“Sempre novo. Sempre diferente.” É esse o espírito do Fantasporto que este ano caminha para os seus 39 anos de existência. O tema para esta edição do festival são os “Desafios da Modernidade” e, por isso, os filmes exibidos vão abordar problemáticas da atualidade, como a influência e os perigos da internet (“The Russian Bride”, de Michael S. Ojeda), o ambiente e as catástrofes naturais (“Last Sunrise”, de Wen Ren), a saúde mental (“X- The eXploited”, de Károly Mészáros), entre outros.

Filmes como “The Panama Papers”, de Alex Winter, sobre jornalismo de investigação e o poder dos média, “Human, Space, Time and Human”, de Kim Ki-Duk, sobre a desumanização nas sociedades mais avançadas, ou “Monstrum” , de Jong-Ho Huh, sobre jogos de poder e corrupção são outros exemplos destacados na apresentação do festival, que decorreu esta quinta-feira, nas instalações da Cinema Novo, no Porto.

A descoberta de novos realizadores tem sido um dos objetivos do festival. “As pessoas conhecem [o Fantasporto] pelos filmes que foram exibidos. Como também se lembram dos realizadores, porque são os que estão neste momento a fazer cinema que entra no circuito comercial”, explicou Mário Dorminsky, organizador do certame, durante a conferência de imprensa.

Para além de contar com retrospetivas dedicadas ao cinema de Taiwan e ao novo cinema húngaro na edição deste ano, a organização tem reservado para o “Fantas Classics”, a mais recente secção do Festival, a exibição de verdadeiros clássicos como “Easy Rider”, “The Shining”, “A Clockwork Orange” ou “Alien”.

Filme de Ridley Scott celebra 40 anos em 2019.

Filme de Ridley Scott celebra 40 anos em 2019. Foto: DR

Participação nacional e internacional

O número de países que tem participado no certame reflete a projeção internacional do festival. Ao todo, serão exibidos quase duas centenas de filmes em 82 sessões. Para esta edição, a organização recebeu 600 películas provenientes de 59 países. “Neste momento, cerca de 70% dos filmes que serão exibidos já têm garantida a presença dos realizadores”, oriundos da China, Filipinas, Emirados Árabes Unidos, Canadá, entre outros, adianta o também presidente da Cinema Novo CRL.

Como também vem sendo hábito, a presença do cinema português no festival continua a crescer. Para isso, tem contribuído a crescente participação das universidades e escolas de cinema portuguesas. “Esta ligação ao cinema português é algo que sempre existiu e continuará a existir”, garante Beatriz Pacheco Pereira, diretora do Fantasporto.

Organização lamenta falta de apoios

Mesmo com a média de espectadores a rondar os “25 a 30 mil” nos últimos anos, a quebra na procura pela “sala escura” do Fantas também se tem feito sentir. “O audiovisual está mais forte do que antigamente. Há muito mais gente a ver filmes, mas o sítio onde se vê não está a ser aqui”, comenta Mário Dorminsky.

Apesar de não adiantar valores concretos quanto ao orçamento para esta edição, o corte nas contribuições dos patrocinadores, a insuficiência das receitas de bilheteira e a redução em 50% do apoio do Instituto do Cinema e Audiovisual (ICA) contribuem para que seja “uma edição muito difícil [de se realizar] financeiramente”, lamenta a diretora do festival.

Certa é a cedência gratuita pela Câmara do Porto do Teatro Rivoli ao festival. A isenção de pagamento de taxas pela colocação de suportes publicitários do evento (no valor de 2.700 euros) e um apoio de 25 mil euros (incluído no orçamento de 2019) estão igualmente previstos.

40 anos do Fantas

Em 2020, o Fantasporto celebra 40 anos. Para comemorar a data, a organização está a preparar um livro que reúna tudo aquilo que o festival fez “antes de toda a gente em todo o mundo” ter feito, como descreve Beatriz Pacheco Pereira. A edição do próximo ano também já tem datas:  vai decorrer de 25 de fevereiro a 8 de março, no Teatro Rivoli.

"The Russian Bride" de Michael S. Ojeda, filme sobre a influência e perigos da internet, encerra o festival.

“The Russian Bride” de Michael S. Ojeda encerra o festival. Fonte: DR

Este ano, o Fantas arranca a 19 de fevereiro, com a exibição de “Easy Rider” de Dennis Hopper (21h00, Grande Auditório do Rivoli), e encerra a 03 de março, com a habitual exibição dos filmes premiados. Toda a informação sobre o festival pode ser consultada na página oficial.