O FC Porto sofreu para vencer o Varzim, esta quarta-feira à noite, no Estádio do Dragão. O encontro, a contar para a segunda jornada do Grupo C da Taça da Liga, fechou com um 4-2 no marcador, mas foram os poveiros os primeiros a marcar.
A equipa de Sérgio Conceição – que mudou 11 jogadores face ao encontro com o Feirense – conseguiu o empate, por Bazoer, ainda antes do intervalo e apareceu mais animada na segunda metade, depois de uma primeira metade sem cor. Apesar disso, foi preciso chegar aos 10 minutos finais para assegurar os três pontos: primeiro fruto de um deslize de Payne, que introduziu a bola na própria baliza (81′) e depois com André Pereira a carimbar o resultado final para os dragões.
As substituições acabaram por ser preponderantes no resultado final do encontro.
Surpresas nos “onzes”
Sérgio Conceição decidiu lançar um onze completamente novo neste encontro. Na baliza esteve Vaná, o quarteto defensivo foi composto por João Pedro, Chidozie, Mbemba e Jorge, no meio-campo encontravam-se Bazoer, Sérgio Oliveira e Otávio e na linha mais ofensiva André Pereira Hernâni e Adrian Lopez. O esquema tático foi, também, diferente já que o FC Porto entrou em campo em 4-3-3.
Já Nuno Capucho decidiu manter o núcleo da equipa que derrotou o FC Porto B no passado fim de semana, efetuando apenas três mexidas no onze inicial. No lado direito da defesa, Mário Sérgio saiu para dar lugar a Payne, no meio-campo jogou João Amorim no lugar de Ribeiro da Silva e na frente de ataque Haman deu o lugar a Stanley. A grande surpresa foi a aposta em João Amorim para este encontro.
Devagar se vai ao longe
Início de jogo morno a contrariar a temperatura que se fazia sentir no Estádio do Dragão. O FC Porto entrou lento e a deixar muitas vezes a bola nos centrais que iam passando a bola de uma das laterais à outra. Neste processo notou-se a falta de entrosamento deste onze inicial que ia perdendo várias bolas na fase de construção. O Varzim limitava-se a posicionar-se bem de forma a prevenir qualquer passe de rutura por parte da equipa da casa.
Os sinais de perigo do jogo iam chegando de fora da área: primeiro, por intermédio de Otávio e depois por Stanley. A bola saiu, em ambos os casos, longe do alvo.
Aos 28′ surgiu o primeiro verdadeiro sinal de perigo do jogo. Após passe longo de Otávio a bola chegou a Hernâni que conseguiu rematar. O guardião poveiro foi, pela primeira vez chamado a intervir e segurou a bola a dois tempos.
Emanuel Novo foi, poucos minutos depois, novamente protagonista do lance ao fazer duas boas intervenções. Primeiro, a um remate de Hernâni que depois viu a bola voltar para ele e na recarga o veterano guardião do Varzim a justificar mais uma vez a titularidade.
“David” aproveitou falhas de “Golias”
Depois de todas estas ameaças chegou mesmo o primeiro golo do jogo. O Varzim surpreendeu o FC Porto e chegou à vantagem. A bola percorreu toda a grande área portista que reagiu passivamente e com a bola à sua mercê, Toro, a colocou-a no canto superior direito da baliza defendida por Vaná, deixando-o sem hipóteses de defesa.
A reação do FC Porto tardou, mas chegou ao minuto 36’, por intermédio de João Pedro com um remate à entrada da grande área. Sem sucesso. Depois foi a vez de André Pereira encontrar uma bola que ficou perdida após um remate de Otávio. Chutou, mas para fora.
Calma antes do descanso
No meio de tanto desperdício, o FC Porto conseguiu finalmente chegar ao golo ao minuto 42, por intermédio de Bazoer, a concluir uma boa jogada de entendimento entre Otávio e Sérgio Oliveira, que descobriram Hernâni a entrar na grande área. O ala adiantou a bola em demasia e ela acaba por chegar ao holandês que disparou em meia volta para o fundo da baliza do Varzim.
Ritmo frenético para variar
Se por um lado a primeira parte foi morna e com pouca emoção, a segunda chegou para reverter por completo o sentido do jogo.
O Varzim conseguiu criar a primeira ocasião relevante da segunda parte, aos 50′, com João Amorim, de livre, a colocar bem a bola na área do FC Porto. Vaná conseguiu, todavia, socar a bola para fora da grande área, resolvendo assim o lance.
Entrávamos numa altura em que os ânimos iam ficando mais acesos de parte a parte, com entradas mais duras. Corona, que tinha entrado ao intervalo, desferiu um remate perigoso para mais uma grande defesa de Emanuel Novo. Logo em seguida foi mais uma vez o mexicano a ter a oportunidade de marcar o segundo do FC Porto. João Pedro envolveu-se bem no ataque e passou para Corona, que rematou para fora.
