Um manuscrito com a continuação da obra literária “Laranja Mecânica”, de Anthony Burgess, foi encontrado, esta quinta-feira, no meio de uns papéis do autor, que se encontravam na sua antiga casa, perto de Roma.
De acordo com a BBC, a obra intitulada “Clockwork Condition” terá sido escrita entre 1972 ou 1973 e contém cerca de 200 páginas. Trata-se de uma coleção dos pensamentos de Burgess sobre a condição humana e dá desenvolvimento a temas abordados na obra clássica “Laranja Mecânica”, de 1962.
O manuscrito é descrito pelo autor como sendo em parte”uma reflexão filosófica e autobiográfica” e uma importante declaração filosófica sobre a condição humana contemporânea, sublinhando as suas preocupações sobre o efeito da tecnologia, em particular dos media, do cinema e da televisão, na humanidade.
“Clockwork Condition” foi escrito após a polémica em torno da adaptação cinematográfica realizada por Stanley Kubrick de “Laranja Mecânica”, em 1971. O filme acabaria por ser retirado de circulação no Reino Unido a pedido do próprio realizador, após uma onda de violência ter ocorrido na altura, especulando-se se a película seria a impulsionadora de tais atos.
O romance distópico “A Laranja Mecânica” é a obra mais famosa de Anthony Burgess. A ação desenrola-se numa sociedade futurista, de cariz antiutópico, na qual o adolescente Alex DeLarge e o seu gangue de amigos violentos vão cometendo uma série de crimes até o protagonista ser preso e reeducado pelo Estado.
Em declarações ao jornal “The Guardian”, o professor Andrew Biswell, diretor da International Anthony Burgess Foundation, afirmou que esta “notável sequela de ‘A Laranja Mecânica’ ainda não publicada, nos ajuda a compreender melhor o autor, Stanley Kubrick e a controvérsia à volta da conhecia obra”.
“Este manuscrito fornece um contexto sobre o trabalho mais famoso de Anthony Burgess e amplifica as suas ideias sobre crime, punição e os possíveis efeitos corruptores da cultura visual”, conclui.
Artigo editado por Filipa Silva