A Rede 8 de Março marcou para esta quinta-feira, 14 de fevereiro, um conjunto de marchas ruidosas em homenagem a todas as vítimas de violência doméstica. Porto, Braga, Aveiro, Lisboa e Coimbra vão ser palco de manifestações. No Porto, para além de uma ação de sensibilização sobre a problemática, no Metro de Bolhão, a partir das 15h30, haverá ainda, uma hora depois, uma concentração junto ao Tribunal da Relação, no Jardim da Cordoaria.

Na Invicta a sessão é dupla – com dez minutos de barulho prometidos para cada um dos locais – fruto, essencialmente, de dois casos que envolveram em tempos recentes o Tribunal da Relação do Porto, um relacionado com o juíz Neto de Moura e o outro com um caso de violação em Vila Nova de Gaia, como explicou ao JPN Patrícia Martins, da Rede 8 de Março.

A ativista de 30 anos reforça que os horários escolhidos não foram aleatórios, uma vez que depois das cinco da tarde os tribunais estão vazios e, portanto, não há ninguém para ouvir. A proposta que saiu do Porto, “pede às pessoas que levem objetos que produzam ruído, desde instrumentos musicais até objetos de cozinha, para prestar homenagem às dez vítimas de género este ano“.

“O objetivo é mesmo reclamar a falta de intervenção da Justiça e das várias instituições no caso da violência de género, sobretudo, no que toca à violência doméstica”, afirma Patrícia Martins, que relembra que este é um passo para um objetivo maior. As várias ações de sensibilização que têm sido preparadas ao longo do ano visam chamar a atenção para “o dia histórico” que é o 8 de março, para o qual está agendada uma greve feminista ao nível internacional.

A representante d’A Coletiva, no Porto, acredita que todas as pessoas, principalmente as mulheres, “começam a não aceitar o tipo de intervenção que as instituições têm tido“.

Dez vítimas mortais num mês

O mote “10 minutos de barulho” deve-se às dez vítimas mortais por violência de género, registadas este ano em Portugal, entre as quais está uma criança de apenas dois anos. Segundo Patrícia Martins, da Rede 8 de Março, “não é só um título”. Trata-te também de “uma onda de indignação”. “Levantamos a voz para chamar a atenção para o que os estudos anunciam sobre o futuro: naturalização e legitimação da violência”, refere a Rede na nota de divulgação da ação enviada às redações.

A Rede 8 de Março existe desde 2011 e conta com mais de 30 associações e sindicatos cujo objetivo é organizar uma greve feminista nacional no Dia Internacional da Mulher, que se assinala no dia 8 de março, com manifestações por todo o país, tal como aconteceu no ano passado em Espanha. Apesar de ter tido início em Lisboa, há cerca de um ano foram criadas sedes em mais seis pontos do país.

Esta é a primeira ação pública da Rede 8 de Março no dia 14 de fevereiro.

Agenda das manifestações

Porto
15h30 | Metro do Bolhão | Ação de sensibilização e visibilização sobre violência doméstica
16h30 | Tribunal da Relação (Jardim da Cordoaria)
Braga
16h30 | Concentração junto ao Tribunal Judicial da Comarca de Braga
Coimbra
17 horas | Concentração na Praça 8 de Maio
Aveiro
18 horas| Concentração na Praça Dr. Joaquim Melo de Freitas
Lisboa
18 horas | Largo do Intendente
Artigo editado por Filipa Silva