não estava com a pontaria afinada e rematou rasteiro e de primeira para fora, mas a bola não passou muito longe do poste direito dos anfitriões.
Ao intervalo, pairava uma sensação de equilíbrio e cautela de ambas as equipas, com as melhores oportunidades a surgirem apenas perto da pausa. No entanto, o Benfica mostrou maior controlo do jogo e foi dono das principais ocasiões de golo até então.
Herrera trouxe o “5 de Mayo” ao cair do pano
À entrada da segunda metade do jogo, os portistas estavam decididos a inverter a corrente. Logo à passagem dos 48 minutos, Ricardo Pereira encontrou Marega na grande área. O avançado africano, já demasiado próximo do guardião das águias, remata para defesa segura de Bruno Varela.
Pelo meio, Sérgio Conceição, frustrado com uma suposta falta não marcada sobre Tiquinho, pontapeia o esférico em forma de protesto. Após advertência de Artur Soares Dias, o jogo prosseguiu.
Do lado oposto, por volta dos 54 minutos, Jardel rematou de pé direito, em resposta ao canto batido por Pizzi. Apesar do lance vigiado por Casillas, a bola ainda fez sombra no poste esquerdo da baliza dos dragões.
Dez minutos volvidos e o FC Porto volta a deixar um aviso a Varela. Num contra-ataque veloz comandado por Ricardo Pereira, o lateral azul e branco acaba por largar o esférico em Brahimi. Com a baliza na mira, o argelino cortou para a entrada da área e rematou em arco. A bola quase tirava tinta ao poste direito do guarda-redes dos encarnados.
Até perto do final do encontro, o jogo voltou a ficar partido. Ambas as equipas atacavam e anulavam-se. Samaris entrou para o lugar de Cervi, de modo a segurar o jogo. Já Sérgio Conceição, insatisfeito com o resultado, apostou em Óliver, Corona e Aboubakar, para colmatar as saídas de Sérgio Oliveira, Otávio e Tiquinho, respetivamente.
Contudo, não foi dos pés de um avançado que saiu a decisão do encontro. Depois de um lance de insistência do FC Porto na grande área do Benfica, a bola bailou como se de um “5 de Mayo” antecipado se tratasse. À entrada da área, Herrera quis culminar a cerimónia com fogo de artifício. O disparo que saiu da bota do mexicano fuzilou as redes dos benfiquistas. A euforia azul e branca, no relvado e nas bancadas, contrastava com a desilusão encarnada.
Ainda aos 92 minutos, os encarnados ficaram a queixar-se de um penálti não assinalado sobre Zivkovic, numa disputa de bola com Ricardo na grande área portista. Artur Soares Dias manda seguir e, momentos depois, apita para o final da partida.
O equilíbrio entre as equipas fez-se notar ao longo dos 90 minutos, com oportunidades para ambas as formações. Enquanto na primeira parte, os anfitriões fizeram jus ao fator casa, a reação portista no segundo tempo culminou com um golo, três pontos e o regresso à liderança.
Com 76 pontos, o FC Porto ultrapassa o Benfica, que cai para o segundo posto, com 74 pontos. Na próxima jornada, os azuis e brancos defrontam o Vitória de Setúbal no Dragão, enquanto as águias vão à Amoreira jogar com o Estoril. Pelo meio, há a segunda meia-final da Taça de Portugal para o FC Porto, em Alvalade, frente ao Sporting.
“Na segunda parte, não me lembro de uma ocasião de golo do Benfica”
No final da partida, Sérgio Conceição mostrava-se satisfeito com o trabalho da equipa. Num jogo “de grande intensidade e muito competitivo”, o treinador dos azuis e brancos admite que, na primeira parte, se registou um “ligeiro ascendente do Benfica”. Já “na segunda parte, não me lembro de uma ocasião de golo do Benfica”, disse. Em relação ao lance de penálti entre Zivkovic e Ricardo, o timoneiro dos portistas afirma que “não lhe parece ser absolutamente nada”.
Já Herrera, capitão portista, admitiu também ter sido um “jogo complicado”, no qual “ambas as equipas tiveram oportunidades” e o FC Porto conseguiu “concretizar uma”. “Conseguimos e acreditámos até ao fim, que podíamos ganhar neste estádio, que é muito difícil”, afirmou o mexicano. O médio portista confirmou a importância da vitória, mas salientou que “ainda faltam quatro finais”.
“O resultado mais justo seria o empate”
Rui Vitória também concorda com o treinador rival em relação a um “jogo disputado e equilibrado”. O líder do balneário dos encarnados afirmou que na primeira parte, o Benfica esteve “no meio-campo adversário, mais à procura do golo”, admitindo que a segunda metade do jogo “foi mais do Porto”. O treinador benfiquista aferiu que a partida foi vencida nos detalhes: “depois o Porto acabou por marcar e ganhar, perto do final”. Relativamente ao lance que terminou a partida, Rui Vitória não quis comentar.
O capitão do Benfica, Jardel, reiterou, mais uma vez, o equilíbrio de uma partida “bastante difícil”. Considera que a equipa comandou “bem o jogo na maioria do tempo” e que se “debateu bem”. Contudo, quanto ao golo sofrido ao cair do pano, o defesa encarnado afirmou que “o futebol tem disso: um remate aos 90 minutos e foram felizes”.
Artigo editado por Filipa Silva