Antes do edifício ser construído, já se vendiam frescos no Mercado do Bolhão. Começou por ser uma praça comercial, num local onde existia um lameiro, por onde passava um regato que formava aí uma bolha de água. Daí o nome: Bolhão.
Entre 1914 e 1917, durante o período da Grande Guerra, foi construído o edifício do mercado como hoje o conhecemos, um projeto do arquiteto Correia da Silva. Naquela época, era considerada uma obra de vanguarda, devido à utilização de betão armado em conjunto com estruturas metálicas cobertas por madeira e cantaria de pedra granítica.
Cerca de 70 anos mais tarde, os serviços municipais detetaram patologias construtivas graves nos pavimentos do mercado. Devido à necessidade de uma intervenção de consolidação e reabilitação do mercado, a autarquia decidiu abrir um concurso público.
O projeto de Joaquim Massena é escolhido, por unanimidade da Câmara Municipal do Porto, para a solucionar esta situação. Apesar de estar estabelecido que as obras seriam realizadas entre 1996 e 1998, isto acabou por não se concretizar.
Anos mais tarde, um novo concurso público é aberto e, em janeiro de 2008, a Assembleia Municipal do Porto aprova o projeto da holandesa TramCroNe. Esta empresa anunciou que “a demolição de todo o interior do Mercado do Bolhão é uma inevitabilidade para rentabilizar o investimento”. Além disso, o programa contemplava ainda a construção de habitações de luxo e de um centro comercial, deixando apenas cerca de 3% da área total do Mercado do Bolhão para o comércio tradicional.
A proposta não foi bem aceite pelos comerciantes. Surgiram movimentos cívicos que avançaram com uma ação e uma petição para inviabilizar a concessão.
Face à contestação originada e ao atraso na assinatura do contrato, a CMP decidiu anular a adjudicação do restauro do Mercado do Bolhão à TramCroNe e assinou um protocolo com o Ministério da Cultura para a reabilitação do edifício.
Depois de vários avanços e recuos no processo de reabilitação e restauro do edifício, a Câmara do Porto anunciou, este mês, que as obras no Mercado do Bolhão vão começar em maio. E desta parece que o processo vai mesmo avançar. As portas do Mercado fecharam, oficialmente, no sábado. Na próxima quarta, o novíssimo Mercado Temporário do Bolhão, instalado no Centro Comercial La Vie, vai ser inaugurado. O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, é um dos convidados.
Artigo editado por Filipa Silva