Depois da vitória segura diante da Polónia, em partida a contar para a Liga das Nações, a equipa das quinas voltou a vencer, este domingo, em Glasgow, desta feita diante da Escócia, num jogo particular. Hélder Costa, Éder e Bruma foram os autores dos golos portugueses, com Naismith a descontar para os escoceses já depois dos 90 minutos regulamentares.

Com Pepe, Bernardo Silva e Rui Patrício dispensados, Fernando Santos decidiu promover estreias no onze titular que pisou o relvado do Hampden Park. O adversário de Portugal vinha de uma derrota pela margem mínima em solo israelita (1-2), também a contar para a nova competição de seleções europeia.

Em relação a Chorzów, apenas Rúben Dias resistiu ao furacão de alterações. Com Beto a capitanear a equipa, o destaque foi para a presença de Hélder Costa na equipa inicial. O avançado do Wolverhampton, formação inglesa comandada por Nuno Espírito Santo, foi uma das estreias registadas na partida. Pedro Mendes e Cláudio Ramos também jogaram os primeiros minutos com a camisola lusa.

Consequência das caras novas dentro das quatro linhas, Portugal entrou em jogo descoordenado e apático. Os passes falhados e a falta de agressividade e antecipação permitiu que os escoceses controlassem o jogo e protagonizassem vários ataques a seu bel-prazer. Contudo, a qualidade superior da formação portuguesa fez-se sentir ainda antes do intervalo, com um golo do estreante Hélder Costa. Os restantes 45 minutos viram mais dois tentos certeiros das quinas e ainda um golo de honra da equipa da casa. Apesar dos quatro golos, pairou a sensação de um jogo com pouco ritmo, parco em ocasiões.

Mau arranque

O início do jogo conheceu uma seleção diferente dos jogos anteriores. Além das mudanças na formação titular, a equipa entrou em campo bastante tímida e sem uma ideia definida de jogo. Os primeiros vinte minutos viram passes falhados, falta de agressividade e de antecipação, perante os jogadores escoceses, determinados em fazer esquecer a derrota em Haifa.

Os primeiros sinais de perigo surgiram da cabeça de Sérgio Oliveira, após os 14 minutos de jogo. Contudo, perto da baliza errada. Num cruzamento tenso de Forrest, o médio português tentou afastar a bola de cabeça, mas o desvio acabou por sair direto à própria baliza. Valeu Beto que rapidamente desviou a bola por cima do travessão.

À entrada dos 20 minutos de jogo, Portugal mostrava dificuldades em sair com a bola. Um balão de Luís Neto para a grande área contrária, com o esférico a pentear a cabeça de Sérgio Oliveira antes de morrer nas luvas de Gordon foi das poucas vezes que a formação de Fernando Santos importunou minimamente a defesa escocesa. No sentido inverso, a equipa da casa continuava a atacar, com as armas que tinha.

Aos 27 minutos, a seleção protagonizava, finalmente, um ataque perigoso. A passe de Sérgio Oliveira, Bruno Fernandes tentou desmarcar-se na grande área adversária, mas é travado pela interceção escocesa. Contudo, o corte deficiente encontra Bruma, que, enquadrado com a baliza, remata ligeiramente ao lado do poste direito do guardião escocês.

A cinco minutos do final da primeira parte, Éder ainda assusta Gordon. Bruma e Sérgio Oliveira tabelam à entrada da área, com o avançado do Lepzig a deixar o esférico com o ponta de lança do Lokomotiv. Ainda com alguma hesitação, Éder remata à meia volta, para grande defesa de Gordon.

Se momentos antes o guarda-redes teve razões para sorrir na fotografia, o golo de Portugal rapidamente as apagou. À passagem dos 43 minutos, Kevin Rodrigues acelerou pelo flanco esquerdo até à linha final e o cruzamento rasteiro encontrou um estreante. Hélder Costa, discretamente, antecipa-se à defesa escocesa e encosta a bola para o fundo das redes. O toque, fraco, serviu para que o avançado dos Wolves se estreasse também na lista de goleadores da seleção portuguesa.

Hélder Costa estreou-se a marcar por Portugal.

Hélder Costa estreou-se a marcar por Portugal. Foto: Facebook FPF

Ao intervalo, apesar das investidas escocesas, a diferença no marcador deveu-se essencialmente à qualidade díspar entre as duas seleções. A margem mínima portuguesa contrariava uns primeiros 45 minutos apagados da equipa lusa.

