Aberta ao público e protegida da chuva, a 17.ª edição da Mostra da Universidade do Porto (UP) foi realojada na zona da Cordoaria, junto ao Centro Português de Fotografia. O evento reúne as faculdades e centros de investigação da UP e dá a conhecer a oferta formativa àqueles que podem vir a ser os futuros estudantes da instituição.

Dentro da grande tenda branca que alberga a mostra, os vários cursos marcam presença em stands alinhados, geridos por alunos e professores, de panfleto na mão, prontos a esclarecer dúvidas. Os alunos, curiosos, vão percorrendo as fileiras, à procura das áreas de estudo do seu interesse ou em participar nas ofertas interativas que a maioria dos expositores oferece.

Na zona das engenharias, mais especificamente do Mestrado Integrado em Engenharia Eletrotécnica e de Computadores, um produto (que combina óculos de realidade virtual e um capacete) permite experienciar o sentido da ecolocalização possuído por alguns mamíferos, como os morcegos, que dão o nome ao projeto desenvolvido pelos estudantes: BatVision.

Ao lado, os alunos podem pedalar para produzir energia elétrica e mais à frente, já na área dedicada a Desporto, mede-se a velocidade de remate com uma bola de andebol. Quem tem interesse em Medicina Veterinária na esperança de tratar apenas cães e golfinhos, recebe, no espaço das Ciências Biomédicas, um balde de água fria. “O que se faz aqui?”, perguntamos, junto ao modelo de uma vaca. “Palpação retal”, solta a professora que acompanha a atividade.

Os cerca de 300 docentes, técnicos e estudantes da UP que ocupam a tenda junto aos Clérigos querem dar a oportunidade a todos os alunos que frequentam ainda o ensino básico e secundário de terem uma amostra do que é o plano de estudos. Ao todo, são 52 cursos de licenciatura e mestrado integrado em exposição.

Com tantas opções, quem melhor do que os mais experientes para aconselhar. Para Inês Afonso, que frequenta já o Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas, o importante é mesmo “escolher aquilo que nos faz sentir bem, que nos preenche e que realmente gostamos”.

Escolhas decisivas, futuro em construção

O Pedro tem 18 anos e está a acabar o ensino obrigatório. Quando lhe perguntamos o que quer estudar, tem “Marketing” na ponta da língua. “Área do marketing e negócios. Quero ter esses conhecimentos para seguir o empreendedorismo”, assegura. 

Mas, se como o Pedro há quem não tenha dúvidas, também há quem as tenha. A Ana veio à Mostra da UP “tentar finalmente decidir o curso” que quer. “Está quase a chegar a altura [de escolher] e não faço a mínima”, diz, num tom risonho e nervoso, a aluna de 18 anos. A indecisão divide-se pelas Químicas – Química, Bioquímica ou Farmácia. A incerteza, porém, não é motivo de atraso nos planos e parar um ano para consciencializar a decisão não é uma opção: “Sinto que, se eu tirar um ano, vai ser mais difícil entrar na rotina. Prefiro não sair e ir logo de seguida”.

Ciências Meio Aquático, ICBAS

O Pedro e a Ana vão ser candidatos ao Ensino Superior ainda este ano, mas pensar sobre o futuro académico não está restrito a alunos do ensino secundário. A Matilde tem apenas 14 anos, frequenta o 9.º ano e enfrenta a escolha da área que vai estudar nos próximos três anos. A jovem está indecisa entre Economia e Artes e ambas as opções já têm um curso superior correspondente: “Artes, porque adorava ir para Design de Comunicação, e Economia, porque adorava ir para Gestão”.

Na tomada de decisão, há dois fatores que pesam: a área de interesse e as condições do mercado de trabalho. Em Economia, diz Matilde, “há mais oferta de trabalho”. A constatação fá-la declarar que vai, “provavelmente”, escolher Economia, apesar de, quando questionada se preferia Artes, responder com um “sim” claro.

Mostra

A Mostra convida as escolas a estarem presentes. É neste contexto que Andreia, de 21 anos, visita o espaço. Na verdade, nem tenciona ir para a faculdade. A frequentar um curso técnico de Apoio Psicossocial, vê o seu caminho ser trilhado noutra formação técnica, a de Serviço Familiar e Comunitário.

Os pais, admite, enquanto observa os expositores da Faculdade de Letras, reagiram “mal”. “Queriam que eu seguisse a faculdade, tirasse mestrado e tudo mais. Diziam que eu tinha de seguir [o Ensino Superior] ou não ia arranjar trabalho, não ia ser ninguém na vida. Mas eu bati o pé que não queria”, conta Andreia. “Chegaram a um ponto que tiveram mesmo de aceitar”, conclui.

A Mostra da Universidade do Porto 2019 decorre até este domingo, dia 7 de abril, no Largo Amor de Perdição, em frente ao Centro Português de Fotografia, até às 19h00.

Artigo editado por César Castro