A Marcha do Orgulho do Porto, que vai para a 13ª edição, ganhou tempo e espaço, para a expressão e para o debate. Esta sexta-feira arranca o Festival Desarmário.

Um momento que quer ganhar momentum. A Marcha do Orgulho do Porto tem data e local marcados (7 de julho, Praça da República), mas este ano quis crescer para além desse dia para promover o debate e a reflexão em torno de várias questões ligadas à comunidade LGBT+ (Lésbica, Gay, Bissexual, Trans, Queer, Intersexo e outras identidades sexuais ou de género).

É assim que nasce o Festival Desarmário que já esta sexta-feira arranca na cidade Invicta e que vai decorrer até ao dia da marcha.

“A ideia de fazer algo que durasse um mês – com várias intervenções, que ocupasse vários espaços da cidade, que desse voz a várias pessoas, grupos, coletivos, artistas – veio deste desafio para a comunidade LGBT do Porto de se desacomodar e ficar mais consciente”, explica ao JPN Pedro Soveral Elias, da organização.

A ideia que serve de mote ao festival – “Desacomoda-te, traz a tua luta” – serviu também para lançar uma open call, que durou três semanas, para quem quisesse apresentar propostas para a programação do festival. Dessas, a organização selecionou 30.

Propostas que vão no sentido de um debate amplo e não centrado sobre um tema específico.

“Isso foi muito debatido na organização: se havíamos de afunilar para um tema que nós achassemos mais importate ou mais mediático; ou se tentavamos abordar todas as temáticas – homofobia, transfobia, realidades familiares complexas e contextos sociais díspares – a conclusão foi que, pelo menos nesta primeira edição, à semelhança da 13ª marcha, não nos vamos cingir a uma temática”, explica Pedro Soveral Elias.

Assim, são vários os temas e as formas dos conteúdos. Há debates, performances, concertos, projeção de filmes, oficinas, exposições e outros eventos, a decorrerem sempre às quintas, sextas, sábados e domingos do próximo mês – “com uma exceçãozinha no São João”.

Esta sexta-feira, primeiro dia do Festival Desarmário, há duas exposições que vão inaugurar. Uma no Era uma Vez no Porto, outra no Duas de Letra.

Amanhã, sábado, há uma festa de abertura marcada para o Rádio Bar e domingo há uma oficina nas Virtudes e um debate sobre “PinkWashing e o Movimento LGBT+” para acompanhar no Espaço GAZUA.

Fado Bicha é o porjeto musical de Lila Fadista e João Caçador.

Fado Bicha é o porjeto musical de Lila Fadista e João Caçador. Foto: Fado Bicha/Facebook

Gato Vadio, Rosa Imunda, café Lusitano e o histórico café Ceuta estão na lista dos espaços que também acolhem atividades do certame. A programação completa do evento pode ser consultada na página de Facebook da Marcha do Orgulho do Porto.

Pontos altos da programação serão o concerto de Fado Bicha, na GAZUA, na noite de 30 de junho e Nenê Lucas que vai atuar na Marcha, no último dia do festival.

Quem deu uma ajuda foi Regina Guimarães. A organização convidou a artista que fez os desenhos que serviram de base à imagem gráfica do festival, ao logotipo e ao cartaz da MOP.

“Convidamo-la para ela expor um bocadinho este conceito de artisismo que é utilizar a arte como forma de ativismo, que é o que vamos fazer um pouco no Festival Desarmário”, observa Pedro Soveral Elias.

O ativista nota ainda que o Festival vem estimular o debate numa altura em que ele é necessário.

“Tem de haver um repensar por parte das pessoas da comunidade LGBT. Principalmente as pessoas mais novas já estão a crescer com a maior parte das lutas mais importantes já batalhadas – apesar de, claro, ainda existir muita luta pela frente – mas esta questão do paradigma da sociedade, de como é que cada um se enquadra, tem de ser continuada e nós temos de tentar fazer com que as pessoas se mexam. Daí o desarmário, tirar a cidade do armário”, concluiu.

Panteras Rosa, SOS Racismo, rede ex-aequo e as associações de estudantes de Arquitetura, Letras e Psicologia da Universidade do Porto são algumas das entidades envolvidas na organização.