Portugal não se redimiu do empate de sexta-feira frente à Ucrânia e voltou a não conseguir mais do que um ponto frente à Sérvia, esta segunda-feira à noite, no Estádio da Luz. O empate a uma bola foi o resultado final.

Uma primeira parte assim-assim e uma segunda parte fraquinha foi o que as equipas em campo ofereceram ao público que assistiu ao encontro.

Choque frontal

Desde cedo que ficou bem desenhado o 4-4-2 clássico da seleção nacional. Danilo e William formavam um duplo-pivot que, queria Fernando Santos, fosse um colete de forças no meio-campo. A intenção do engenheiro saiu gorada logo aos sete minutos quando Tadic conseguiu isolar, com classe, Gacinovic que esbarrou em Patrício. O árbitro não perdoou e Tadic também não: 1-0 para a Sérvia aos sete minutos.

Show Dmitrovic

Depois do espetáculo proporcionado por Pyatov na sexta-feira, Dmitrovic, guarda-redes do Eibar, não quis ficar atrás do ucraniano. Ronaldo, aos nove minutos e Rafa, aos 15, obrigaram o guarda-redes sérvio a brilhar a grande altura.

Apesar de conseguir criar oportunidades, Portugal não estava confortável no jogo. Dusan Tadic era o nome que mais assustava. O extremo do Ajax e capitão sérvio passa, de facto, um grande momento de forma e, sempre que tinha oportunidade, causava estragos, como aos 22 minutos, quando aproveitou uma perda de bola de Dyego Sousa para, com um passe, rasgar a defesa nacional.

Do lado português, William no meio-campo e Ronaldo no ataque comandavam as tropas. Todo o jogo ofensivo português passava pelos pés do médio do Betis e Ronaldo chamava a si todas as atenções. A defender, Portugal deixava a desejar. A Sérvia tinha muito menos bola mas, quando tinha, era perigosa, porque os médios portugueses, Danilo e William, não chegavam para as encomendas.

Ronaldo fora

Os alarmes soaram no banco português aos 29 minutos, quando Cristiano Ronaldo se lesionou. Pizzi foi o escolhido para substituir o capitão e, mantendo o 4-4-2, Fernando Santos puxou Bernardo Silva da direita para a posição de segundo avançado, fazendo companhia a Dyego Sousa no ataque.

O jogo, esse, estava igual. Tadic era, sem dúvida, o melhor em campo e Portugal tentava, mas não conseguia. Com o passar dos minutos, a Sérvia foi-se habituando a um jogo com o propósito de defender bem e sair em contra-ataque. Este filme já tinha sido visto na sexta-feira contra a Ucrânia.

Resposta à bomba

Aos 41 minutos, contudo, Danilo, que até estava a fazer um mau jogo, ganhou uma bola a meio-campo, foi ganhando espaço para armar o remate e marcou um grande golo de fora da área. Os sérvios pareciam não estar a levar o médio português do FC Porto muito a sério, mas ter-se-ão arrependido. O intervalo chegou com o jogo empatado, mas com Portugal a sofrer. Depois do golo de Danilo, os sérvios encostaram os campeões europeus às cordas. O empate, ainda assim, era justo.

Ritmo sonolento

No regresso ao relvado, as duas equipas pareciam muito menos intensas nos primeiros 15 minutos da segunda parte. À passagem do minuto 57, André Silva entrou para o lugar do desinspirado Dyego Sousa. Fernando Santos tentava um jogo diferente no último terço, porque o empate não chegava.

Os adeptos que se deslocaram ao Estádio da Luz não estavam, com certeza, muito satisfeitos com o que viam. De um lado, uma Sérvia que, a espaços, mostrava qualidade, mas que parecia satisfeita com o empate; do outro ,uma equipa portuguesa que, com muita bola, fazia muito pouco.

Que perdida… no meio do marasmo

Aos 70 minutos, um pouco de sal num jogo francamente insosso. Num minuto é inacreditável como vários jogadores portugueses, tão perto da linha de baliza, não concretizam uma jogada que começou num cruzamento da esquerda para o amorti de Bernardo Silva.

Perto do final do jogo, Portugal apertou um pouco a pressão sobre os sérvios e Bernardo teve mais uma situação que podia ter dado em golo, já nos descontos. A finalização de pé direito do jogador do Manchester City, na sequência de um ressalto, deixou um pouco a desejar.

O tempo não correu, mas andou vagarosamente até ao final. Portugal fechou as contas do início da fase de apuramento para o EURO 2020 com dois pontos nos primeiros dois jogos em casa. Ainda é muito cedo, mas a a equipa portuguesa já não deverá dispensar o uso da tradicional calculadora.

Pouca (Var)iedade

No final da partida, Fernando Santos mostrou-se agastado com a prestação da equipa portuguesa, mas também com a prestação da equipa de arbitragem e deu voz à defesa do videoárbitro nos jogos das seleções: “O árbitro convidou-me a ir à cabine para analisar o lance. Não temos dúvida nenhuma, nem ele, que foi penálti. Pediu-me desculpa pela grande penalidade. Agora não serve de nada. O VAR tem de estar em todos os jogos. Já no último jogo aconteceu um lance parecido no último lance do jogo”.

Apesar das críticas ao árbitro, o engenheiro não deixou de admitir que o momento dos campeões europeus não é o melhor: ” O momento não é favorável, é evidente. Temos dois pontos, mas esta equipa tem talento, qualidade, raça e querer para que nos seis jogos que faltam e nos dois fora com Sérvia e Ucrânia ir lá ganhar”.

Portugal termina a segunda ronda de qualificação do grupo B com dois pontos que lhe valem, para já, a terceira posição. A Ucrânia, com quatro pontos, lidera. Em Setembro, a seleção volta a jogar na Sérvia.

Artigo editado por Filipa Silva