É preciso um “novo modelo de financiamento” para as instituições de Ensino Superior. O Reitor da Universidade do Porto (UP), António Sousa Pereira, na sua intervenção na sessão de abertura da Convenção Nacional do Ensino Superior 2030, que esta terça-feira teve lugar no Porto, pediu ao Governo que repensasse a forma como financia as universidades e institutos politécnicos. António Sousa Pereira acredita que o paradigma atual não responde às necessidades nem às potencialidades do setor.

Para o Reitor da UP, as barreiras são claras: o quadro atual em que operam as instituições é desfavorável e a legislação instável. Por isso, acredita ser “indispensável” que os decisores políticos acreditem que o investimento no Ensino Superior tem retorno no tecido produtivo, para que a atribuição desse investimento vá de encontro à sua relevância para o desenvolvimento do país.

As universidades são indispensáveis à modernização empresarial que ambicionamos para a nossa economia. Existe, por isso, o risco do processo de valorização do conhecimento não atingir o seu potencial, se se mantiverem os constrangimentos financeiros e burocráticos a que o Ensino Superior tem sido sujeito”, afirmou no decorrer da sua intervenção.

O Reitor acrescentou, ainda, que as verbas europeias para financiar a Investigação & Desenvolvimento e Inovação (I&DI) devem continuar nos futuros programas operacionais regionais, à semelhança do que acontecia no Portugal 2020.

António Sousa Pereira argumenta também que é preciso aproximar as universidades e as empresas: “o país ainda não conseguiu transformar em investimento, riqueza e emprego o potencial quer do seu capital humano, quer do conhecimento científico produzido nos seus centros de investigação”.

No seu entender, estas falhas decorrem sobretudo das fragilidades no tecido empresarial: as empresas ainda não estão equipadas com agentes capazes de estabelecer a ponte entre as universidades e empresas, o que se reflete num número “irrisório” de doutorados a trabalhar nas mesmas.

“Faltam interlocutores válidos para dialogarem com os investigadores no âmbito de projetos de I&D”, acrescenta.

Primeiro-Ministro relembra compromisso do Governo com os centros de investigação

A sessão de abertura contou também com a intervenção do primeiro-ministro António Costa que traçou um cenário mais otimista. No plano da aproximação enre as universidades e as empresas, o governante apontou para o Programa Interface como uma das medidas do Governo mais importantes no contexto do Plano Nacional de Reformas.

Segundo o primeiro-ministro, as atividades de 28 Centros de Interface Tecnológica já foram apoiadas pelo programa com 32 milhões de euros, estando previstos investimentos de mais de 400 milhões. Acrescentou também que até fevereiro foram aprovados “quase 500 projetos de I&D colaborativa, envolvendo cerca de 1000 empresas e quase 650 milhões de investimento previsto”.

A Convenção Nacional do Ensino Superior 2030 teve lugar esta terça-feira na Reitoria da Universidade do Porto, onde se discutiram os objetivos para o futuro do Ensino Superior. Esta foi a terceira sessão, depois de  outras duas realizadas em Lisboa e em Aveiro.

Artigo editado por Filipa Silva