A companhia Assédio Teatro leva a cena, esta quinta-feira, uma peça escrita pelo autor Owen McCafferty. “A morte de um comediante” foi adaptada pelo encenador João Cardoso,  naquela que é a estreia do autor irlandês em Portugal.

A peça conta com três atores: Paulo Freixinho como Estevão, o personagem principal; Diana Sá como a namorada Magui e Pedro Galiza como o agente.

"A morte de um comediante" é uma estreia nacional do autor Owen McCafferty

“A morte de um comediante” é uma estreia nacional do autor Owen McCafferty Foto: Assédio Teatro

A história desenrola-se à volta de Estevão, um comediante habituado a pequenos palcos. A personagem é seduzida pelo agente para obter sucesso, mas acaba por perder a sua identidade. “Ele está a fazer stand-up há pouco tempo com a ajuda da namorada e quer crescer um bocadinho na carreira, mas a coisa não corre como ele esperava“, revela Paulo Freixinho, o ator que interpreta a personagem principal.

Ao longo da peça, Estevão faz quatro espetáculos de stand-up que servem de críticas sociais, abordando temas relacionados com a política e os media. João Cardoso conta que Estevão tem “uma visão negra do mundo, que passa pelo descontentamento com uma classe politica que promete fazer um determinado conjunto de coisas e que não dá resposta eficaz às questões que lhes colocam”.

Com a entrada do agente em cena, o stand-up também muda. Estevão vai “deixar a política de lado e passar a falar do que toda a gente gosta de ouvir falar”, explica João Castro. “A estratégia do agente é precisamente essa: a função do Estevão é fazer rir, quantas mais pessoas fizer rir, melhor”, remata o assistente de encenação.

A tragicomédia

João Cardoso acrescenta que “o público pode só divertir-se” ou então fazer uma “reflexão sobre a maneira como somos levados pelos políticos e pelos media a acreditar em coisas que deveríamos questionar”, resume ao JPN. Revela ainda que a peça é vista como uma comédia, mas tem os princípios de uma tragédia: “o herói acaba não morto fisicamente, mas acaba morto do ponto de vista moral. Ele é obrigado a matar a sua identidade”.

O assistente de encenação diz que “as pessoas vão rir-se com o mal do Estevão e com o mal delas próprias, porque é impossível olhar para este quadro e não perceber que isso acontece nas suas próprias vidas”. Essa é abrutalidade da peça“, é um “humor negro”, conclui.

A peça da companhia Assédio Teatro vai estar em cena até 17 de março, de quinta a domingo às 21h00, e aos sábados às 19h00, na Sala de Bolso, em Miragaia, Porto.

Artigo editado por Filipa Silva