Criticar a forma como se faz teatro e vencer a monotonia que, por vezes, se instala no mundo do espetáculo. É esta a mensagem da peça "A Nossa Cidade" que estreia esta quinta-feira pela mão do Teatro Universitário do Porto.

É uma peça dentro de uma peça e uma crítica à forma como se faz teatro. “A Nossa Cidade- Uma peça em três atos”, de Thorton Wilder, estreia esta quinta-feira, às 22h00, no número 1 da Praça Coronel Pacheco, pela mão do Teatro Universitário do Porto (TUP), com encenação de Nuno Matos. O espetáculo está em cena de 24 de maio a 2 de junho e conta as rotinas de duas famílias e as interações que elas têm durante um dia normal.

Quando questionada sobre a mensagem que os espectadores levam para casa no final do espetáculo, Daniela Araújo Braga, uma das produtoras, não hesita: “Uma mensagem muito forte é o facto de nós irmos ao teatro, de vermos teatro à procura de uma sensação, de que nos provoque alguma coisa. O que o Thorton Wilder explora na peça “A Nossa Cidade” é precisamente essa provocação de ir ver alguma coisa que não se esquece”.

Foto: Helena Soares

Fazer da interpretação um veículo para despertar sensações é o objetivo do TUP desde a fundação do grupo, há 70 anos, garante a produtora: “O TUP, desde a sua fundação em 1948, sempre foi um lugar privilegiado de experimentação e é isso que pretendemos fazer no TUP em todos os espetáculos.”

Esta quinta-feira sobem a palco 15 novos membros do TUP, que integraram o curso intensivo que arrancou em fevereiro. Numa primeira fase os novos membros tiveram aulas de Movimento, Voz e Interpretação, orientadas por profissionais, e, mais tarde, seguiram-se sessões de ensaios dirigidas por um encenador. O curso acontece de dois em dois anos e o próximo inicia-se em 2020.

Foto: Helena Soares

“O curso é mesmo uma coisa muito especial para o TUP, porque é quando vêm novas pessoas para esta casa, com novas ideias, novos projetos, nova energia e trazem sempre coisas que nós nem podemos contar”, conta Daniela Araújo Braga entre risos.

A produtora diz-se satisfeita com o trabalho deste ano: “Estreiam-se 15 novas pessoas em palco, que estão ali de corpo e alma. Mais do que uma boa interpretação são pessoas que estão ali a dar tudo.”

TUP tem nova casa: “É uma mudança muito positiva”

Em junho de 2017, o TUP viu-se a braços com a incerteza, quando foi lançado em Diário da República o concurso público para a venda ou concessão do Colégio Almeida Garrett, onde a companhia ensaiava. Seguiram-se vários meses de reuniões com a reitoria da Universidade do Porto, que acabou por ceder ao grupo um novo espaço na Rua da Boa Hora: “É uma mudança muito positiva”, afiança Daniela Araújo Braga.

Pela primeira vez, o grupo vai ter um espaço com todas as valências de que necessita: “Na Coronel Pacheco tínhamos condições de trabalho, mas não tínhamos um edifício nosso, em que temos uma zona para oficinas, uma zona para cenografia, uma para figurinos. Portanto, as nossas condições de trabalho serão muito melhores”, conta a produtora.

A mudança em definitivo para o novo local só deve acontecer “em outubro ou novembro”. Até lá, o grupo vai mudar-se temporariamente para o edifício do antigo Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental (CIIMAR), na Praça Coronel Pacheco.