Rui Moreira, presidente da Câmara Municipal do Porto, reconheceu, esta segunda-feira, que a autarquia não alcançou a meta de realojar quase 100 famílias que ainda vivem no Bairro do Aleixo, anunciada há seis meses.

Na sessão da Assembleia Municipal realizada na noite de segunda-feira, o presidente admitiu que quase metade dos agregados ainda vivem no bairro. “Não conseguimos, nos seis meses que prevíamos, realojar todas as famílias. No Aleixo, ainda vivem cerca de metade das que habitavam há meio ano”, afirmou.

O autarca adianta que as razões são essencialmente duas: por um lado as rusgas, apreensões e detenções que as autoridades policiais têm levado a efeito no local e, por outro, a complexidade do processo.

Atividade policial atrasa processo

A mais recente operação policial desencadeada no Aleixo, em fevereiro, terá posto fim a uma rede de tráfico de droga que tinha como base o Bairro do Aleixo, tendo sido detidas 15 pessoas.

Sobre esta ação, o autarca garantiu que “a Câmara Municipal do Porto não promoveu qualquer dessas ações, mas tem o dever de colaborar com as autoridades judiciais e de investigação, o que atrasou consideravelmente o processo.”

“Fizemo-lo com a obrigatória discrição e por isso apelo à boa compreensão das forças políticas aqui representadas e também da comunicação social. O dever de sigilo era, neste caso, um bem maior que se sobrepunha ao de informar”, completou.

Além disso, Rui Moreira admitiu que o processo se tornou mais complicado do que inicialmente parecia, tendo em conta que nem sempre as vidas das famílias que vivem no Bairro do Aleixo se “encaixam na habitação social que vai vagando” e que “cada caso é um caso”, realçou.

Perante as condições de emergência social, foi pedido à Domus Social, empresa municipal de habitação, que acelere o processo de reabilitação.

O presidente da Câmara apelou às forças da oposição e à comunicação social para que respeitem a integridade das pessoas envolvidas, pois são “famílias e pessoas em situação de especial debilidade social” e que as protejam “não as expondo”, defendeu o autarca.

O agravamento das condições de habitabilidade no bairro e as constantes queixas ao longo dos anos de moradores sobre o estado de degradação cada vez mais avançado, levou Rui Moreira a anunciar em setembro de 2o18 que “se encontra ultrapassado o limite das condições sociais e de salubridade das torres” e a oficializar o processo de realojamento.

O Bairro do Aleixo, localizado na freguesia de Lordelo do Ouro, é visto como um dos bairros mais problemáticos do Porto e considerado um dos principais centros de tráfico de droga da cidade. As condições de vida do bairro social são consideradas degradantes e de emergência social.

O bairro, constituído originalmente por cinco torres, mas duas já foram demolidas. Em 2011 foi demolida a primeira torre e em 2014 foi demolida a segunda e última, até à data.

Artigo editado por Filipa Silva