Foi no ano de 2016 que o campo de Eleonas se estabeleceu na Grécia, a apenas 10 minutos de metro do centro de Atenas. Foi o primeiro campo de refugiados instalado no país.

Com o surgimento do campo surgiu também o Project Elea, um projeto de trabalho voluntário em Eleonas. Se no início o foco era dar resposta aos refugiados que chegavam à Europa no pico da crise migratória, o campo concentra-se hoje em promover um sentido de comunidade e de conforto  junto dos cerca de 2.500 refugiados a residir no campo.

Políticas diferenciadoras

As políticas definidas pela organização passam por satisfazer mais do que as necessidades básicas dos refugiados ali instalados. Passada a fase de garantir a higiene, a alimentação e a segurança, a iniciativa visa assegurar o bem-estar da comunidade e aumentar a qualidade de vida na sua passagem pelo campo.

A lógica é a de que as populações que lá chegam são as mais vulneráveis: pessoas que estão sozinhas, que fugiram por razões graves ou que correm maiores riscos. Assim, a população mais indefesa é direcionada para este campo, que tem melhores condições.

Lucas Noronha fez um mês de voluntariado em Eleonas. Foto: Inês Pinto da Costa

Em Eleonas, os refugiados habitam em contentores minimamente equipados. Segundo Lucas Noronha, um estudante português que fez voluntariado no campo durante o verão, “cada contentor tem dois quartos, uma casa de banho com sanita e chuveiro e uma kitchenette”, conta numa entrevista ao JPN.

Neste campo, a regra implementada pela organização é que por cada contentor fique instalada apenas uma família. Por seu lado, as pessoas que ficam sozinhas não têm de partilhar quarto.

Também com o objetivo de aumentar, na medida do possível, a qualidade de vida dos refugiados, o campo acolhe um bazar semanal. Nesse mercado que acontece ao fim de semana é vendido todo o tipo de coisas, “desde tapetes a bicicletas”, recorda Lucas.

Atividades para todos os gostos

O trabalho de voluntário no campo de Eleonas passa por organizar diferentes atividades para serem realizadas ao longo da semana com a comunidade. Vários são os espaços dedicados às crianças, aos adolescentes e aos adultos. O projeto dá primazia à educação, com a realização de aulas da parte da manhã, e atividades complementares da parte da tarde.

São muitas as dinâmicas e workshops que decorrem no campo de Eleonas. Da sua experiência, Lucas Noronha recorda a montagem de um circo e de um skatepark que fizeram sucesso entre os mais novos. Outra das iniciativas de que faz menção é a Green Street: uma oficina ao ar livre onde voluntários e residentes constroem objetos e peças a serem usadas no campo. “A partir daí, surgiram canteiros com flores à porta dos contentores, um jardim grande no meio do campo, tudo ficou mais agradável para todos”, acrescenta Lucas.

Tornar-se voluntário

O Project Elea fornece no site informações acerca do processo de candidatura à experiência de voluntariado. É importante referir que tem de ser o voluntário a assegurar as suas despesas, tanto de viagens como custos em estadia. Porém, durante os turnos no campo, a alimentação é garantida pela organização.

O período mínimo de voluntariado é de três semanas, podendo estender-se conforme a experiência. A organização pede, acima de tudo, força de vontade e muita dedicação.

Artigo editado por Filipa Silva