“Sempre novo. Sempre diferente.” É esse o espírito do Fantasporto que este ano caminha para os seus 39 anos de existência. O tema para esta edição do festival são os “Desafios da Modernidade” e, por isso, os filmes exibidos vão abordar problemáticas da atualidade, como a influência e os perigos da internet (“The Russian Bride”, de Michael S. Ojeda), o ambiente e as catástrofes naturais (“Last Sunrise”, de Wen Ren), a saúde mental (“X- The eXploited”, de Károly Mészáros), entre outros.
Filmes como “The Panama Papers”, de Alex Winter, sobre jornalismo de investigação e o poder dos média, “Human, Space, Time and Human”, de Kim Ki-Duk, sobre a desumanização nas sociedades mais avançadas, ou “Monstrum” , de Jong-Ho Huh, sobre jogos de poder e corrupção são outros exemplos destacados na apresentação do festival, que decorreu esta quinta-feira, nas instalações da Cinema Novo, no Porto.
A descoberta de novos realizadores tem sido um dos objetivos do festival. “As pessoas conhecem [o Fantasporto] pelos filmes que foram exibidos. Como também se lembram dos realizadores, porque são os que estão neste momento a fazer cinema que entra no circuito comercial”, explicou Mário Dorminsky, organizador do certame, durante a conferência de imprensa.
Para além de contar com retrospetivas dedicadas ao cinema de Taiwan e ao novo cinema húngaro na edição deste ano, a organização tem reservado para o “Fantas Classics”, a mais recente secção do Festival, a exibição de verdadeiros clássicos como “Easy Rider”, “The Shining”, “A Clockwork Orange” ou “Alien”.
Participação nacional e internacional
O número de países que tem participado no certame reflete a projeção internacional do festival. Ao todo, serão exibidos quase duas centenas de filmes em 82 sessões. Para esta edição, a organização recebeu 600 películas provenientes de 59 países. “Neste momento, cerca de 70% dos filmes que serão exibidos já têm garantida a presença dos realizadores”, oriundos da China, Filipinas, Emirados Árabes Unidos, Canadá, entre outros, adianta o também presidente da Cinema Novo CRL.
Como também vem sendo hábito, a presença do cinema português no festival continua a crescer. Para isso, tem contribuído a crescente participação das universidades e escolas de cinema portuguesas. “Esta ligação ao cinema português é algo que sempre existiu e continuará a existir”, garante Beatriz Pacheco Pereira, diretora do Fantasporto.
Organização lamenta falta de apoios
Mesmo com a média de espectadores a rondar os “25 a 30 mil” nos últimos anos, a quebra na procura pela “sala escura” do Fantas também se tem feito sentir. “O audiovisual está mais forte do que antigamente. Há muito mais gente a ver filmes, mas o sítio onde se vê não está a ser aqui”, comenta Mário Dorminsky.
Apesar de não adiantar valores concretos quanto ao orçamento para esta edição, o corte nas contribuições dos patrocinadores, a insuficiência das receitas de bilheteira e a redução em 50% do apoio do Instituto do Cinema e Audiovisual (ICA) contribuem para que seja “uma edição muito difícil [de se realizar] financeiramente”, lamenta a diretora do festival.
Certa é a cedência gratuita pela Câmara do Porto do Teatro Rivoli ao festival. A isenção de pagamento de taxas pela colocação de suportes publicitários do evento (no valor de 2.700 euros) e um apoio de 25 mil euros (incluído no orçamento de 2019) estão igualmente previstos.
40 anos do Fantas
Em 2020, o Fantasporto celebra 40 anos. Para comemorar a data, a organização está a preparar um livro que reúna tudo aquilo que o festival fez “antes de toda a gente em todo o mundo” ter feito, como descreve Beatriz Pacheco Pereira. A edição do próximo ano também já tem datas: vai decorrer de 25 de fevereiro a 8 de março, no Teatro Rivoli.
Este ano, o Fantas arranca a 19 de fevereiro, com a exibição de “Easy Rider” de Dennis Hopper (21h00, Grande Auditório do Rivoli), e encerra a 03 de março, com a habitual exibição dos filmes premiados. Toda a informação sobre o festival pode ser consultada na página oficial.