Maria Alberta Menéres, de 88 anos, faleceu esta segunda-feira, em Lisboa, na sua residência. Foi uma escritora destacada do universo infanto-juvenil, jornalista, tradutora e professora de Língua Portuguesa e História do ensino básico e secundário. O funeral realiza-se esta quarta-feira.
Autora e produtora de vários programas televisivos para crianças e jovens, assumiu a direção do Departamento de Programas Infantis e Juvenis da RTP durante 12 anos, de 1974 a 1986.
“A Loja do Mestre André” foi um dos de maior sucesso. O programa, de acordo com o livro que assinalou os 50 anos da RTP, oferecia “duas horas nas tardes dos domingos, bem cheiinhas de rubricas ao gosto e que trouxeram até ao pequeno ecrã nomes como os de Maria do Céu Guerra, Francisco Fanhais, Orlando Costa, Sérgio Godinho, Barata Moura, Carlos Mendes, Paco Bandeira, Ermelinda Duarte, Carlos Alberto Moniz”.
Carlos Alberto Vidal, mais conhecido por “Avô Cantigas”, deu os primeiros passos no mundo infantil nos programas da RTP, há cerca de 38 anos. O músico conheceu Maria Alberta Menéres neste contexto profissional e recorda-a como uma pessoa “dócil, que sorria com um sorriso de mãe” e que “valorizava a pedagogia”.
Carlos Alberto Vidal participou em vários musicais, séries e programas dirigidos por Maria Alberta Menéres e lembra que era a pessoa responsável por melhorar o conceito de todos os programas: “era o olho clínico” dos projetos, disse ao JPN. O apresentador comenta ainda que “com ela tudo era embrulhado em bom ambiente”, transparecendo a boa energia em tudo o que fazia. Para o compositor, Maria Menéres é “uma senhora da cultura, com muito valor, muito conceituada”, admitindo que a sua obra “foi do melhor que se fez.”
Maria Alberta Menéres apresenta um percurso de vida significativo, com várias antologias literárias nacionais e internacionais. Publicou dez obras para leitores adultos e mais 100 livros para crianças. “Ulisses“, a adaptação infanto-juvenil da obra de Homero, uma das mais populares da escritora, registou mais de um milhão de exemplares vendidos. Em 1986, recebeu o Grande Prémio Calouste Gulbenkian de Literatura para Crianças.
Entre 1990 e 1993, foi diretora da revista “Pais & Filhos” e participou em secções da literatura em jornais e revistas, como o “Diário de Notícias”, “Távola Redonda”, “Cadernos do Meio Dia” e o “Diário Popular”.
Até aos dias de hoje, permanece uma campanha solidária criada por Maria Menéres: o “Pirilampo Mágico”, em que foi autora das letras das canções, durante seis anos. Além disso, a autora foi a responsável pela criação das primeiras linhas telefónicas de apoio a crianças e a idosos, em Portugal.
No ano 2010, Maria Alberta Menéres foi galardoada com a Ordem de Mérito Civil no grau de Comendador.
A escritora nasceu a 25 de agosto de 1930 e era natural de Vila Nova de Gaia. As cerimónias fúnebres têm lugar, esta quarta-feira, na Basílica da Estrela, em Lisboa, a partir das 13h00.
Artigo editado por Filipa Silva