O encerramento da Rua Alexandre Braga, no Porto, devido às obras no Mercado do Bolhão, e um conjunto de outras empreitadas em curso ou prestes a iniciar, levaram a Câmara Municipal do Porto (CMP) a alterar o término de mais de uma dezena de linhas de autocarro – sobretudo de operadores privados de transporte público – com efeitos a partir do dia 5 de fevereiro.

Assim, as linhas dos STCP 401 (São Roque-Bolhão), 700+V94 (Campo Bolhão)  e 800 (Gondomar-Bolhão), vão passar a terminar na Rua do Bolhão.

Já as linhas 55 (Baguim-Porto), 69 (Seixo-Porto) e 70 (Ermesinde-Porto), todas da Gondomarense, vão passar a concluir os seus percursos no Terminal do Estádio do Dragão. Para chegarem ao centro, os passageiros terão de fazer o transbordo para a linha de Metro.

No fundo, todas as camionetas que entram na cidade pelo eixo de São Roque, vão sofrer mudanças. Além das já mencionadas, passam também a terminar no Dragão as linhas 106 e 514 da Pacense/Landim, a linha 1 da Valpi (Penafiel-Porto), as linhas 33 (Valongo-Porto), 34 (Terronhas-Porto) e 27/29 (Boca da Foz do Sousa-Porto) da Gondomarense e ainda a linha 5 da AE Martins (Modelos-Porto).

Por último, a linha 801 (S. Pedro da Cova-Cordoaria) dos STCP manterá aí o seu término, mas com desvio no percurso, não especificado pela CMP.

Obras “inadiáveis”

Numa sessão de esclarecimento aos jornalistas, esta quarta-feira de manhã, o presidente da Câmara Municipal do Porto, Rui Moreira, reforçou que todas as alterações decorrem “de necessidades absolutas de fecho de ruas decorrentes de obras imprescindíveis, inadiáveis e sufragadas pelos portuenses”.

A autarquia informou ainda que investiu “cerca de 200 mil euros” no novo Terminal do Estádio do Dragão na instalação de abrigos, reforço da sinalética e valorização do Park&Ride, zona de estacionamento que, sublinha a CMP, tem capacidade para 840 automóveis, de modo a garantir condições de conforto a quem ali tiver de fazer o transbordo.

O edil do Porto garantiu ainda que não será preciso qualquer reforço de oferta no Metro uma vez que a Linha Laranja, que vem de Gondomar, “se encontra neste ponto abaixo da sua capacidade“, existindo outras linhas que começam o seu serviço naquela estação. “Quer a estação quer a linha têm capacidade para absorção destes passageiros”, frisou.

E os passageiros, segundo as contas da autarquia, serão cerca de 9 mil por dia, atingindo um pico de 1760 de manhã e de 2080 à tarde.

Confrontado com as complicações adicionais que os passageiros podem encontrar em dias de jogo no Estádio do Dragão, Rui Moreira considerou que o problema se pode colocar, mas mais nos jogos a meio da semana, “tipicamente os da Liga dos Campeões”. Nalguns casos, admitiu, a câmara tem previsto montar operações especiais com a PSP que podem envolver a Alameda 25 de Abril.

O autarca defendeu a solução encontrada pela CMP: “Não percebo qual é o interesse de um passageiro ficar dentro do autocarro e nunca mais chegar ao seu destino. Mais vale, em condições de conforto, poder mudar de transporte”, referiu.

Sobre as críticas que chegaram dos concelhos vizinhos, nomeadamente de Gondomar, onde o presidente da Câmara, Marco Martins, disse que estas alterações teriam de ser aprovadas em sede da Área Metropolitana do Porto, Rui Moreira rebateu: “Não, não obriga a parecer da AMP, porque só estamos a alterar paragens, não estamos a alterar percursos”, afirmou à comunicação social, acrescentando que não se imiscui nas obras dos concelhos vizinhos esperando o mesmo dos seus homólogos.

Na declaração inicial aos jornalistas, Rui Moreira disse ainda que os autarcas e a AMP “foram informados” das intenções da autarquia portuense, ao passo que os operadores privados e a STCP “foram ouvidos em devido tempo”.

Ao nível da bilhética, o autarca do Porto considerou que destas alterações não vão resultar prejuízos para os utilizadores frequentes da rede de transportes: “Os passageiros frequentes, possuidores de Andante, não têm qualquer prejuízo com esta solução, já que a intermodalidade é total”, declarou.

Fernandes Tomás também em obras

São muitas as obras previstas para a Baixa da cidade do Porto para os próximos tempos. Além da empreitada do Bolhão e da Fernão de Magalhães, ambas a decorrer, e do corte da Alexandre Braga, vai começar a 29 de janeiro uma “intervenção profunda” na Rua Fernandes Tomás, no troço entre as ruas de Sá da Bandeira e da Trindade.

Daí, a obra progredirá para a Rua do Bonjardim e afetará ainda a Rua Guedes de Azevedo.

“É uma requalificação integral à superfície. No caso da Fernandes Tomás, pressupõe o alargamento de passeios, mantendo-se a capacidade de estacionamento. No caso do Bonjardim, reorganiza-se o estacionamento sendo que entre Guedes de Azevedo e a Rua Fernandes Tomás, a rua terá características de uma zona automóvel de acesso condicionado”, explicou a vereadora com a pasta da Mobilidade e Transportes, Cristina Pimentel.

A Rua Formosa, por sua vez, será cortada em abril, e também haverá obras no subsolo da Mouzinho da Silveira. Se a isto juntarmos o início das obras da futura Linha Rosa (a nova circular de metro que vai ligar São Bento à Casa da Música), dá para ter uma ideia de como circular no interior da cidade, sobretudo de automóvel, se vislumbra muito complicado.