Depois do empate com a Espanha, Portugal saiu da segunda jornada do grupo B com os três pontos. A vítima foi a seleção de Marrocos que depois da derrota por 1-0 desta quarta-feira, em Moscovo, anulou as hipóteses de seguir em frente na competição. Já Portugal, com quatro pontos, fica mais perto do apuramento. A exibição portuguesa deixou a desejar (até ao selecionador nacional) pela apatia demonstrada ao longo dos 90 minutos.
Cristiano Ronaldo, que voltou a marcar quando estavam decorridos apenas quatro minutos, e Rui Patrício, com uma defesa decisiva, salvaram Portugal.
Alterações nos onzes
Apontado à titularidade pela generalidade da imprensa, André Silva manteve-se no banco. Fernando Santos manteve uma frente mais móvel com Guedes a fazer dupla com Cristiano Ronaldo. Um sinal de que, apesar de querer assumir o jogo, Portugal não ia descurar o momento do contra-ataque. Em relação ao jogo com a Espanha, apenas uma alteração: João Mário no lugar de Bruno Fernandes. O médio que na segunda metade da época passada jogou no West Ham podia dar mais capacidade de reter a bola no meio-campo adversário.
Do lado de Marrocos, o médio defensivo El Ahmadi mantinha-se a compensar os critaitvos Ziyech, Belhanda e Boussoufa. Amrabat recuperou de lesão e manteve o seu lugar no onze, Dirar avançou para o lugar de Harit, conferindo mais segurança no corredor direito de Marrocos, o ponta-de-lança Boutaib ocupou o lugar de Ayoub Kaabi e Manuel da Costa – ex-internacional português pelso sub-21 – jogou no lugar de Saiss, fazendo dupla no eixo central defensivo com Benatia, grande figura dos “leões do Atlas”.
No relvado do Luzhniki, em Moscovo, enfrentavam-se duas seleções em momentos diferentes mas com um objetivo comum: a vitória. Depois dos resultados da primeira jornada, este jogo era muito importante para Portugal, mas decisivo para Marrocos.
Quem mais haveria de ser?
Nos primeiros instantes do jogo, Marrocos assustou. Boa entrada dos marroquinos que, fortes nos duelos, aproximaram-se de Rui Patrício.
Ainda assim, com Cristiano Ronaldo, tudo se torna mais fácil. Aos 4 minutos, Portugal fica em vantagem na sequência de um canto. O cruzamento é de João Moutinho e a entrada triunfante de cabeça pertence ao capitão nacional. Quatro golos de Ronaldo em dois jogos e, tal como contra a Espanha, Portugal começava o jogo praticamente em vantagem.
Marrocos mais perigoso
Nos momentos que se seguiram ao golo, ficaram claras as intenções das duas equipas. Quando recuperava a bola, Portugal tentava gerir e retardar o ritmo de jogo. Pelo contrário, Marrocos estava muito intenso. Com várias aproximações às redes nacionais, Marrocos foi assustando, ganhando cantos, mas falhava invariavelmente no momento do último passe ou do remate. Assistia-se a alguma passividade dos homens do meio-campo de Portugal.
Perto dos 20 minutos, Fernando Santos trocou as posições de Guedes e João Mário. Com Guedes na ala esquerda e João Mário no apoio a Ronaldo, o “engenheiro” procurava reforçar a luta do meio-campo. Desta forma, Portugal tinha na zona central mais um médio e menos um avançado.
Eficácia quase total mantém o jogo em aberto
Por muito que Fernando Santos tivesse tentado melhorar o jogo de Portugal, a verdade é que a equipa falhou muitos passes, não conseguiu gerir o jogo e só Marrocos estava rápido, incisivo e eletrizante. A seleção africana procurou, na maioria dos seus ataques, explorar o lado de Raphael Guerreiro. Amrabat foi um osso muito duro de roer para o lateral do Dortmund. Apesar da tendência da partida, foi Portugal que, com um grande passe de Ronaldo, esteve perto de marcar. Na cara de golo, Gonçalo Guedes foi perdulário e permitiu a defesa de Munir. O intervalo chegou e trazia a noção clara de que o jogo estava muito longe de estar ganho, apesar das melhores oportunidades terem sido portuguesas.
4-3-3 mais seguro e São Patrício
O intervalo não trouxe substituições, mas trouxe alterações à seleção portuguesa. João Mário aproximou-se de Moutinho no meio-campo e William passou a jogar sozinho à frente da defesa. Com esta alteração, Portugal tornou o seu jogo mais seguro. Marrocos continuava a ter a iniciativa, mas não estava tão perigoso.
Raphael Guerreiro contou com a ajuda de João Mário para travar Amrabat mais regularmente. Ainda assim, foi contra a lógica que aconteceu a melhor ocasião de Marrocos no jogo. Livre de Ziyech e Belhanda, de cabeça, obriga Rui Patrício a uma defesa magistral.
Defender bem, contra-atacar melhor
Já se tinha percebido há muito que este seria um jogo de sacrifício, que Bernardo Silva estava apagado no jogo e que, para fazer o segundo golo, Portugal dependeria de verticalidade no contra-ataque. Gelson Martins foi chamado ao jogo para substituir o médio do Manchester City, num sinal de que o selecionador queria um bom jogo defensivo, mas também queria uma seleção que explorasse o contra-ataque.
Sofrimento
As alterações de Fernando Santos não resultaram. Os minutos iam passando, o resultado não se alterava e a pressão de Marrocos intensificava-se.
Bruno Fernandes entrou para o lugar do João Mário e, do lado marroquino, o treinador trocou os avançados Boutaib por Kaabi. Ofensivamente, Portugal continuava a não existir. Com os últimos minutos, chegava o momento de arregaçar as mangas e, se não era possível marcar, então importava não sofrer.
Carcela, ex-jogador do Benfica, também entrou e mexeu com o jogo de Marrocos, mas o tempo começava a escassear para os africanos. À entrada dos últimos cinco minutos, Rénard prescindiu do seu médio-defensivo Ahmadi e lançou mais uma seta: Fajr. Era o assalto final dos marroquinos. Do lado português, Fernando Santos também guardou a última cartada para os cinco minutos finais: Adrien refrescou o meio-campo e substituiu Moutinho.
Três pontos de ouro
No entanto, o marcador não sofreu qualquer alteração até ao final. Uma boa exibição de Marrocos não chegou para evitar a eliminação. Cristiano Ronaldo, letal, voltou a salvar Portugal. Com este triunfo por 1-0, a seleção lusa passa a somar quatro pontos e espera o que farão mais logo a Espanha e o Irão.Se Fernando Santos deu uma “nota seis” à exibição nacional frente à Espanha, esse resultado terá, certamente, baixado depois desta exibição.
Na flash interview, o selecionador mostrou-se agastado com a exibição portuguesa: “Não consigo perceber porque não estamos a conseguir fazer circular a bola, vou ter de falar com os jogadores”, disse. Ainda assim, o técnico falou dos pontos positivos: “Fomos muito solidários, é verdade, e por isso é que também não sofremos golos”. Portugal garantiu o fundamental e está, agora, mais perto do apuramento.
O próximo encontro é frente ao Irão de Carlos Queiroz, na segunda-feira (25).
Artigo editado por Filipa Silva