Os estudantes universitários “podem ser um grupo de risco para maus hábitos alimentares desadequados e aumento de peso”, conclui o primeiro relatório semestral da Estratégia Integrada para a Promoção da Alimentação Saudável (EIPAS), publicado este mês.
O grupo de trabalho encarregue de avaliar a EIPAS desenvolveu dois relatórios, que reúnem um conjunto de propostas tendo em vista a promoção da alimentação saudável. A melhoria da oferta alimentar no Ensino Superior é um dos objetivos.
“Este período coincide com um período em que os jovens adultos adquirem maior liberdade e independência, começando a serem responsáveis pela escolha, compra e confeção dos alimentos. Deste modo, a promoção de hábitos alimentares adequados nestes grupos da população é de extrema importância”, referem nos documentos, acrescentando que “as instituições do ensino superior ter um papel ativo nesta área.”
A “elaboração de um guia” com “indicações claras” que contribuam para “aproximar produtor e consumidor” nas compras efetuadas pelos serviços alimentares, é uma das medidas apresentadas.
Para Alexandra Bento, Bastonária da Ordem dos Nutricionistas, a intervenção junto da população estudantil também pode passar, por exemplo, pela mudança de produtos existentes quer nas máquinas de venda automática, quer nos bares e cantinas: “para que [os estudantes] possam ter facilidade de acesso a oferta alimentar que seja saudável, e terem dias com melhor rendimento pessoal e melhor saúde presente e futura”, realça.
Alexandra Bento aponta para a necessidade de “haver regras precisas dentro das cantinas universitárias” e de “haver nutricionistas dentro dos Serviços de Ação Social da Universidade do Porto, que assegurem que a oferta alimentar é apelativa, saborosa e saudável”.
A titulo de exemplo, refere ainda que a Universidade do Porto “é pioneira na formação de nutricionistas em Portugal”, sugerindo que a instituição aproveite esse valor enquanto “promotora da cultura alimentar saudável“, para alcançar uma oferta alimentar “saudável, sustentável, apelativa e saborosa”.
Pela sua parte, a Federação Académica do Porto (FAP), que em 2016 apresentou um estudo sobre o grau de satisfação dos alunos com a oferta alimentar das cantinas da academia, ressalva que tem aconselhado os Serviços de Acção Social da Universidade do Porto a procurarem “uma maior diversidade dos produtos que têm para oferta”. João Pedro Videira, presidente da estrutura, acrescenta ainda que a federação tem vindo “a desenvolver algumas ações, para melhorias da qualidade alimentar e nutricional dos estudantes”.
Sara Ferreira, estudante da Faculdade de Letras da Universidade do Porto (FLUP) e vogal da Associação de Estudantes FLUP, considera, ao JPN, que houve alguma evolução nos critérios alimentares da cantina da universidade: “Noto que há mais variedade das ementas, até nos pratos vegetarianos”. No entanto, a estudante considera que a qualidade com que os alimentos são confecionados fica aquém do esperado.
A EIPAS, publicada em “Diário da República” em dezembro de 2017, junta os ministérios da Saúde, Educação, Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, Economia, Administração Interna, Mar e Finanças.
Artigo editado por Filipa Silva