Dino D’Santiago
Quando: Quinta-feira, 6 de junho, 17h00
Onde: Palco Super Bock

Dino D’Santiago começou por dar nas vistas em 2003, depois de participar num concurso de talentos português. Mas, mais de uma década depois, prova que a sua visão extravasa qualquer caixa (mágica ou não) que esteja à sua volta. O resultado está no seu último álbum de estúdio, que procura uma identidade transcontinental – muito como o seu intérprete. Ao som cabo-verdiano do batuque ou do funaná, junta-se um fio eletrónico embalado por uma voz metodicamente R&B; um verdadeiro pulsar do novo mundo crioulo.

Um conjunto de pedaços de Dino (ou Claudino, o seu nome real), que unem passado, presente e futuro e gritam pelo mundo que mescla em temas polidos de contemporaneidade, de uma jovialidade melancólica. Este é o Admirável Mundu Nobô de Santiago e queremos lá estar para o celebrar sem limites. Por Tiago Serra Cunha

Men I Trust
Quando: Quinta-feira, 6 de maio, 18h50
Onde: Palco Super Bock

Os Men I Trust são liberdade em forma de notas musicais. Como isto é possível? Não sabemos. Com belas sequências de guitarra, um baixo com excelente presença e uma bateria despreocupada, o grupo consegue criar uma atmosfera sonhadora em todas e quaisquer circunstâncias.

Oriundos de Montreal, estes apaixonados pelo indie mantém um estilo muito característico. O gosto que têm por fazer música transparece em cada riff e em cada palavra. Fiéis a si próprios e a tudo o que representam, trabalham em modo lo-fi. Escrevem, compõem, gravam e produzem todas as suas faixas, ao mesmo tempo que constroem todos os seus videoclipes.

O Primavera é conhecido por permitir a descoberta de novos artistas e novas sonoridades. Várias dos nomes que por aqui passaram, passaram despercebidos e, entretanto, tornaram-se figuras destacadas no seu meio. Os Men I Trust são um exemplo de boa curadoria. Esta não será, certamente, a última vez que ouviremos falar deles. Está prevista chuva para hoje, mas os canadianos trazem consigo calor e alegria, e vão proporcionar ao público um belíssimo pôr do sol (se sol houver, o que não está previsto), no que será o último concerto da sua tour europeia. Por Sofia Matos Silva

Christina Rosenvinge
Quando: Quinta-feira, 6 de junho, 17h50
Onde: Palco NOS

Não é que Christina seja uma estreante nestas lides, mesmo que, ao olhar de longe, pareça bastante jovem. Anda pelo mundo musical desde os gloriosos ‘90 do século passado (podemos ir mais atrás se considerarmos a sua passagem por várias bandas antes da carreira a solo) e não é por nada que, ao auge dos seus 55 anos, tem a honra de abrir o palco principal do Primavera; aliás, é por tudo.

Entre os seus 13 álbuns de estúdio, destaca-se a voz cristalina, um castelhano de sotaque peculiar, realçado pela sonoridade determinada, sensual e, mesmo assim, inocente. Pode chover neste primeiro dia de festival, mas os pássaros cantam no Parque da Cidade. Cuando acabe el mundo, que se acabe así. Por Tiago Serra Cunha

ProfJam
Quando: Sexta-feira, 7 de junho, 17h00
Onde: Palco Super Bock

Não que a expertise crítica musical seja a minha cena, mas este álbum (“#FFFFFF”) – com nome de código altamente impronunciável, mas reconhecível – é capaz de aguçar o nosso mais sórdido apetite musical quanto mais não seja porque Mário Cotrim, vulgo ProfJam, demorou, imagine-se, dez anos a reunir condições para lançá-lo. Talvez, por isso, seja importante perceber se estamos equivocados, antes de cultivarmos certos ceticismos contra eventuais “doses industriais de auto-tune” ou “batidas graves de trap”.

O primeiro disco de ProfJam representa a chegada de uma nova geração do hip hop nacional, que existe além dos beefs. Não me parece, no entanto, que o músico queira ficar para sempre no seu banco de jardim, na brecha que agora preencheu, esperando-se, naturalmente, que queira atingir voos maiores. Contudo, ao “Observador”, ProfJam já adiantara que é bom quando os festivais não atiram os artistas logo aos lobos e sim quando estes se tornam, em primeiro lugar, em tubos de ensaio para os músicos atingirem grandes palcos. “À Vontade”, Prof, à vontade! Por César Castro

Helena Hauff
Quando: Sábado, 04h30
Onde: Palco Primavera Bits

Para o povo mais afeto à dance music há razões de ordem vária para passar este ano pelo Parque da Cidade do Porto. Logo no primeiro dia, a sul-coreana Peggy Gou – verdadeiro êxito na cabine, no Insta e no design de moda – vai pôr corpos a mexer ao som do seu house enérgico, sexy e cheio de groove.

