São vários os acontecimentos do dia a dia que afetam a dinâmica familiar e o sistema dos jovens. Exemplo disso é a quantidade de tempo passado com as tecnologias, a dificuldade em adaptar-se ao sistema escolar, baixa autoestima, timidez, entre outros. O coaching infantojuvenil, método ainda recente em Portugal, pode ajudar e guiar os jovens. Mas como funciona e para que serve? O JPN foi tentar perceber.

“Todas as crianças e jovens têm a ganhar”

O coaching infantojuvenil ajuda a criança e o adolescente a conectar-se com as suas emoções, a expressar-se melhor, a interagir socialmente, a aperfeiçoar talentos ou a alterar comportamentos negativos ou inadequados. Quem o diz são as coaches Inês Sottomayor e Marta Leal que trabalham na área há um e quatro anos, respetivamente. Ambas são detentoras de especializações feitas no estrangeiro onde o coaching infantil e juvenil está muito mais desenvolvido do que em Portugal.

Inês Sottomayor, que apelida o processo como “educação emocional”, recorre a “ferramentas adaptadas à maturidade e ao nível de desenvolvimento neurológico” dos jovens para aplicar o processo.

Mas as coaches (ou mentoras) não são consensuais quanto à idade em que se deve começar a trabalhar, uma vez que o desenvolvimento neurológico em cada fase também não é o mesmo. Se para Inês, o processo infantojuvenil vai dos sete aos 20 anos, para Marta, o coaching na infância pode ser desenvolvido dos quatro até jovens com mais de 13 anos.

Inês Sottomayor trabalha como coach infantil e juvenil há cerca de um ano.

Inês Sottomayor trabalha como coach infantil e juvenil há cerca de um ano. Foto: DR

Antes destas idades, as coaches podem dar apoio aos pais através de sessões de coaching parental, uma vez que o processo auxilia a “saber o que perguntar e como agir em determinadas situações”, esclarece Inês. Já Marta Leal defende que o “coaching na infância pode ser trabalhado de duas formas: a direta “a partir dos quatro anos” e a indireta a partir dos dois anos através dos pais para “ir estimulando a criança”.

Seja como for, “todas as crianças e jovens têm a ganhar”, ainda mais se estiverem “numa situação mais aflita naquele momento”. Por isso, Inês defende a aplicabilidade destes processos nas escolas. “Poderíamos dar ferramentas aos professores para desenvolverem processos de coaching educacional. O nosso sistema de ensino teria muito a ganhar se estas ferramentas fossem utilizadas nas escolas”, acrescenta.

O princípio base é “não haver julgamento qualquer”

Marta Leal é coach na mesma área há cerca de quatro anos

Marta Leal é coach há cerca de quatro anos. Foto: DR

No processo é definido um objetivo específico que será trabalhado ao longo das sessões. As sessões de coaching são uma cooperação entre ambas as partes onde o princípio base é “não haver julgamento qualquer”. “Enquanto coach somos apenas copilotos. Estamos ali para fazer perguntas e para questionar”, adianta Marta Leal.

No coaching não é trabalhado nenhum trauma, uma vez que nem todas as questões são para ser tratadas com esta forma de desenvolvimento. “Se existir uma patologia ou um trauma muito profundo”, deve ser papel do coach aconselhar o cliente a consultar um profissional de psicologia, indica Marta Leal.

É importante, por isso, que o coachee (mentorando) perceba a diferença entre um profissional de coaching e um psicólogo. Se o coach tem como objetivo orientar o cliente para os seus objetivos e incentivar a assumir o controle da sua vida e das suas decisões, o psicólogo concentra-se na introspeção e na análise de modo a resolver questões passadas para criar um futuro mais estável.

Artigo editado por César Castro