A multidão esperava a chegada do Presidente da República. A visita ao mercado temporário do Bolhão tinha como ponto de encontro a entrada do mercado original, na Rua de Fernandes Tomás. O presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, aguardava junto dos vereadores do Executivo, enquanto a Polícia tentava manter a ordem.

Marcelo Rebelo de Sousa chegou e foi engolido por jornalistas e populares que pediam fotografias e beijos. “Lindo!”, ouviu-se. O presidente da República respondia com acenos e sorrisos.

Os cerca de “200 passos” que separam o mercado original do centro comercial La Vie – espaço que recebe provisoriamente os comerciantes – foram percorridos em cerca de 30 minutos. A cada passo, uma selfie e um beijo. “Não tropece”, alertou Marcelo Rebelo de Sousa a uma das pessoas que o interpelou.

Os populares partilhavam as suas histórias com o presidente da República. “Eu tenho 81 anos, já vim para aqui há 50”, contou uma das populares. Marcelo Rebelo de Sousa quis saber mais e perguntou se tinha família e marido. Conversa puxa conversa, acabaram a falar sobre o verão e o inverno. Despediram-se com votos de felicidade, de saúde e “muitos anos para governar o país”.

À comunicação social, Marcelo Rebelo de Sousa afirmou: “A mudança significa uma viragem para o futuro e o Porto está virado para o futuro”.

“Sr. Presidente, eu queria dar-lhe um beijinho”, ouvia-se. De vez em quando a multidão aplaudia Marcelo Rebelo de Sousa. Como se quisessem pedir a bênção, empurravam crianças para junto do presidente. “Ela tem os dentinhos à Bugs Bunny”, disse Marcelo, enquanto era fotografado com uma criança.

Mercado temporário “ultrapassa as expectativas”

Depois de dar beijinhos, tirar fotografias e responder a inquietações de todos os que solicitavam, Marcelo Rebelo de Sousa entrou finalmente no mercado temporário do Bolhão e foi recebido com aplausos e vivas.

Visitou cada uma das bancas, juntamente com Rui Moreira e houve tempo para falar com os comerciantes e até para o autarca do Porto vender limas. “Olha o nosso presidente aqui”, “é o nosso Rei”, “viva o Porto”, gritava a multidão.

Rui Moreira realçou a importância da intervenção no edifício, que “não tinha condições de salubridade”, e explicou que “o mercado temporário dignifica os comerciantes”. O autarca agradeceu aos vendedores pela confiança e congratulou a união dos partidos políticos do Executivo.

O presidente da Câmara do Porto afirmou que o período previsto para a reabilitação do espaço antigo – dois anos – é “prudente”.

Para Marcelo Rebelo de Sousa, o mercado temporário ultrapassa as expectativas: “Vejo que tem o apoio de todas e todos os que mudaram, é uma opinião unânime”. O presidente da República felicitou a arrumação e a exposição dos produtos.

 

“Bolhão Bolhão só daqui a dois anos”

Para os comerciantes do Mercado do Bolhão, as obras são benéficas e o espaço provisório reúne as condições necessárias.

“Esta alternativa está muito bem concebida. Todos estamos muito contentes, pela limpeza e pela organização”, afirmou Emília Neves, vendedora há 63 anos. No entanto, “mercado é mercado”, comenta Emília Neves, que há três décadas que anseia a reabilitação do Bolhão.

Entretanto, a alternativa “é um centro comercial”, como refere Lurdes Costa, também vendedora do mercado. Apesar de satisfeita com o espaço provisório, acredita que “Bolhão Bolhão é só daqui a dois anos”.

“Estranhei, juro que estranhei”, afirma Cecília Barbosa, mais conhecida por “A Russa” e também comerciante que está contente com o início das obras e felicita a promessa cumprida pela autarquia. Também para Cecília, o espaço temporário é agradável.

Marcelo Rebelo de Sousa tomou “devida nota” das queixas dos lesados do BES

À margem da inauguração, Marcelo Rebelo de Sousa foi questionado sobre outros temas, como a Comissão de Inquérito a Manuel Pinho, o debate sobre a eutanásia, o relatório sobre o incêndio de Pedrógão Grande e a greve do Serviço Nacional de Saúde.

O presidente da República preferiu não comentar o caso de Manuel Pinho, bem como o relatório de Pedrógão Grande, explicando que não reunia informações suficientes para o fazer.

Jorge Novo, lesado do BES, não perdeu a oportunidade para pedir a Marcelo Rebelo de Sousa que tivesse em conta os direitos das pessoas que perderam os seus investimentos. O presidente respondeu que tomou “a devida nota” e irá fazer o que for possível pelo grupo de lesados.

Artigo editado por Sara Beatriz Monteiro