O pintor e artista plástico português Júlio Pomar faleceu esta terça-feira, no Hospital da Luz, em Lisboa, avança a agência Lusa. Tinha 92 anos.
O pintor modernista é autor de uma obra vasta, que além da pintura contempla o desenho, a cerâmica e a gravura, passando também pela escrita.
Nascido em 1926, em Lisboa, teve um início de carreira marcado pela oposição ao Estado Novo. Exemplo desse conflito são os dois painéis que desenhou para o Cinema Batalha, do Porto, que foram mandados tapar pela PIDE e cuja reconstituição faz parte do projeto de reabilitação daquele edifício, apresentado em julho do ano passado.
Júlio Pomar estudou na Escola António Arroio, em Lisboa. Nesta escola conviveu com personalidades como Mário Cesariny de Vasconcelos, José Gomes Pereira ou Artur Cruzeiro Seixas.
Ingressou na Escola de Belas Artes da capital em 1942. Enquanto estudante viu um quadro seu ser comprado por Almada Negreiros que o fex expor no VII Salão de Arte Moderna do Secretariado de Propaganda Nacional.
Dois anos depois, descontente com a escola lisboeta, transfere-se para a congénere do Porto, hoje Faculdade de Belas Artes do Porto. Nesta instituição liga-se ao grupo de Fernando Lanhas, Júlio Resende e Amândio Silva que organizam as Exposições Independentes.
Dois anos depois da chegada acaba por ser alvo de um processo disciplinar que o leva a sair da ESBAP em 1946. No ano seguinte foi preso pela PIDE. Em 1948 o Governo ordena a destruição dos frescos do Cinema Batalha.
Em 1963 fixa residência em Paris – onde foi bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian – para regressar apenas 20 anos depois.
Em 2013 viu ser concretizado um desejo antigo com a inauguração do Ateliê Museu Júlio Pomar, em Lisboa, um edifício cuja remodelação foi projetada pelo arquiteto Álvaro Siza Vieira.
Fica no nº 7 da Rua do Vale e reúne centenas de trabalhos do artista.
Ao longo de uma extensa carreira, expôs por inúmeras ocasiões em Portugal e no estrangeiro. Recebeu também muitos prémios de que são exemplo o prémio da Associação Internacional dos Críticos de Arte – Secretaria de Estado da Cultura (1994), o prémio Celpa/Vieira da Silva (2000), o prémio Amadeo de Souza-Cardoso (2003) e o Prémio Autores 2010. O mais recente galardão recebeu-o ainda este ano: o Prémio Bissaya Barreto pelas ilustrações do livro “O cão que comia a chuva”, com texto de Richard Zimler.