O FC Porto ia aumentando a pressão e a vantagem parecia cada vez mais próxima. Prova disso foi o grande lance, após passe de Sérgio Oliveira para Otávio, que deixou na pequena área para Mbemba que não conseguiu dar o melhor seguimento ao lance. Ia-se assistindo a várias más finalizações por parte do FC Porto.
Arma secreta veio do banco
O clube da Póvoa ia tentando sair em contra-ataque, todavia o FC Porto arranjava sempre maneira de travar a ofensiva poveira. Foi então que Sérgio Conceição decidiu tirar João Pedro para fazer entrar Soares, este que viria a ser uma das figuras do jogo.
Isto porque, bastaram oito minutos para Tiquinho Soares introduzir a bola na baliza defendida por Emanuel Novo. O brasileiro conseguiu dar a melhor conclusão ao canto batido por Sérgio Oliveira, cabeceando para o segundo golo portista.
“Baixar os braços” não é para poveiros
Na reação à desvantagem, o Varzim aproveitou um péssimo atraso de Sérgio Oliveira para Vaná para chegar ao golo do empate aos 75′. Haman foi feliz no ressalto depois da bola dividida com o guardião portista e ficou só com a baliza pela frente, não desperdiçando esta grande oportunidade.
Logo após o golo do empate Sérgio Conceição lançou Óliver no jogo para o lugar de Bazoer. Aos 80’, o espanhol conseguiu cruzar bem a bola para Soares que, na cara da baliza, rematou à figura de Emanuel Novo, Otávio, na recarga, tentou passar a bola para o meio da área e esta acabou mesmo por ser cortada para canto.
Aspeto físico fez a diferença
O Varzim estava mais apagado nesta parte do jogo, algo que se notou sobretudo na esquerda da sua defesa, quando Corona era chamado a intervir. Aos 82’, o mexicano tirou um adversário da frente e cruzou bem para o segundo poste. Payne acabou por introduzir a bola na própria baliza. Estava feito o 3-2.
Depois desta primeira assistência, Corona decidiu fazer mais uma “maldade” ao lado esquerdo da defesa dos poveiros ao desenvencilhar-se de dois defesas e cruzar irrepreensivelmente para a cabeça de André Pereira que com um grande cabeceamento aumenta a vantagem do FC Porto para 4-2.
O Varzim de Capucho mostrou não saber como desistir e, aos 86’, Toro, autor do primeiro golo do jogo, atirou ao poste, para alívio dos adeptos portistas.
O FC Porto acabou com os três pontos no bolso e ficou na liderança, à condição, do Grupo C da Taça da Liga, com quatro pontos. Chaves e Belenenses SAD, cada um com um ponto, defrontam-se a 18 de novembro. Os dragões fazem o último jogo do grupo, a 28 de dezembro, com os azuis que já não são do Restelo.
Conceição e o elogio a Corona
Sérgio Conceição negou ter arriscado ao lançar tantos jogadores com poucos minutos para o “onze” inicial, apontando para o facto que o que lhe deu segurança para o fazer foi a “motivação demonstrada por muitos destes jogadores” para aproveitarem minutos.
O técnico portista admitiu ter ficado insatisfeito com “certas exibições”, mas considerou que é normal tendo em conta que “era praticamente a primeira vez que estes onze jogadores estavam a jogar juntos”.
Por último quis oferecer especial destaque à boa exibição de Corona que conseguiu “deitar cá para fora toda a qualidade que tem lá dentro”, justificando os seus festejos efusivos no quarto golo com o facto de ter sido um golo importante para dar tranquilidade à equipa.
Capucho: “Jogamos sem receios nem autocarros”
O treinador do Varzim admite ter notado a diferença entre as duas equipas, salientando que, apesar da derrota “saiu com sensações positivas quanto à sua equipa”. Admitiu erros defensivos tanto no primeiro como no segundo golo: “Podíamos ter feito mais para parar o primeiro golo” e “não podemos permitir que Soares remate sozinho daquela forma”.
Nuno Capucho sublinhou ainda que “marcar dois golos no Dragão é sempre positivo” e assumiu o papel de “outsider” do grupo deixando ainda bem claro que nunca fez parte dos objetivos dele chegar à próxima fase da prova tais são as diferenças entre equipas em competição: “Nunca tive esse objetivo (de chegar à final four)”.
No fim do seu discurso quis deixar bem claro que agora está de olhos postos no jogo do próximo fim de semana a contar para a segunda liga, sendo que essa é a competição que importa. O “timoneiro” do conjunto da Póvoa deixou ainda uma mensagem destinada aos adeptos do clube, dizendo que “podem sair daqui orgulhosos”, já que a equipa jogou “sem receios, sem autocarros e sem anti-jogo”.
Artigo editado por Filipa Silva