“Vocês são poucos, mas bons“. De facto, pouco mais de duas dezenas de pessoas estavam presentes quando Da Chick e a Foxy Band (a sua banda de apoio) subiram ao palco às 19h20. Rapidamente, mudou a sua opinião sobre o público: “já percebi que vocês vieram para ver rock”.

O resto do concerto foi pautado por constantes tentativas de contagiar o público. Perdeu tanto tempo nessa missão que teve de deixar uma música por tocar. A meio do concerto a audiência já tinha aumentado para mais do dobro. “Ainda bem que chegaram, eu estava a gostar tanto de tocar para o homem do som”, disse ironicamente. “Só temos tempo para mais uma, querem uma rockalhada ou uma suave?”. O público decidiu e o concerto acabou com uma “rockalhada”.

Era a vez de Linda Martini trazer o rock que Da Chick alegava ser o que o público queria. O público, ainda a meio gás, não correspondeu totalmente ao rock elétrico dos portugueses. Até o sempre comunicativo Hélio Morais parecia afetado pela falta de receptividade do público. Apenas falou para a audiência para dizer: “vamos tocar mais duas e vamos embora”. 

“Não era um concerto nosso só, tínhamos um slot mais pequeno e, como tal, tivemos de ter atenção a isso. Quanto mais falares menos tempo tens para tocar e nós viemos foi para tocar”, explicou Hélio Morais, baterista da banda, no final do concerto ao JPN. 

Num concerto de 40 minutos, tocaram os êxitos “100 metros sereia” e “Amor Combate” e ainda houve espaço para músicas do novo álbum, como “Boca de sal” e “Gravidade”.

“Happy Birthday, Sandra”

Foi com os Guano Apes que o público se incendiou. Eram muitos os fãs da banda no público, percetivel pelo número de cartazes no recinto. Grande parte deles tinham a mesma mensagem escrita: “Happy Birthday, Sandra”. Era o aniversário de Sandra Nasic, vocalista da banda. No final da primeira música, o público cantou espontaneamente os parabéns. A vocalista riu e agradeceu.

Um dos vários fãs de Guano Apes que levaram cartazes para dar os parabéns à vocalista Sandra Nasic. Foto: Luis Miguel Rocha

Ainda estavam os Guano Apes em palco e já Ermo havia começado a sua atuação no palco Dance, sem grande adesão. O público estava praticamente na sua totalidade concentrado no palco principal para ver a banda alemã.

Pelas 23h45, chegava a hora da banda mais esperada da noite: Gogol Bordello. Entrada explosiva dos nova-iorquinos, bem à sua imagem. “Wonderlust King”, um dos maiores êxitos da banda, foi logo a segunda música.

Pouco tempo depois de ter subido a palco, já Eugene Hutz, vocalista da banda, estava visivelmente suado. Um concerto frenético de início ao fim, praticamente sem pausas para respirar. Exceção feita a quando Eugene se sentou e começou a ler um livro: “Eu deixei este livro a meio na última vez que cá vim”, confidenciou. O vocalista dos Gogol Bordello começou a ler o livro, onde estava escrita a letra da música “Morena Tropicana” de Alceu Valença. O público aplaudiu a demonstração de domínio da língua de Camões.

Público esse que não parou durante todo o concerto. Moshes intermináveis e crowdsurfers até perder de vista – assim foi a vista a que os Gogol Bordello tiveram direito.

Os que ainda tinham energia deslocaram-se para o interior da alfândega, onde está o palco Dance, para ver Xinobi Live. Terminado o primeiro dia de festival, as atenções voltam-se para o segundo e último: First Breath After Coma, Slow J, Mão Morta (Mutantes S21) e The Prodigy são, por esta ordem, os artistas responsáveis por fechar o North Music Festival deste ano. 

As portas abrem pelas 18h00.

Artigo editado por Filipa Silva