A 20 de janeiro de 1932, inaugurava no Porto o Teatro Rivoli, projetado pelo arquiteto Júlio José de Brito e pensado para ser uma casa de espetáculos ao nível do que então se fazia no resto da Europa. Volvidos 87 anos, aquele que é hoje o principal pólo do Teatro Municipal do Porto celebra mais um aniversário com uma festa que pela primeira vez se fará em dois dias, 19 e 20 de janeiro. A programação atravessa áreas tão diferentes como o teatro, a dança, a música, a instalação e a literatura e ocupará os vários espaços do Rivoli de forma gratuita. Por essa ocasião, serão também conhecidos os espetáculos da segunda parte da temporada, entre março e julho.

São 25 os artistas e criadores da cena cultural portuense que integram os espetáculos de aniversário do Rivoli. O coreógrafo e bailarino Marco da Silva Ferreira, o construtor sonoro e cénico Jonathan Uliel Saldanha, o dramaturgo e crítico de teatro Jorge Louraço Figueira e o músico Rui David serão alguns dos nomes presentes num alinhamento que consagra, ainda, instituições de ensino artístico como a ACE – Escola de Artes e a Escola Superior de Música e Artes do Espectáculo (ESMAE).

O projeto “100% Porto”, do coletivo germano-suíço Rimini Protokoll, é um dos grandes destaques do programa e convida 100 habitantes da cidade a subir a palco para desenhar o seu mapa cartográfico e dar a conhecer o perfil social e demográfico do Porto. A programação detalhada do evento será anunciada no dia 10 de janeiro.

Resistência às adversidades

Atualmente a viver um período de vibrante criação artística, o Teatro Rivoli tem resistido ao tempo através de uma constante reinvenção. Nos anos 30, aquando da sua abertura, foi concebido para acolher o teatro e a ópera que protagonizavam o panorama cultural da cidade. O cinema, que começava a ganhar lugar nos hábitos culturais dos portuenses, mereceu no ano de inauguração a montagem de um sistema de projeção para cinema sonoro.

Foram várias as adversidades que marcaram a história do edifício, que atravessou diferentes contextos sociais e políticos. Alguns exemplos foram a crescente degradação nos anos 1960 e 1970, as privatizações que se seguiram e a concessão do espaço à Politeama Produções em 2007, que implicou o uso quase exclusivo do espaço para apresentações de Filipe La Féria.

Em 2013, a devolução do Rivoli à cidade foi um dos pilares da candidatura de Rui Moreira à Câmara Municipal do Porto e, no ano seguinte, Tiago Guedes foi escolhido por concurso público para assumir a direção artística do Teatro Municipal do Porto.

Nos últimos anos, o Rivoli tem apostado numa forte programação nacional e internacional de dança e teatro e acolhe eventos como o Festival DDD – Dias da Dança, o FITEI – Festival Internacional de Teatro de Expressão Ibérica, o FIMP – Festival Internacional de Marionetas no Porto, o Fórum do Futuro ou, no cinema, o Fantasporto e o Porto/Post/Doc.