O penúltimo dia de concertos na Queima das Fitas do Porto 2018 começou tarde. Eram 23h30 quando Valas subiu ao palco para cantar para uma plateia ainda muito reduzida e tímida. A chuva e o frio que se tinham feito sentir até uns minutos antes do concerto causaram os seus estragos, mas as condições climatéricas foram melhorando ao longo da noite. Sem chuva e com menos frio, os estudantes e simpatizantes da música foram, lentamente, aparecendo.

Passavam sete minutos da meia-noite e meia quando entraram em ação os Xutos & Pontapés. A banda de rock portuguesa, que regressou pela primeira vez ao palco do Queimódromo sem Zé Pedro – falecido em novembro último, aos 61 anos -, foi recebida com um grande aplauso por parte do público. A formação foi a base: Tim na voz e no baixo, João Cabeleira na guitarra e Kalú na bateria. Gui, como sempre, ocupou-se do saxofone.

Depois de “À minha maneira”, Tim dirigiu-se ao público e falou na alegria que é regressar à Queima das Fitas do Porto.

O que se seguiu foi um concerto marcado por muitas novidades e algumas músicas recentes. “Fim do mundo” e “Sementes do impossível” foram algumas das melodias tocadas, num concerto que teve, pelo meio, alguns dos grandes clássicos da banda, tais como “Chuva Dissolvente”, “Circo de Feras” e “Homem do Leme”, que colocou toda a gente a cantar em coro ao ritmo do instrumental.

A toada do concerto mudou para um ritmo mais instrumental e eletrizante, minutos antes de Tim se dirigir ao público, para falar da plateia tão “distinta e exigente” que via à sua frente. O público, por sua vez, retribuiu o gesto com aplausos e cânticos de “E salta Tim, olé, olé”. O músico, bem disposto, disse: “Já sabem, qualquer coisa assobiem”.

Mais umas músicas e foi a altura da homenagem às vítimas da guerra civil na Síria, com a música “Alepo”.

Passado uns minutos, era já visível o estilo de concerto que os Xutos tinham optado por trazer ao Queimódromo. Na fila da frente, um rapaz falava discretamente para outro, mencionando a escolha de músicas mais sentimentais e “tristes” que o concerto estava a ter, sendo que a referência a Zé Pedro foi inevitável.

Tim agradece a dedicação do público e diz que vai ser a última canção. “Contentores” foi a música escolhida, seguindo-se “Para ti Maria”. “Só mais uma” é o que o público pede após a última canção. A banda cria suspense e os fãs começam a cantar “A minha casinha”. Kalú, o baterista da banda, aparece subitamente no centro do palco para mostrar o cachecol do FC Porto e o público começa a gritar pelo novo campeão nacional.

No momento mais emocionante da noite, Tim decide homenagear Zé Pedro com uma música escrita pelo falecido guitarrista – “Não sou o único” – outro dos clássicos do conjunto.

Em jeito de despedida, as luzes apagam-se mas os elementos da banda não abandonam o palco, dando esperança do público de que poderiam ainda não ter terminado. E foi o que aconteceu. “Ai se ele cai” é a música que faz vibrar os espectadores.

Sem se dar por terminada a noite, a banda despede-se do Queimódromo com uma das suas mais famosas músicas e que vinha a ser pedida pelos presentes desde o início do espetáculo. “A minha casinha” leva todas as pessoas ao êxtase. Cantando em coro e a saltar alegremente, o fim da música leva ao fim do espetáculo. Kalú vem à fila da frente dar as baquetas a um dos fãs e, após um compasso de espera, todos os membros da banda dirigem-se ao centro do palco para agradecer a presença e o apoio dos fãs.

Assim, após quase duas horas de concerto, os Xutos & Pontapés encerram o sétimo dia de festejos no Queimódromo. As festividades encerrariam no dia seguinte com as atuações de Wet Bed Gang e Dizzee Rascal, na última noite da Queima das Fitas do Porto deste ano.

Artigo editado por Filipa Silva