Cosplay, painéis, concertos, filmes, concursos, showcases, youtubers, sessões de dança, workshops, entregas de prémios, karaoke, mais cosplay, aulas de desenho e de japonês, merchandising, cultura tradicional japonesa, torneios, meet & greet, comida, mais cosplay ainda e partilha de experiências. O IberAnime tem um pouco de tudo.
Na realidade, partilha de experiências bastaria para definir o que é este evento. É quase impossível descrever o ambiente a alguém que nunca tenha visitado uma convenção do género.
A partir do momento em que se passa a entrada, toda a gente fala com toda a gente, numa enorme partilha de gostos, experiências e ideias. Afinal, têm muito em comum: é mais o que os une do que o que os separa.
A grande novidade da edição deste ano, que decorreu no último fim de semana, foi a mudança para a Exponor. O evento não tem tido pouso fixo e as reações do público oscilam.
O Palco Omen tem um público quase permanente. Os videojogos têm um papel central este fim de semana – não fosse a organização conjunta com o Eurogamer Portugal Fest.
Com menos movimento, mas igualmente interessante, esteve o Palco Cultural. As apresentações de Aikido, Ju-jitsu e Kendo são as que atraem mais curiosos.
Bohdan Sebestik, mestre de Aikido, está em Portugal desde os anos 90. Diz que começou a praticar Aikido porque se pratica “o corpo, a mente, o espírito, a atitude, a serenidade e isso depois contribui para estarmos bem e termos um dia a dia melhor que o normal”, declara ao JPN.
Considera que um evento como o IberAnime “é importante para fazer demonstrações de artes marciais, para que os jovens aprendam coisas novas. Dessa forma, evitam estar tanto tempo no mundo virtual e entram em treino do corpo e da mente. Isso contribui para o desempenho pessoal, no trabalho e na família”, diz Bohdan Sebestik.
Os visitantes do evento são maioritariamente jovens. Os fãs de anime, manga, videojogos – ou, até, mais adeptos do mundo do entretenimento americano – cobrem as alcatifas dos pavilhões quase na sua totalidade.
Para além do programa de atividades, os visitantes podem lançar-se numa demanda pelas barracas – com o objetivo de encontrar o objeto ideal da sua produção japonesa favorita. A comida típica do Japão também está presente, assim como os origamis e os carateres deste idioma asiático.
Os jovens parecem gostar particularmente de experimentar os videojogos espalhados pelo recinto, assim como os jogos de tabuleiro. No entanto, o elemento-rei desta festa asiática é o cosplay.
Jojo Pose Contest chegou ao Porto
Vitorino Vinagre tem 17 anos e faz cosplay há oito. Apesar de não desgostar da mudança para a Exponor, prefere o Multiusos de Gondomar – “é um espaço a que toda a gente já está familiarizada”. Relativamente ao IberAnime, confessa que apenas o convívio o cativa: “Como é a minha oitava vez, os eventos não fogem muito do mesmo. Por isso, venho só pelo convívio, para estar com as pessoas outra vez, já que é só uma vez por ano.”
Flávio Batista, de 26 anos, e Ivo, de 27, frequentam o evento desde 2013. O primeiro gosta de fazer cosplay de Sinbad de Magi, o segundo prefere encarnar a personagem de Natsu, de Fairy Tail.
“Apesar de um carinho especial por Gondomar, por ter sido onde conheci o IberAnime, acho que aqui as condições são melhores, o pessoal consegue andar no evento mais à vontade”, relata. Esta é também a opinião de Leonardo Lucas, de 23 anos. Estima que o seu fato demorou três meses a fazer, dedicando-lhe cerca de uma hora por dia.
Outra das atrações do evento é a zona dos artistas. Luís Figueiredo já é um homem da casa – tanto do IberAnime, como da Comic Con. “Não é fácil para nós, artistas, darmos conhecimento do nosso trabalho e são estes eventos que nos fazem divulgar e conhecer às pessoas”, conta ao JPN.
Seguindo esta linha de pensamento, “sem dúvida que a mudança para a Exponor ajuda – no ano passado foi em Gondomar e não foi tão divulgado. Mas também ajuda em termos de localização, era muito difícil o acesso a Gondomar.”
“Aconselho os aspirantes a artistas a aproveitarem o máximo tempo possível para desenhar e seguir as suas paixões. Quer seja o desenho, quer seja outro tipo de coisa, que sigam o seu sonho”, sublinha.
Um dos momentos mais aguardados deste IberAnime chegou pouco depois do início da tarde. O Jojo Pose Contest tinha sido um sucesso na edição lisboeta do evento e chegava a altura de se estrear no Porto.
A competição consistiu na imitação de várias poses do popular manga Jojo’s Bizarre Adventures. O júri ficou encarregue de avaliar as semelhanças entre a imagem projetada e a recriação dos participantes.
O concurso teve uma forte participação do público, que encorajou os seus concorrentes favoritos. No total, foram necessárias nove rondas para encontrar a vencedora. A honra foi para Camila, de 21 anos.
Ao JPN, a jovem contou que vem ao IberAnime “desde 2011”, mas que “foi a primeira vez” que participou numa competição destas. “Estava muito nervosa e incrédula quando ganhei”, admitiu Camila, já que só tinha participado para se “divertir”.
Organização promete “novidades” para breve
Perto das 17h30, o Palco Maggi recebeu o painel dedicado a Dragon Ball Super, o anime que serve de sequela ao manga japonês que marcou várias gerações. Os dois convidados presentes em palco foram Ricardo Mourão, administrador da página de Facebook Dragon Ball de Portugal, e Quimbé, ator e dobrador que participa na versão portuguesa de Dragon Ball Super.
A discussão do painel debruçou-se sobre como o apoio dos fãs portugueses foi crucial para que Dragon Ball Super fosse dobrado em português pelos atores das séries originais. Para além disso, apelou-se a todos os presentes para ajudarem na campanha das redes sociais para trazer o filme Dragon Ball Super: Broly para os cinemas, em Portugal.
Quimbé esteve disponível para uma sessão de perguntas e respostas por parte de alguns fãs. O experiente ator de dobragens relembrou algumas das peripécias da sua carreira e desvendou alguns dos segredos por detrás da dobragem de Dragon Ball.
Quimbé considerou, em declarações ao JPN, que, como ator, “faz todo o sentido apoiar este estilo de eventos”. “Nós trabalhamos para vocês [os fãs]”, reiterou. O convidado do IberAnime considera que começa a haver uma “maior aposta neste género de acontecimentos”. Sobre a mudança para a Exponor, Quimbé achou que trouxe uma “dimensão muito maior” ao evento.
“Eu espero que daqui a uns anos os pavilhões estejam todos muito bem preenchidos. O que é um sinal muito bom. Estão cá uma data de cosplays e é importante estarem cá todos. Acho que isto tem tudo para crescer. E quanto mais os miúdos veem os irmãos mais velhos a fazer, mais vontade têm eles próprios de fazer. Portanto, isto tem tudo para crescer. Cabe-nos a nós decidir isso”, afirmou.
Finda a edição de 2018 do IberAnime, a organização anunciou que poderão ser esperadas “novidades fresquinhas muito em breve”.
Artigo editado por Filipa Silva