A FairMeals é uma startup incubada na UPTEC – Parque de Ciência e Tecnologia da Universidade do Porto – que ajuda estabelecimentos gastronómicos, como padarias e restaurantes, a vender os seus excedentes alimentares.

A ideia surgiu em 2016, quando Christian Wimmler e Tiago Fernandes, colegas na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), se aperceberam do que acontecia aos excedentes alimentares dos restaurantes no final do dia. Foi então que o alemão, estudante de Engenharia do Ambiente, e o português, estudante de Engenharia Informática e Computação, desenvolveram uma plataforma com vista a reduzir o desperdício alimentar. Hoje, a empresa opera em Portugal e na Alemanha.

Segundo dados da FUSIONS, fornecidos pela FairMeals, estima-se que, na União Europeia, são desperdiçados 89 milhões de toneladas de alimentos ainda adequados para consumo. Essa realidade tem, não só custos ambientais, por exemplo, o desperdício de água, um bem escasso da natureza, como custos económicos, já que cerca de 340 milhões de euros são, assim, deitados ao lixo todos os anos.

Ao JPN, Carlos Pereira, coordenador da FairMeals em Portugal, explica que a empresa funciona a partir do site e de uma aplicação (disponível para android). No capítulo da venda, a plataforma é de uso exclusivo para estabelecimentos gastronómicos. Já no que toca à compra, qualquer pessoa pode utilizar o serviço.

“Os restaurantes criam o seu perfil e aí fazem a gestão das suas ofertas. Imaginemos que durante o seu funcionamento identificaram que determinado produto não vai ser vendido. Vão à plataforma e criam a oferta desse alimento”, esclarece o coordenador da empresa em Portugal. Podem ser alimentos ou refeições já prontas.

Os usuários “têm que fazer o registo com os dados pessoais” e, a partir daí, “têm o acesso a todas as ofertas”, com “um desconto [mínimo] obrigatório” de 20%, garante o coordenador da FairMeals em Portugal.

Contudo, Carlos Pereira contou que ainda há pouca recetividade a estes produtos. Um dos principais papéis da FairMeals tem sido “desmistificar a procedência dos alimentos, porque não é por serem desperdícios que são restos” para os usuários e “mostrar [aos restaurantes] que os excedentes alimentares são normais”, visto que “nem todos admitem que têm desperdícios, porque, teoricamente, é graças a uma falha na gestão do restaurante”.

Esta situação leva a que, atualmente, a empresa vende apenas duas a três refeições por dia, mas “o objetivo é chegar às 50 refeições diárias“. Neste momento, a FairMeals tem 36 estabelecimentos gastronómicos, quase todos do Porto, e cerca de 700 usuários registados na plataforma, mas espera alcançar 100 estabelecimentos e 1.500 usuários até ao final do ano. Para isso, a empresa tem planeados para este ano alguns “eventos de consciencialização“, como palestras e workshops, em universidades e noutros espaços.

Artigo editado por Filipa Silva