Ainda antes da hora marcada, já a entrada do recinto estava lotada. O trânsito pedonal formava-se minutos antes do início de “Cabeça Ausente”, o espetáculo de humor mais recente de Salvador Martinha. A tour do comediante conta com 44 espetáculos por todo o país e esta sexta-feira passou pelo Fórum da Maia, que esgotou para o ver.

Mais de 600 pessoas assistiram a cerca de hora e meia de piadas, sátiras e experiências de vida contadas pelo artista. De histórias familiares a fantasias sexuais, do casamento à vida de solteiro, o humorista fez soltar gargalhadas do público, com o qual fez questão de interagir desde o primeiro minuto.

Salvador apresentou o espetáculo “Cabeça Ausente” com casa cheia no Fórum Maia. Foto: Rui Costa.

Ao fim de diversos espetáculos realizados, Salvador Martinha não acusa qualquer desgaste. Em conversa pós-espetáculo com o JPN, o artista explica como é tudo uma questão de prática: “Vais andar de bike todos os dias, andas bem. Andas de bike uma vez por semana… Sabes aqueles velhos que arrancam e fazem um ‘S’?”. Desta maneira, o comediante tira uma conclusão: “quanto mais vezes fazes, mais fácil”.

O nome que deu à digressão – “Cabeça Ausente” – foi inspirado num problema mais sério do que humorístico, um défice de atenção que lhe afeta a concentração no dia a dia. “Quando era puto, não fui diagnosticado. Mais tarde, depois em conversas com o psicólogo, ele meteu-me nesse guarda-chuva que é o défice de atenção”, explicou o artista.

Para captar o foco de Salvador Martinha, é preciso que a oferta seja “muito estimulante”. A cabeça do comediante vai em busca das coisas “onde há mais ritmo”. “Ou fazem um espetáculo com ritmo no que estão a dizer, ou já fui”, admite o humorista lisboeta.

O humorista distribuiu risos durante hora e meia de espetáculo. Foto: Rui Costa,

Dentro do mundo das artes e do entretenimento, o artista defende “uma grande geração de comediantes”. Herman José destaca-se como um dos primeiros impulsionadores, mas Ricardo Araújo Pereira é o “símbolo da nossa geração”. Salvador considera que o exemplo deste tipo de humoristas é capaz de incentivar outros artistas a entrarem pelo ramo da comédia: “acho que temos a sorte de ter esses humoristas que foram puxando pelo pelotão. Portanto, nós estamos ali. Às vezes, arrancamos, às vezes, paramos, às vezes, ficamos para trás, mas há um bom pelotão”, exemplifica o comediante.

Foto: Rui Costa.

Em relação à descida do IVA de vários eventos culturais para a taxa mínima (6%), recentemente aprovada no âmbito da aprovação do Orçamento do Estado para 2019, Salvador Martinha vê grandes vantagens para a indústria do riso. Se se mantiverem preços, há um adicional de receita. “Por exemplo, se vender entre 15 a 20 mil bilhetes [a 20 euros], podemos estar a falar de 20 mil euros extra”, deduz o comediante.

Salvador Martinha defende que “o humor não tem limites”. Limites tem o sentido de humor de cada um: “O teu humor é limitado, porque tu não achas piada àquilo, não tem mal”, conclui o comediante.

“Cabeça Ausente” conta com 44 espetáculos marcados por todo o país. Foto: Rui Costa.

“Cabeça Ausente” só regressa ao Grande Porto em 2019, com data marcada para 12 de janeiro, na Póvoa de Varzim. Já o próximo espetáculo de Salvador Martinha realiza-se a 7 de dezembro, na Aula Magna do Instituto Politécnico de Viseu.

Artigo editado por Filipa Silva