Tornar a ciência inclusiva e permitir a troca de conhecimento e a discussão científica através de uma linguagem acessível. É esta a permissa do festival Pint of Science, que começa esta segunda-feira em cinco cidades portuguesas e dura três dias. Em simultâneo com 24 países no Mundo, investigadores de diferentes áreas são convidados a apresentar os seus projetos num ambiente descontraído como um bar.

No Porto, são cinco os espaços que se associaram ao evento. À Cervejaria do Carmo, que se mantém da edição anterior, junta-se este ano a Embaixada do Porto, o Espiga, a Nortada e o Rádio Bar. “O nosso objetivo é crescer a nível nacional para várias cidades. Mesmo a nível do Porto, queremos crescer em número de eventos, pelo menos para sete porque é o número de temas que existem”, perspetiva Xavier Nunes, coordenador do evento no Porto, ao JPN.

Cada sessão custa 2,5 euros e é composta por dois oradores. Por se tratar de uma marca registada, há “algumas diretrizes que não podemos fugir”. Na prática, o valor simbólico cobrado serve para custear a licença bem como publicidade e merchandising.

Porto e Lisboa, as primeiras de copo na mão

Os números da primeira edição em Portugal mostram que a adesão foi significativa. “Em 2018, no Porto, foram à volta de 230, 240 pessoas. Foram 500 no total [das duas cidades – Lisboa e Porto]”, adianta o estudante do Doutoramento em Engenharia Química na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP).

Este ano, o Pint of Science inclui mais três novas cidades: Aveiro, Braga e Bragança. Daqui a um ano, a organização estima que mais localidades estejam incluídas no programa. “Já tivemos propostas e estamos a contar crescer”, assegura.

A par dos estudantes universitários ou investigadores – por norma, a audiência do evento –, persiste também a ideia de que o alvo é, sobretudo, a generalidade da população. “O nosso objetivo é dar a conhecer à comunidade a ciência que é feita no nosso país.” Socorrem-se, por isso, de “investigadores do Porto para o Porto”, no caso da Invicta, para mostrar à população “a investigação que é feita nas nossas universidades e empresas.”

É precisamente a utilização de uma “linguagem mais simples” que permite esse alcance. “Indicamos aos oradores que o nosso público é a população e que a ideia é mostrar-lhes aquilo que fazemos”, explica Xavier Nunes.

Os cinco temas gerais – “Cabecinha Pensadora”, “Com pés e cabeça”, “O Nosso Mundo”, “Ter muita lata” e “Pint’Arte” – “acabam por estar ligados a várias áreas das ciências” como, por exemplo, a psicologia, a medicina, a botânica, a engenharia ou a arte. Já a localização dos espaços permite, por sua vez, às pessoas “comparecer em mais do que uma sessão na mesma noite.”

A identidade do festival

A primeira edição do Pint of Science realizou-se em maio de 2013 em três cidades de Inglaterra – Londres, Cambridge e Oxford – e rapidamente obteve reconhecimento além fronteiras. Em 2019, são centenas as cidades associadas, em todo o planeta, ao festival.

A Portugal, o Pint of Science chegou pelas mãos de Daniela Domingues, neurocientista na Fundação Champalimaud, em Lisboa. “Três anos depois recebi uma reposta” da organização, afirma a ex-aluna do Mestrado Integrado em Bioengenharia da FEUP que coordena a organização do evento em terras lusas.

Quando soube que a amiga estava “à procura de alguém para o Porto” Xavier Nunes, que teve conhecimento do conceito anos antes aquando de uma pesquisa para um trabalho de faculdade, não hesitou em aceder ao convite. Afinal, ele próprio já tinha pensado em trazer o Pint of Science para Portugal. “Não o fiz porque o festival coincidiu com a data em que eu me ia casar, no ano de 2017, e então abortei essa ideia.” Mais tarde, voltaria então a pensar no assunto.

Programação:

Dia 20 de maio:
Embaixada do Porto – Com pés e cabeça na alimentação e prática desportiva (19h30)
Espiga – Regeneração e reabilitação em neurologia (20h30)
Nortada – Ter o direito a respirar bem (20h30)
Cervejaria do Carmo – O nosso Mar: recursos e exploração sustentável (21h30)
Rádio Bar – Reinventar a música (21h30)

Dia 21 de maio:
Embaixada do Porto – Cancro e Alzheimer (19h30)
Espiga – Neuro Engenharia (20h30)
Nortada – Ter um robot na mesa ao lado (20h30)
Cervejaria do Carmo – Desperdício alimentar: o que fazer? (21h30)
Rádio Bar – Psicologia da música (21h30)

Dia 22 de maio:
Embaixada do Porto – Para lá das metodologias “convencionais” (19h30)
Espiga – Música, empatia e pensamento (20h30)
Nortada – Ter num problema a solução (20h30)
Cervejaria do Carmo – Explorar o nosso Mundo (21h30)
Rádio Bar – Arte século XXI: interação humano-computador (21h30)