É um dia importante para a Fundação de Serralves. Com a inauguração esta sexta-feira da exposição “Anish Kapoor: Obras, Pensamentos, Experiências” a instituição cultural portuense abre “uma nova linha na sua programação”, como explicou Ana Pinho, presidente do Conselho de Administração na apresentação da mostra à imprensa que decorreu esta manhã.

Trata-se da primeira Grande Exposição Anual no Parque que, como o nome indica, a Fundação quer repetir todos os anos.

E este é o ano de Anish Kapoor, escultor nascido na Índia e radicado no Reino Unido, considerado um dos mais importantes da sua geração. Suzanne Cotter, ex-diretora do Museu de Serralves e curadora desta exposição – era ainda a diretora quando desafiou Kapoor a expor a sua obra no Porto – apelidou-o de “um dos mais icónicos artistas do nosso tempo”.

Anish Kapoor, internacionalmente conhecido por obras como “Cloud Gate” feita para o Millennium Park de Chicago, também esteve na apresentação e guiou a imprensa pelas quatro esculturas que tem no Parque de Serralves e ainda pelos trabalhos que tem no interior do museu, espécie de centro comunicante com o exterior.

Para descrever os jardins de Serralves, onde trabalha já há vários meses na montagem da sua exposição, o artista comparou-os a Versailles para dizer que são “o exato oposto”. Por outras palavras, se os famosos jardins franceses primam pela formalidade, os portuenses são mais parecidos com “um jardim inglês, com pequenos espaços”. Serralves “é muito mais humano, mais inclusivo de certa forma”, disse aos jornalistas no final da visita.

Pelo meio explicou alguns dos conceitos que serviram de base a Sky Mirror, instalado no Jardim do Relógio do Sol, a Language of Birds (perto do Lago) que é o mais recente da coleção e que é exposto pela primeira vez, The Descent of Limbo, em fase de finalização numa estrutura de betão montada na Clareira das Azinheiras e, a mais impactante do quarteto, Sectional Body Preparing for Monadic Singularity, montada na Clareira das Bétulas, e que o criador quis colocar a comunicar com a arquitetura de Siza Vieira – “considero-o um dos melhores arquitetos do nosso tempo”, disse -, ali mesmo ao lado, no Museu de Serralves.

O céu e a terra, o positivo e o negativo, o exterior e o interior. A obra do artista é marcada por polos e pelos novos significados criados pelo seu cruzamento: “Vivemos num mundo de opostos. Nós construímos esses opostos porque os carregamos”, explicou aos jornalistas.

O escultor apresentou ainda, entre as 54 maquetes e modelos que tem expostas no interior do Museu de Serralves, a obra “In the Shadow of the Tree and the Knot of the Earth” (ver na galeria) que vai ser construída no Prado de Serralves no que será a primeira obra do autor no nosso país. Porquê obras de tão grande dimensão? “São grandes?”, respondeu com humor. “A escala não é só uma questão de tamanho. É uma questão também de significado. Além disso, estou interessado nessa coisa que é o espanto“, refletiu. A exposição é inaugurada esta sexta-feira e tem entrada livre.