No dia em que o Teatro Nacional São João (TNSJ) celebrou 99 anos, esta quinta-feira, foi apresentada ao público a programação com que o TNSJ vai festejar o centenário. As medidas, que arrancam já este ano, passam por intervenções de conservação e manutenção, pela aposta em produções próprias, pela internacionalização e pela criação de uma companhia “quase” residente. Todas as propostas foram reunidas num documento chamado “Dez ideias para (mais) dez anos de Teatro Nacional São João”.

Pedro Sobrado, presidente do Conselho de Administração do TNSJ, realça que o teatro nunca é “tão produtivo e rentável” como quando dispõe de uma “companhia de atores“. Por essa razão, o TNSJ vai dispor, em 2020, de “uma companhia quase residente”. O responsável revela que o desejo é que o elenco, que será composto por oito atores, “sobreviva à festividade”. Para isso, é necessária autorização dos ministérios que tutelam o TNSJ: a Cultura e as Finanças.

Para o presidente do Conselho de Administração do Teatro, a “peça-chave do projeto editorial dos 100 anos” são os Cadernos do Centenário, um conjunto de publicações temáticas, a serem publicadas entre 7 de março de 2020 e 7 de março de 2021, em torno do número 100. Por exemplo, o primeiro caderno vai reunir 100 testemunhos sobre 100 espetáculos, fomentando a memória artística.

É no segundo semestre de 2020 que se vai realizar a exposição dos 100 anos do São João, com o objetivo de “colmatar a amnésia documental e patrimonial diagnosticada”, menciona Pedro Sobrado. Esta exposição vai envolver um “exigente trabalho de pesquisa” e vai culminar na edição de um catálogo em 2021.

O TNSJ vai também apostar em produções próprias, na manutenção do espólio e na internacionalização. Pedro Sobrado referiu que “não se trata de financiar um ano excecional. Trata-se de investir no futuro do Teatro São João“.

O teatro vai ser impermeabilizado para reparar problemas de infiltração, vão ser resolvidas anomalias de climatização e ventilação e ainda vai haver uma renovação da iluminação cénica e do som. O responsável acredita que os cem anos “constituem o quadro favorável para a realização deste investimento tecnológico”.

Em novembro deste ano, o teatro vai estar em Cabo Verde. Um dos objetivos para o centenário é desenvolver novas relações com os Países de Língua Oficial Portuguesa.

Também este ano começa uma coletânea de livros (ensaios, biografias e memórias) denominada “Empilhadora”. No seguimento desta coleção, vai ser publicada, em 2020, a biografia “Falhar Melhor: A Vida de Samuel Beckett”, de James Knowlson.

Pedro Sobrado concluiu, na apresentação que decorreu esta quinta-feira no TNSJ, que “a um ano de se tornar centenário, o Teatro São João está afinal prestes a nascer”.

Depois dos discursos houve lugar a uma visita guiada pelos bastidores do teatro onde foram interpretados trechos de 24 espetáculos, tais como “A Gaivota” de Anton Tchékhov e “A Tempestade” de William Shakespeare. O público também teve oportunidade de assistir a uma produção própria do Teatro São João, O Resto Já Devem Conhecer do Cinema, de Martin Crimp. Este espetáculo estreia a 27 de março, Dia Mundial do Teatro.

Artigo editado por Filipa Silva