Enquanto existiu como país, a Jugoslávia denotava capacidade futebolística. As suas seleções eram compostas invariavelmente por jogadores habilidosos, bem ao estilo sul-americano. Os filhos de Josip Tito montavam um estilo rendilhado, repleto de técnica e verticalidade. No entanto, o país era um autêntico barril de pólvora, medido por pensamentos divergentes, diferenças étnico-religiosas e conflitos internos. Vários fatores que acabaram por influenciar a concretização de resultados.

Foi com a nomenclatura de República Socialista Federativa da Jugoslávia adquirida nos anos sessenta que o país balcânico atingiu os melhores desempenhos nos relvados: a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de 1960 e o triunfo no Mundial Sub-20 em 1987. No Campeonato do Mundo de seniores esteve por oito vezes, arrancando dois quartos lugares nas edições de 1930 e 1962 e uma das vitórias mais dilatadas da prova: 9-0 ao Zaire em 1974.

À entrada para a década de noventa a União Europeia veio a reconhecer a independência de todas as nações jugoslavas. De seguida apareceram cinco novas seleções: Bósnia, Croácia, Eslovénia e Macedónia seguiram caminhos distintos, ao passo que Sérvia e Montenegro deram corpo à República Federal da Jugoslávia, que chegou a estar representada no Mundial de França, em 1998.

A partir de 2003, ambas constituíram a seleção servo-montenegrina, que durou três anos até à independência de Montenegro e saiu da copa de 2006 sem qualquer ponto somado. Daí para a frente, a FIFA considerou a Sérvia como sucessora oficial da seleção jugoslava. Na primeira tentativa de apuramento para Mundiais, as “águias brancas” não falharam e qualificaram-se para o Mundial da África do Sul, em 2010.

Entre derrotas com Gana e Austrália abriu-se uma surpresa: um golo de Milan Jovanović valeu a vitória sobre a Alemanha em Port Elizabeth. Pelo caminho, a expulsão de Miroslav Klose e o penálti defendido por Vladimir Stojković reforçaram a primeira derrota germânica na fase de grupos de Mundiais desde 1986. A turma de Joachim Löw acabaria por seguir em frente no grupo D até finalizar o torneio no terceiro lugar. Já os balcânicos abandonaram cedo demais a África do Sul, com três pontos e dois golos concretizados. Só voltaram a disputar fases finais este ano.

Foi a sétima vez que os dois países se encontraram em Mundiais. Nas vinte edições da prova trata-se do jogo mais repetido, a par do Brasil-Suécia e do Alemanha-Argentina – curiosamente, dois encontros que enquadraram as finais de 1958, 1986, 1990 e 2014.

“Almanaque Mundial” é um rubrica diária do JPN que mergulha em curiosidades da principal competição futebolística de seleções.