Considerado um dos artistas mais marcantes do século XX, Robert Mapplethorpe (1946-1989) tem desde esta quinta-feira uma exposição em Serralves. A mostra Robert Mapplethorpe: Pictures é a primeira do artista em terreno nacional, destacando-se pela sua vasta dimensão.

Concentra-se em 159 imagens que nos envolvem em quatro salas (e um corredor) e que ilustram a experiência de Mapplethorpe desde o momento em que começa a fotografar com uma Polaroid, no final dos anos 60, até que troca a máquina instantânea pela perspetiva em quadrado, com o auxílio de uma Hasselblad.

Acompanhado por Michael Ward Stout – o presidente do Conselho de Administração da Robert Mapplethorpe Foundation, proprietária das fotografias -, João Ribas, diretor do Museu de Serralves e curador da exposição, caminha pelo espaço destacando imagens como a capa do álbum Horses de Patti Smith que Mapplethorpe produziu; os seus auto-retratos, as flores que captou, e toda a panóplia de músicos, artistas, celebridades, amantes e amigos que viu por detrás da lente.

 

É, de facto, por este envolvimento estabelecido com o mundo da música e das artes que as suas obras são frequentemente lembradas – não pelo nome do fotógrafo, mas pelo contexto e pelas personalidades em que são inseridas e com que trabalhou. “Muitas vezes, e é o meu caso também, encontramos o trabalho de Mapplethorpe antes de saber quem é, ou o que é arte ou o que é fotografia”, afirmou João Ribas.

Predominantemente a preto e branco, as imagens surgem como uma série de snapshots com um rigoroso enquadramento que abraça o espectador de uma forma tensa e directa. “Mapplethorpe sabe exatamente o que quer: a luz, o arranjo das flores – tudo é trabalhado. E há muitas histórias de assistentes a trabalhar com ele, que organizavam o cenário, e ele entrava, olhava e dizia: ‘Assim, assim, assim e assim’”, conta o diretor de Serralves durante a visita guiada à imprensa que decorreu esta quinta-feira.

A mostra inclui também fotografias de grande caráter sexual, que exploram o corpo e o desejo. As mais explícitas foram colocadas numa área reservada com acesso restrito a maiores de 18 anos.

A retrospetiva da obra do fotógrafo norte-americano, que morreu em 1989, em Boston, vítima de complicações decorrentes do vírus HIV, não se fica pela exposição (patente até 6 de janeiro). No programa de Serralves estão previstas várias visitas guiadas, uma conferência com o professor de História de Arte Jonathan Nelson (29 de setembro) e a exibição de um filme, em parceria com o Queer Porto-Festival Internacional de Cinema Queer: “Mapplethorpe, de Ondi Timoner (29 de novembro).

Artigo editado por Filipa Silva