No dia seguinte, é a nova estrela do techno, a alemã Helena Hauff, a fechar a pista da segunda noite do Primavera (madrugada de sexta para sábado). A DJ natural de Hamburgo que um dia confessou querer destruir a sociedade – e por isso optou, muito naturalmente, por deixar os estudos e se tornar uma DJ – anda na berra, sobretudo depois de “Qualm”, segundo álbum lançado no ano passado. Não é leve, nem discreto. É tecnho áspero, a roçar (só mesmo a roçar) o industrial. Um set cheio personalidade é o que se espera. Vinte e quatro horas depois de Helena, será a vez de outra “musa” do Djing atual: a russa Nina Kraviz a quem caberá a honra de encerrar o festival. Por Filipa Silva

Hop Along
Quando: Sábado, 8 de maio, 17h45
Onde: Palco NOS

Para quem está habituado a encontrar nas letras pequenas dos cartazes as suas razões para atingir a felicidade, este é um dos nomes que mais terá disparado ritmos cardíacos. Os Hop Along flutuam por entre o indie e o folk, numa dança que faz jus ao nome da banda. “Get Disowned” é o título do LP que lhes garantiu uma quantidade sólida de fãs. Entretanto, já editaram “Painted Shut” e “Bark Your Head Off, Dog”.

A sua presença no Primavera será marcada pelas melodias bem-dispostas, entrecortadas por momentos mais sentimentais. A abrir o palco principal no último dia do festival, o melhor a fazer será sentar-se na relva a bater o pézinho e deixar-se levar por esta brisa sonora para cima das nuvens. Por Sofia Matos Silva

Lucy Dacus
Quando: Sábado, 8 de maio, 18h50
Onde: Palco Super Bock

Esta jovem americana é uma das pérolas atuais do universo do indie rock. Está no ativo há apenas quatro anos, mas já deu provas de que veio para ficar. Senhora de uma voz que traz à superfície todas as emoções que habitam as profundezas da alma, traz na bagagem para territórios portuenses as suas canções melodicamente perfeitas.

No ano passado, aliou-se a duas das outras grandes pérolas do indie, Julien Baker e Phoebe Bridgers, para formar o supergrupo boygenius. No entanto, não é de esperar que toque alguma das músicas do EP do trio, dado que Lucy apenas tem apresentado as músicas a solo. Na setlist constarão músicas dos dois trabalhos da artista, “No Burden” (2016) e “Historian” (2018), assim como a sua interpretação do clássico “La Vie En Rose”, o primeiro de uma série de singles comemorativos, que serão tornados públicos ao longo do ano.  Por Sofia Matos Silva

Big Thief
Quando: Sábado, 8 de maio, 19h15
Onde: Palco SEAT

Estes grandes ladrões são apenas culpados de roubar corações. Caraterizando-se por ritmos de guitarra vincados e letras meticulosamente estruturadas, não deixam ninguém indiferente. Já são conhecidos do público português. Ainda no verão passado estiveram em Paredes de Coura, no outro grande festival promovido pela RITMOS.

Há quem diga que a música tem a capacidade de nos despir de todas as máscaras e muros por trás dos quais nos escondemos. Os trabalhos dos Big Thief são um bom exemplo desta vulnerabilidade emotiva – tanto dos próprios como do público. Dentro e fora do palco canta-se, chora-se e viaja-se pelos cantos mais recônditos da memória e do ser. De momento, estão a promover o seu mais recente trabalho. “U.F.O.F.” é o terceiro disco do grupo, que tem apenas um mês de vida. As letras são todas da autoria da vocalista, Adrianne Lenker. Por Sofia Matos Silva

Snail Mail
Quando: Sábado, 8 de maio, 20h30
Onde: Palco Pull & Bear

Algo nos diz que o momento será de boa memória. Quando o sol cair e Lindsey Jordan subir ao palco, ela vai, provavelmente, parecer pequena (tem 19 anos, a pequena!) A voz melada, cândida, parecerá mais saída de um quarto do que de um palco. A guitarra, simples, de acordes limpos, estará lá como extensão dessa intimidade. Uma quase inocência. A beleza da americana é essa. Emocional. Para quem palmilhou a adolescência nos anos 90 há qualquer coisa de deja vu na música de Snail Mail.

“Lush”, cujo lançamento faz exatamente um ano no dia do concerto, é o primeira longa duração da artista. Nele vive uma nostalgia com saudades do futuro. Parece que já foi, mas só agora começa a ser. Longa vida à doce melancolia de Snail Mail! Por Filipa Silva