O vento, a chuva e o frio fizeram-se sentir toda a manhã de domingo no Porto. As dificuldades meteorológicas não afastaram os atletas daquela que é a prova rainha do atletismo: a maratona. O ugandês Robert Chemonges conquistou o novo recorde da prova, que se mantinha desde 2011. Cortou a meta com 2h09m05s. Olivier Irabaruta, do Burundi, foi segundo, com mais 43 segundos do que o vencedor, mas também abaixo do tempo de 2011, que era de 2h09m51s. O terceiro classificado, o etíope Fidaku Kebede, chegou com 2h10m41s.

Pódio com os 3 vencedores Cátia Coelho

O pódio feminino também foi ocupado integralmente por atletas africanas. Foi com um novo recorde pessoal de 2h30m13s que Abeba-Tekulu Gebremeskel (Etiópia) venceu a 15ª edição da Maratona do Porto. Venceu com larga distância da segunda classificada, a também etíope Meskerem Abera Hunde (2h33m50s). O pódio foi fechado pela burundinesa Elvanie Nimbona, com 2h44m24s.

Pódio feminino

Pódio feminino Foto: Cátia Coelho

Melhores Portugueses

José Sousa (AC Casaense – EAC) foi o primeiro português a terminar a prova dos 42km. Com 2h19m23s chegou em oitavo lugar da classificação geral. Seguiu-se José Moreira (Sporting CP) com 2h19m43s e Carlos Costa (CDS Salvador do Campo), com 2h19m48s. O Campeonato Nacional de Maratona estava inserido na competição. Assim, José Sousa sagrou-se campeão nacional da distância, seguido de José Moreira e Carlos Costa.

Da esquerda para a direita: José Moreira, Carlos Castro, José Sousa

Da esquerda para a direita: José Moreira, Carlos Castro, José Sousa Foto: Cátia Coelho

A primeira mulher portuguesa foi Rosa Madureira com 2h50m06s. A atleta do FC Penafiel tornou-se, deste modo, campeã nacional da maratona. Do setor feminino português, foi a única a concluir a prova em menos de três horas. Lídia Pereira (GDR Da Granja) e Fernanda Carneiro (Chaves Running Team) foram a segunda e terceira portuguesas, respetivamente.

Antes do tiro de partida

Nem só de elite se fez a corrida que atravessou Matosinhos, Porto e Gaia. Aquela que é a única maratona homologada no país contou com 6 mil inscritos, uns com objetivos precisos, outros pela diversão. O JPN falou com alguns atletas que participaram nas três provas: maratona (42km), Family Race (15km) e Fun Race (6km).

Rui Valente tem 39 anos e é fiel de armazém. Esta foi a primeira maratona, e o objetivo era chegar ao fim em menos de 4h30m, o “mais tardar”, disse. Não veio sozinho. Márcio Pereira tem 38 anos e também veio fazer a primeira maratona. O atleta de Ovar diz identificar-se “muito com o Porto” motivo pelo qual decidiu arriscar. Também António Leitão, como diz ser mais conhecido, não quis falhar a 15ª edição da Maratona do Porto. O atleta de 52 anos, serralheiro, não é novo nesta corrida. “Tenho vindo sempre nos últimos anos”, afirmou, ele que diz querer superar-se a si próprio.

Vindo da Alemanha, Dimo Heineskaf, 50 anos, é engenheiro civil e veio fazer a 11ª maratona. É um dos muitos estrangeiros em prova (no conjunto das três corridas, foram cerca de 7 mil, 41% dos inscritos). Pela primeira vez em Portugal, o alemão escolheu a Maratona do Porto, porque espera que uma corrida “junto ao rio seja algo especial”. Se correr bem, gostaria de repetir.

Mas nem só de maratonistas se encheram as ruas da cidade. A “Family Race” (15km) e a “Fun Race” (6km) também atraíram corredores. Ricardo Adaimio e Leando Damaceno são brasileiros. Ricardo tem 44 anos, é pesquisador e engenheiro agrónomo. Escolheu correr os 15km e, apesar do frio e da chuva, a expectativa era “muito boa”. Foi também nos 15km que Leandro se estreou na cidade. Aos 35 anos, o engenheiro alimentar escolheu a prova, porque é uma corrida em que estão com “os irmãos portugueses e não há dificuldade com a língua”. Se correr bem, deseja voltar, talvez para fazer a maratona.

Horas mais tarde

Passadas 4 horas desde o tiro de partida, os atletas continuavam a chegar. Rui Pedro Silva (Sporting CP) foi a “lebre” nos 42km. O atleta de 37 anos já fez várias vezes a maratona e foi duas vezes ao pódio. Ao JPN, o atleta disse que este domingo foi para ajudar o grupo da frente a tentar bater o recorde da prova. Diz ter cumprido o objetivo, que era “ir até aos 15km, no ritmo que tinha de ir para os africanos depois continuarem.”

Henrique Barbosa (individual) veio pela diversão. Aos 40 anos, o funcionário público completou a quarta maratona. O atleta diz gostar de correr com o frio, mas admite que o tempo “estragou um bocadinho o espetáculo”. Cumpriu o objetivo: “chegar sem mazelas”.

A 15ª edição da maratona do Porto tem uma vertente social. Parte do dinheiro angariado reverte a favor da Associação Portuguesa de Osteoporose. Os resultados já estão disponíveis e a 16ª edição também já tem data: 3 de novembro de 2019.

Artigo editado por Filipa Silva