Jair Bolsonaro foi eleito este domingo como 38º presidente do Brasil. O candidato do Partido Social Liberal (PSL) recolheu 55,1% dos votos válidos, enquanto Fernando Haddad, do Partido dos Trabalhadores (PT), teve 44,9% dos votos.

Em números absolutos, Bolsonaro foi a escolha de mais de 57 milhões de brasileiros (tinham sido 49 milhões na primeira volta), contra os 47 milhões de Haddad (31 milhões na primeira ronda).

Os votos em branco, nulos e abstenções cifraram-se pelos 42 milhões.

Em Portugal, os brasileiros que foram às urnas também optaram maioritariamente por Jair Bolsonaro. O candidato do PSL teve 4475 votos válidos dos 6948 válidos: 64,4%. Haddad ficou-se pelos 2473 votos.

No Porto, a percentagem foi semelhante: votaram em Bolsonaro 3145 de 4700 eleitores, ou seja, 66,5%.

A abstenção foi, porém, muito alta nas duas principais cidades portuguesas: 65% no Porto e 68% em Lisboa, de acordo com os dados recolhidos pela Agência Lusa.

O discurso de vitória

Entretanto, Jair Bolsonaro já se dirigiu ao país num discurso de vitória mais conciliador e sem a truculência com que alimentou boa parte da retórica de campanha. Não foi à toa que palavras como “democrático” e “liberdade” foram amplamente repetidas.

“Faço de vocês minhas testemunhas de que esse governo será um defensor da Constituição, da democracia e da liberdade. Isso é uma promessa não de um partido. Não é a palavra vã de um homem. É um juramento a Deus”, declarou o presidente eleito que toma posse a 1 de janeiro do próximo ano.

“Como defensor da liberdade, vou guiar um governo que defenda e proteja os direitos do cidadão que cumpre seus deveres e respeita as leis; elas são para todos. Porque assim será o nosso governo; constitucional e democrático”, acrescentou à frente.

O direito à propriedade, o fomento da liberdade económica, a desburocratização e diminuição do peso do Estado também foram abordados: “o governo federal dará um passo atrás – reduzindo a sua estrutura e a burocracia; cortando desperdícios e privilégios, para que as pessoas possam dar muitos passos à frente.”

O coronel reformado vincou ainda uma alteração no plano das relações internacionais do Brasil as quais promete libertar do “viés ideológico” a que diz terem estado submetidas nos últimos anos. “O Brasil deixará de estar apartado das nações mais desenvolvidas”, frisou.

Por sua parte, Fernando Haddad recordou o passado recente para manifestar preocuação pelo funcionamento das instituições no país: “Nós vivemos um período já longo em que as instituições são colocadas à prova a todo instante. A começar em 2016, quando tivemos o afastamento da presidenta Dilma. Depois, com a prisão injusta do presidente Lula; a cassação do registro da sua candidatura, desrespeitando uma determinação das Nações Unidas. Mas nós seguimos, seguimos de cabeça erguida, com determinação. Seguimos com coragem, para levar nossa mensagem aos rincões do país”, disse.

Discurso de Haddad depois de conhecidos os resultados eleitorais.

Discurso de Haddad depois de conhecidos os resultados eleitorais. Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

No campo das reações, o futuro chefe de Estado do Brasil já recebeu felicitações de alguns países, casos do Chile e mesmo da Venezuela, que Bolsonaro usou ao longo da campanha como o exemplo que o Brasil se arriscaria a seguir sendo governado pelo PT.

Em Portugal, numa declaração à Agência Lusa, o primeiro-ministro António Costa cumprimentou, em nome do Governo, “o Presidente eleito do Brasil, país com o qual mantemos uma relação bilateral intemporal, assente numa língua comum, em fortes laços históricos, económicos e culturais, e na presença, em ambas as sociedades, de comunidades dinâmicas e plenamente integradas”.

Além de um novo presidente, o Brasil elegeu este domingo o governador de 13 estados e do distrito federal (onde está localizada a capital, Brasília). Nos restantes, a eleição ficou fechada à primeira volta.