A exposição “Frida Kahlo – As Suas Fotografias” é “um sucesso” nas palavras de Bernardino Castro, diretor do Centro Português de Fotografia (CPF). A poucos dias do encerramento, o responsável avança ao JPN que a mostra está “prestes a atingir os 56 mil visitantes”. O acervo, que reúne 241 fotografias da pintora, dado a conhecer em 2007, chegou ao Porto em julho e despede-se da Invicta no próximo domingo.
Os 56 mil visitantes refletem uma grande adesão. Em Lisboa terão sido cerca de 17 mil os visitantes da mesma exposição, em 2012, muito embora na capital a mostra tenha durado menos tempo (cerca de três meses).
Bernardino Castro afirma que o CPF sempre teve “grande vontade” de acolher a exposição: “Tanto pelo CPF ser um arquivo nacional, e estas fotografias serem de facto imagens de arquivo de uma artista e da sua família”, como pelo facto de Frida Kahlo ser “também um ícone muito conhecido, que atrai muita gente e vários tipos de públicos, que têm a curiosidade de saber o que estas imagens podem transmitir”. “Alguns entram no Centro Português de Fotografia pela primeira vez e conhecem não só a Frida, mas também outras exposições aqui patentes”, reflete o direto do CPF.
Centro Português de Fotografia
Até 4 de novembro
Das 10h00 às 19h00
Última entrada: meia-hora antes do fecho
Os preços podem ser consultados aqui
Para além do impacto ao nível do público, uma importante contribuição da exposição de Frida Kahlo para o CPF, foi dada ao nível das acessibilidades. Por um lado, porque a Fundação Salvador, para a qual reverte uma percentagem do valor da bilheteira, ofereceu ao Centro uma cadeira de rodas motorizada para ser usada pelos visitantes com mobilidade reduzida, cujas cadeiras de rodas não se adequem à plataforma elevatória do CPF. Por outro, porque a mostra levou à colocação de rampas entre as salas “de modo a ultrapassar o desnível que existia”, explica o responsável.
Por outro lado, também a cidade do Porto beneficia ao adotar exposições deste calibre. “A nossa vocação é a cultura. Portanto todas as exposições que trazemos acabam por ser uma oferta cultural para todos os visitantes do Porto e de Portugal. Não é só pensar no turista, mas também essencialmente no público português, nos alunos e nas escolas”, concluiu Bernardino Castro.
Uma vida “acidentada”
A exposição de Frida Kahlo [1907-1954] fica patente até domingo. Os visitantes podem encontrar nas paredes do Centro Português de Fotografia as suas imagens de arquivo divididas por três salas, em seis secções: “Origens”, “Casa Azul”, “Amores”, “Política”, “Corpo Acidentado” e “Fotografia”.
Numa quarta sala, está em exibição um documentário, “Entre a Dor e o Prazer”, que contextualiza a vida da pintora, desde o acidente de elétrico que a incapacitou, aos acontecimentos que inspiraram alguma da simbologia presente nas suas pinturas, entre outros momentos determinantes da vida da artista.
As fotografias de Frida Kahlo oferecem, a quem percorre as salas, uma viagem pelo seu íntimo, revelando a importância e o carinho que teve pela fotografia e deixando nelas os seus pensamentos, beijando-as, recortando-as e colorindo-as, tranformando cada imagem numa história.
Esta é a exposição de um acervo fotográfico – no total, foram descobertas na Casa Azul mais de 6 mil fotografias, das quais foram selecionadas as 241 que estão no Porto – feito por uma mulher, que apesar de ser famosa pelas suas pinturas, sempre teve uma relação especial com o meio fotográfico por influência do pai e do avô. É a vida de uma mulher que apesar de ter vivido grandes dores físicas, conseguiu sempre prevalecer como uma mulher audaz, original, magnética e brilhante, com uma feroz vontade de viver.
A produção da mostra ficou a cargo da Terra Esplêndida.
Artigo editado por Filipa Silva