Três golos e pouco mais

A segunda parte iniciou com uma Escócia persistente, à procura do golo da igualdade. Após um remate rasteiro e sem perigo de McBurnie, foi a vez da defesa tentar fazer aquilo que o ataque escocês não conseguiu. McKenna não precisou de subir, mas sim de descer, num cabeceamento em mergulho após pontapé de canto. A bola saiu ao lado do poste esquerdo da baliza portuguesa, mas assustou.

Os primeiros 30 minutos da segunda metade do jogo foram desinteressantes. Os ataques sucediam-se, mas sem qualquer perigo e a um ritmo lento. Pelo meio, Fernando Santos decidia promover a segunda estreia da noite, com a entrada de Pedro Mendes, defesa de 28 anos do Montpellier, para o lugar de Rúben Dias.

À passagem dos 66 minutos, Portugal usufruiria de uma ocasião de golo flagrante, não fosse a bandeira do árbitro assistente desmentir tal jogada perigosa. Bruno Fernandes isola-se totalmente no ataque e, no mano a mano com Gordon, o guarda-redes do Celtic levou a melhor, embora o fora de jogo tivesse sido marcado no instante seguinte.

Num momento em que as bancadas do Hampden Park já bocejavam, chega o segundo tento certeiro da equipa das quinas. A 15 minutos do final, Renato Sanches bate o livre em direção à área adversária, para encontrar a cabeça de Éder. O ponta de lança português saltou mais alto do que O’Donnell e disparou para o lado oposto de Gordon. Sem hipótese para o guardião, Portugal encerrava quaisquer dúvidas quanto ao desfecho da partida.

Passados dez minutos, Bruma arrancou aplausos da bancada. A jogada do terceiro golo português surge dos pés de Gedson. O médio benfiquista, com um passe em profundidade a passar toda a defesa escocesa, encontra Bruma no final. O avançado, veloz e ágil, passa pelos últimos adversários com habilidade, antes de fuzilar a baliza de Craig Gordon. Foi o primeiro golo do luso-guineense pela seleção das quinas.

Éder e Bruma festejam depois do terceiro golo português.

Éder e Bruma festejam depois do terceiro golo português. Foto: Facebook FPF

Ainda antes do final da partida, com o placar a indicar 3-0, o selecionador nacional decide estrear ainda Cláudio Ramos, para o lugar de Beto. Com a saída do guardião do Goztepe, a braçadeira de capitão passava para o braço de Éderzito. No entanto, os primeiros minutos do guarda-redes do Tondela com a camisola portuguesa foram agridoces. No último minuto do tempo de compensação, Mackay Steven aproveita a desatenção da equipa das quinas para, de calcanhar, isolar Naismith. Frente a Cláudio Ramos, o avançado do Hearts não perdoou e conquistou o público com o golo de honra escocês, um remate em arco, junto ao poste direito da baliza lusa.

Com este resultado, Portugal encerra a pausa de seleções 100% vitoriosa, com vitórias diante da Polónia e da Escócia. Já a formação da casa arrecadou duas derrotas consecutivas, frente a Israel e à equipa de Fernando Santos.

Apesar de ter sido um jogo de poucas emoções, a prestação segura de Portugal deixa bons sinais para os próximos encontros. Com a vitória da Itália pela margem mínima frente aos polacos, a equipa das quinas pode já confirmar a presença na fase final da Liga das Nações em novembro, face à squadra azzurra. Já a Escócia vai defrontar a Albânia na mesma altura, jogo vital para as aspirações dos comandados de Alex McLeish na terceira divisão da nova competição europeia de seleções.

“Os golos foram acontecendo com naturalidade”

Os “primeiros 20 minutos” foram fracos para o selecionador nacional, mas algo que encontra justificação nas alterações feitas para este jogo: “[Foi a] primeira vez que jogaram em conjunto e portanto houve ansiedade no início do jogo”, explicou Fernando Santos. O treinador afirmou que, após o primeiro golo marcado, “obviamente que a equipa se libertou mais, teve outra fluência no jogo” e que “os golos foram acontecendo com naturalidade”.

Hélder Costa estreou-se a jogar e a marcar pela equipa portuguesa, mas sublinhou que “o mais importante é que a equipa tenha feito um bom jogo e conseguido a vitória”. Pedro Mendes, outro dos estreantes, referiu que foi “mais um que vem cá para ajudar”. O defesa do Montpellier afirmou não ter sentido “grandes dificuldades” e que tinha sido bem recebido pelo grupo. Já Cláudio Ramos falou do “concretizar de um sonho”.

Artigo editado por Filipa Silva