O último dia do Portugal Fashion começou, este sábado, com a estreia no certame de Marques’Almeida. As propostas da dupla foram apresentadas na zona exterior da Alfândega, com vista para o Douro. Os jovens designers apostaram numa performance ao som de Mariza para mostrar a sua coleção heterogénea de vestuário, calçado e malas. O uso de gangas e riscas, a forte presença da cor vermelha e a sobreposição de feitios foram alguns dos aspetos que marcaram o desfile.

A primavera/verão 2019 de Katty Xiomara é marcada por tons sóbrios com toques de cores néon. As modelos, com contornos pintados a branco na cara, encheram a sala de contrastes cromáticos com cores fluorescentes. Contudo, o tecido transparente Mesh com o feitio Polka Dot foi o protagonista da coleção e apareceu em várias peças com diferentes aplicações.

Nuno Baltazar regressou ao Portugal Fashion e trouxe consigo tons de outono. Do vestuário ao calçado, a passerelle ficou pintada de verdes, dourados, amarelo mostarda e cor de tijolo, que contrastavam com a maquilhagem azul turquesa das modelos.  O animal print também não ficou esquecido na coleção de primavera/verão e o padrão leopardo foi muito explorado por Baltazar e conjugado com tons nude e dourados brilhantes. Contudo, o designer não se limitou a uma paleta neutra e apostou, também, em cores mais arrojadas como vermelho, roxo, laranja e rosa e deu-lhes um toque de brilho presente em muitas das suas peças.

Depois de almoço, seguiram-se os desfiles de três marcas pronto a vestir – Storytailors, Meam e Concreto.

O quarto desfile do dia foi o da dupla Storytailors e contou com a participação musical da violinista Ianina Khmelik, vestida pelos estilistas.  As modelos desfilaram com os seus cabelos plissados e lábios brilhantes enquanto Ianina tocava. Para a próxima estação, os designers optaram por tons pastel e tons metalizados e desconstruíram alguns estigmas – a coleção masculina não só tinha o rosa como cor predominante como apresentava peças saia-calção, saias e vestidos. Depois de desfilar, os modelos foram-se sentando num banco virado para o público e aos poucos foi-se construindo o portrait da coleção dos Storytailors.

Storytailors

Storytailors Foto: Marta Guimarães

A marca Meam, da estilista Maria do Carmo, apresentou um desfile completo, com cores e padrões tipicamente primaveris. Os assessórios coloridos destacaram-se no desfile, desde colares e brincos extravagantes a pins de flores aplicados no vestuário. As malas de palha, dos mais variados formatos, e as socas também completaram muitos dos looks da coleção. Para além dos padrões floreados, a estilista apostou bastante no efeito tingido.

Meam

Meam Foto: Marta Guimarães

À semelhança das marcas anteriores, também a Concreto escolheu peças de tons nude e pastel e complementou a coleção com assessórios, maioritariamente vermelhos. A cor dourada e a aplicação das franjas foram dois detalhes que se destacaram na coleção. Mais uma vez, o padrão floreado também foi recorrido e o vermelho, laranja e verde constituíram o resto da paleta cromática do desfile.

Concreto

Concreto Foto: Marta Guimarães

Durante o início da tarde, deu-se um único desfile dedicado a malas e sapatos das marcas Fly London, Ambitious, J.Reinaldo, Nobrand, Rufel e The Baron’s Cage. Esta parte do Portugal Fashion ficou marcada pelo regresso das bolsas de cintura (Rufel) e sapatos com cores exuberantes.

Pé de Chumbo iniciou o seu desfile com a atuação de Cuca Roseta acompanhada de um quinteto musical. “Fui cantar para os reis de Espanha e levei Pé de Chumbo. Era todo um conjunto de muito talento português e eu gosto muito disso e acho que realmente a Alexandra é fantástica e isso também me faz sentir bonita. Eu acho que nós, quando nos sentimos bonitas, somos mais poderosas também”, disse no final a fadista aos jornalistas.

Alexandra Oliveira referiu que a sua coleção com cores neutras, saias evasé cintadas, socas e franjas se desenvolveu à volta dos trajes do Minho: “É uma abordagem muito contemporânea ao vestir do Minho (…) Por isso pus o vira, o ouro, o preto”. A estilista afirmou ainda que a escolha dos materiais foi baseada nas “palhinhas do mobiliário português”.

Os três desfiles seguintes, dos estilistas Luís Buchinho, Alves/Gonçalves e Luís Onofre não fugiram à norma cromática muito forte da estação que vem.

Luís Buchinho apresentou uma coleção arrojada de tons escuros e metalizados e com grandes aplicações de folhos. Já Alves/Gonçalves optou por peças largas e com efeitos de desgaste, mas também se rendeu aos brilhantes e metalizados.

O estilista Luís Onofre trouxe ao Porto uma coleção de calçado arrojada com diversas aplicações – brilhantes, pompons multicolores e tachas. Por outro lado, a coleção de malas exibiu modelos mais minimalistas, exceto algumas malas com aplicações de franjas.

O último dia do Portugal Fashion ficou marcado por ser o dia do último desfile de Júlio Torcato. As 30 peças de Torcato consistiram em 30 looks surpresa escolhidos por trinta convidados do designer, de maneira a celebrar os seus 30 anos de carreira na moda. “É isto Júlio Torcato”, afirmou o estilista no início do seu último desfile de passerelle antes de avançar para novos projetos.

Júlio Torcato

Júlio Torcato Foto: Marta Guimarães

Na maior parte dos casos, os próprios convidados desfilaram com as peças que escolheram. O momento alto da noite contou com o desfile de personalidades como a filha Inês Torcato – o JPN entrevistou ambos na véspera -, os ex-modelos Pedro e Ricardo Guedes, o estilista Nelson Vieira, a maquilhadora Lucília Lara e a ex-modelo Vera Deus. A coleção tornou-se numa reinterpretação que cada convidado fez do trabalho de Torcato, originando peças irreverentes e extravagantes.

Aqui fica o vídeo-resumo do último dia de Portugal Fashion, que arrancou na quinta-feira e encerrou este sábado, depois de proporcionar mais de 30 desfiles de moda com tendências para a próxima estação. O evento regressa em março de 2019.

Artigo editado por Filipa Silva