A escritora portuguesa Agustina Bessa-Luís faleceu esta segunda-feira, no Porto. Tinha 96 anos.

A informação foi avançada, esta manhã, por vários órgãos de comunicação social. A Câmara Municipal do Porto confirmou o óbito numa publicação feita no seu site oficial. Também a Presidência da República já publicou uma mensagem de pesar pelo desaparecimento da autora de “A Sibila”.

As informações disponíveis sobre a causa da morte são ainda inexistentes, mas a autora estava há muitos anos retirada da vida pública. A sua última obra – e Agustina escreveu mais de uma centena de livros – data de 2006, com o romance “A Ronda da Noite”.

Sobre as cerimónias fúnebres, o JPN confirmou junto da Diocese do Porto que o funeral será na Sé do Porto. A informação de que a instituição dispõe no momento é que o corpo chegará à catedral às 10h00 de terça-feira, estando a missa de corpo presente agendada para as 16h00 do mesmo dia, terça-feira.

Agustina Bessa-Luís nasceu em outubro de 1922 em Vila Meã, Amarante. A sua primeira novela, “Mundo Fechado”, data de 1948. Escreveu meia centena de romances, dos quais “A Sibila”, “Fanny Owen” ou “Vale Abraão” serão os mais conhecidos.

Escreveu biografias, peças de teatro, livros infantis e viu várias das suas obras serem adaptadas ao cinema, sobretudo por Manoel de Oliveira, que levou “Vale Abraão” ou “O Princípio da Incerteza” para o grande ecrã.

Venceu múltiplos prémios, do Prémio Eça de Queiroz, em 1954, ao Prémio Camões, em 2004. Tinha, na altura, 81 anos. Foi ainda alvo de várias condecorações oficiais, a última das quais, de 2006, a Grã-Cruz da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada.

Recebeu ainda o doutoramento honoris causa pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto, em março de 2005. O título foi atribuído na mesma cerimónia ao poeta Eugénio de Andrade, que viria a falecer uns meses mais tarde, a 13 de junho desse ano.

Uma escritora “inovadora e singular”

Isabel Pires de Lima, ex-ministra da Cultura e professora da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, já não estava “há algum tempo” com a escritora, mas não tem dúvidas sobre o seu legado: “Ela é das escritoras fundamentais da segunda metade do século XX. É certamente uma das romancistas que ficará para a posteridade, com uma obra vastíssima, que tocou quase todos os géneros literários, desde a biografia ao teatro à crónica ao conto”, diz ao JPN.

É no romance que Agustina mais se destacou. Sobre este, a especialista em Eça de Queiroz observa que se trata de “um romance muito centrado, do ponto de vista do imaginário, no Norte, no Porto, com, digamos, uma atmosfera muito ligada também, do ponto de vista das personagens, ao drama da incomunicabilidade entre os seres humanos. É realmente um romance que convoca muito os mundos fechados”, refere numa alusão ao romance de estreia da autora.

“É realmente uma autora extremamente inovadora e singular”, conclui. Como gostaria Agustina de ser recordada? “Como uma grande inventora de histórias, não tenho dúvidas nenhuma, convocando a ficção para compreender o mundo”, remata Isabel Pires de Lima.

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