Com estreia marcada para esta quarta-feira, a peça “Ter Razão”, cocriação do Teatro da Palmilha Dentada e da Ensemble – Sociedade de Actores, aborda de forma mordaz vários momentos do quotidiano que, embora banais, acabam por ser determinantes.

“O que eu realmente quero com esta peça é pôr-vos a fazer perguntas”, já que “a primeira função do teatro não é dar respostas”, explica o encenador da peça, Ricardo Alves, também diretor artístico da Palmilha Dentada.

É, então, com alusões a “engarrafamentos monumentais” e problemas da vida familiar, que o espectador se aproxima da verdadeira temática da obra: ter razão.

Na verdade, é a busca incessante do Homem por estar sempre correto e a enorme necessidade de prolongar ao máximo essa sensação que irrequieta Ricardo Alves.

Emília Silvestre, uma das atrizes do elenco, sublinha a relevância desse questionamento: “Estas perguntas que o Ricardo faz com o texto são muito interessantes, porque de vez em quando eu tenho a certeza que o público é apanhado de surpresa e reconhece que também faz aquilo. E isso é muito engraçado, porque de repente obriga as pessoas a questionarem as suas certezas”. A diretora da Ensemble – função que divide com Jorge Pinto, ator também nesta peça – completa a ideia: “Esta coisa obsessiva que muita gente tem de ter razão é muito irritante. Porque ter razão depende de tantas coisas…”.

Ivo Bastos e Teresa Arcanjo completam o quarteto que vai subir ao palco do Teatro Carlos Alberto (TeCA) para interpretar a peça que Ricardo Alves encenou a convite da Ensemble.

Ivo Bastos, Jorge Pinto, Emília Silvestre e Teresa Arcanjo formam o quarteto de atores.

Ivo Bastos, Jorge Pinto, Emília Silvestre e Teresa Arcanjo formam o quarteto de atores. Foto: TNSJ/Susana Neves

De acordo com atores e encenador, a construção conjunta da peça foi um desafio. Num contexto de adversidade, provocado pela falta de financiamento estatal – as duas companhias não foram contempladas pelo concurso deste ano da Direção Geral das Artes -, a paixão pela arte prevaleceu e tornou possível, neste caso, a realização da peça “Ter Razão”.

Ainda assim, Ricardo Alves salienta: “Isto não é a demonstração de que é possível fazer teatro em Portugal sem apoios”. “Que não haja a ilusão de que é possível [sem apoios] fazer teatro de qualidade, com rigor e com o tempo que é necessário estar em cena para criação de públicos”, sublinhou o encenador.

Esta coprodução, que envolve Ensemble, Teatro Nacional São João e Casa das Artes de Vila Nova de Famalicão, estreia esta quarta-feira, dia 26 de setembro, no Teatro Carlos Alberto, e permanece em cena até domingo, 30. De quarta a sexta, o espetáculo inicia-se às 21h00, sábado decorre às 19h00 e domingo começa pelas 16h00. O custo dos bilhetes é de 10 euros por pessoa.

Artigo editado por Filipa Silva