Copos reutilizáveis, casas de banho por módulos ligadas ao saneamento, iluminação LED e redução da poluição sonora. Foram estas as principais medidas apresentadas pela Federação Académica do Porto (FAP) para a Queima das Fitas 2018 que tinha como principal objetivo tornar o evento mais sustentável e mais ecológico.
Depois de encerrada a semana académica, o JPN foi tentar perceber se as medidas implementadas foram bem sucedidas. Para isso, recolhemos opiniões de pessoas que passaram pelo Queimódromo e estivemos à conversa com João Pedro Videira, o Presidente da FAP.
Queimódromo mais limpo e com menos desperdício
Relativamente à introdução de copos reutilizáveis, as opiniões foram consensuais. Miguel Maia, estudante da FCUP, disse que “foi uma ideia muito bem implementada, também para a redução do desperdício de copos que há e que se vê pelo chão”.
Em relação ao impacto da medida nas vendas, as opiniões dividem-se. Para Miguel e para a sua colega, Sílvia Rodrigues, a medida não trouxe impacto. Já para Maria Inês Santos, responsável por outro posto de venda, a medida é boa para o ambiente mas teve um reflexo negativo nos primeiros dias de venda: “Notou-se nos primeiros dias (…) a aceitação foi complicada”.
Por outro lado, Márcia Teixeira considera que a medida tem apenas em vista um maior lucro gerado na compra de copos, dado que os mesmos se perdem com facilidade.
Quanto às casas de banho, a opinião também não encontra consenso. Se uns consideram que a ligação ao saneamento e a divisão por módulos veio tornar a Queima “mais higiénica” e mais organizada no acesso a estes equipamentos, outros mencionam “o reduzido número de casas de banho em boas condições de limpeza”.
Para o futuro, os estudantes deixam algumas dicas. O aproveitamento das rolhas das garrafas de plástico, o alargamento da reutilização a todos os copos e a diminuição do ruído são as principais sugestões.
FAP: Balanço positivo e compromisso com a sustentabilidade
Num balanço provisório, João Pedro Videira diz ao JPN que as medidas trouxeram mudanças significativas: “Temos meia dúzia de copos espalhados pelo chão e o mar de plástico que antes existia deixou de existir”.
O presidente da Federação Académica do Porto afirmou ainda que foram devolvidos (até ao momento da entrevista) aproximadamente 25 mil copos. João Pedro sublinhou ainda a vontade de Associações de Estudantes e de outros grupos no sentido de adotar medidas similares às tomadas pela FAP nos seus eventos culturais e recreativos.
Quanto às emissões carbónicas, as avaliações ficarão a cargo da Câmara Municipal do Porto. No entanto, a FAP reitera o seu compromisso relativamente à plantação das árvores. O objetivo é “passar uma mensagem de responsabilidade social e ambiental às pessoas”.
João Pedro Videira traçou ainda um cenário positivo quanto à redução da poluição sonora: “Os resultados são extremamente positivos. Quem participou na Queima sabe que chegam a meio do corredor principal e já não se ouve o palco. O impacto sonoro tem sido cada vez mais reduzido”.
Para os próximos anos, o trabalho não está terminado. João Pedro Videira, assume que “a Queima é um projeto inacabado”. Apesar do sucesso de medidas como a dos copos reutilizáveis, falta “implementar esta medida em todos os copos que temos”, falando, por exemplo, “nos copos de shot”. A substituição de todas as casas de banho portáteis por módulos seria o desejável, mas o líder da FAP afirma que o problema é a falta de pontos de saneamento público que permita que a medida avance.
Em relação aos objetivos traçados, o presidente da FAP admite que “há sempre aspetos a melhorar”. No entanto, o dirigente associativo diz também que os objetivos de topo foram atingidos. E quais? “Ter uma Queima que conseguisse captar e envolver toda a gente e que conseguisse alterar o mindset das pessoas”.
Quanto às medidas, as opiniões foram globalmente favoráveis. Todos admitem que a Queima das Fitas de 2018 foi mais limpa e mais amiga do ambiente, tendo muito contribuído para isso a reutilização dos copos e a consequente redução do uso de plástico. O balanço traçado foi positivo de ambas as partes e os estudantes da Academia do Porto querem ver estas medidas implementadas para o ano e, se possível, com mais abrangência. A FAP diz que uma Queima mais sustentável é um projeto a longo prazo, de forma a consciencializar a população estudantil para os problemas ecológicos que afetam o ambiente.
Artigo editado por Sara Beatriz Monteiro