No último sábado, a Porto Business School abriu as portas para mais uma edição do TEDxMatosinhos. Esta instituição da Universidade do Porto tem sido o palco do evento nos últimos anos.

Álvaro Costa. Fotografia da organização.

O anfitrião também já é conhecido da casa. Álvaro Costa, comunicador nato e melómano conhecido do grande público, assumiu com entusiasmo o papel de apresentador. A sala esgotou.

O tema escolhido para 2018 foi o respeito. Nas palavras da organização, o respeito é “um ingrediente essencial à conduta humana”; “não haverá futuro sem progresso, mas também não haverá futuro sem Respeito”. A temática foi abordada das mais diversas formas, pelos diferentes oradores. As talks – com os característicos 18 minutos – foram divididas por quatro painéis.

O primeiro painel abriu com Pedro Lopes, uma voz jovem e inspiradora que fala da sua start up como exemplo de criatividade, aprendizagem e evolução. Segue-se Maria Joelle, que dá um cheirinho do conceito “espiritualidade no trabalho”, explicando a sua importância na sociedade atual.

Eugénio Oliveira desconstrói alguns estigmas associados à Inteligência Artificial e diz que é ”apologista da IA com responsabilidade e transparência”. O professor catedrático da Universidade do Porto defende que esta está em constante evolução e que é, cada vez mais, relevante na nossa vida quotidiana.  Responde ao medo do cidadão comum das implicações que a ascensão da IA pode vir a trazer, concluindo com “transferência de competências, sim. Humanos obsoletos, nunca”.

António Lopes chama a atenção para um tema que domina a atualidade – o respeito pelo Planeta Terra. O investigador da área das alterações climáticas frisa que “o Planeta está a atingir um nível de temperatura que vai ter impacto na nossa saúde, atividade económica e condições gerais de vida”. “Temos de fazer algo para mudar isto. Não podemos ficar parados”, disse.

Na sua intervenção, Hugo Carvalho, de 28 anos, presidente do Concelho Nacional de Juventude, pediu mais respeito pela política e apela a um papel mais ativo de todos nesta área. “Podemos ser nós a escrever a narrativa e sermos como um grão de café numa panela de água a ferver. O café vai ficar igual, a água vai mudar”, afirmou.

Tsering Paldron, que nasceu em Portugal e se tornou budista na década de 70, organizando hoje seminários e palestras e orientando retiros na área, trouxe consigo alguns desses ensinamentos. A autora de livros como “A Artes da Vida” e “O Hábito da Felicidade” chama a atenção para a forma como vemos os outros: “Tal como para ti as tuas ideias são importantes, para os outros, as suas também o são. Se olharmos para os outros como iguais, vivemos de forma mais harmoniosa e menos conflituosa”, partilhou com os presentes a budista que vive atualmente no Porto.

Já quase a finalizar o segundo painel, Nuno Rodrigues dos Santos evocou os trabalhos premiados este ano com o Nobel da Medicina e Fisiologia. O investigador recordou ao público os desenvolvimentos verificados no tratamento do cancro e as descobertas de James Patrick Allison e de Tasuku Honjo neste domínio.

Jorge Coutinho

Jorge Coutinho protagonizou o momento alto da noite. Nos 18 minutos da apresentação, emocionou a plateia e conseguiu pôr os olhos de todos fixados em si. O conhecido coach, autor da hashtag #BELEGENDARY, pretende mostrar que, apesar das adversidades da vida – no seu caso pessoal, perdeu uma filha – é preciso ultrapassá-las e “escolher ser feliz”. Termina a sua talk fazendo um “exercício” com o público: pede que todos fechem os olhos e agradeçam um momento feliz do seu passado.

Depois do jantar, marcado para as 21h15, ainda há tempo para mais dois painéis.

Tiago Salazar, primeiro orador do terceiro painel, traz o seu discurso em papel – o que brinca como sendo “o mais próximo que alguma vez estará de um discurso do Nobel –  e lê para o público. Neste, refere como a escrita pode ser tanto uma arma para a vingança como para a humildade, e que “nós escolhemos como queremos usá-la”. Nos minutos que lhe restam, conta algumas histórias que se lhe afiguram como representativas do Respeito (ou falta deste) na sua vida de viajante e no seu trabalho enquanto guia de Tuk Tuk’s.

Francisco Sousa Rio veio falar de respeito no capítulo da conservação arquitetónica do património. O arquiteto que trabalha para a Câmara Municipal do Porto foi enfático na crítica ao que considera serem maus exemplos de reabilitação na cidade e mostrou vários casos com recurso à fotografia. No geral, defendeu que “a reabilitação do património deve ser feita com muito cuidado”, diz que é preciso “preservar a autenticidade e proteger a diversidade. Defender a população residente e fomentar o seu retorno” à Invicta.

Para fechar o painel, Catarina Oliveira conta como é estar numa cadeira de rodas, desmistificando preconceitos em relação aos incapacitados. Com uma energia única, a jovem continua a “lutar pelo respeito para ser um membro ativo e com voz” e acrescentou: “em nenhum momento a minha cadeira me prendeu ou limitou. A minha cadeira liberta-me”.

O quarto e último painel abriu com Ana Santos, uma hacker ética que trabalha na área da Segurança Informática e  fechou com Inácio Rozeira que partilhou a bagagem cultural que todas as suas caminhadas e aventuras pelo mundo lhe proporcionaram. Ao longo dos anos, publicou vários artigos na imprensa nacional e desenvolveu projetos de comunicação associados a viagens com empresas.

O evento, que teve início pelas 17h00 terminou já de madrugada, pouco depois das 02h00, depois de partilhados múltiplos ângulos sobre a noção de respeito.

Artigo editado por Filipa Silva